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Museus com Realidade Virtual são mais atrativos para o público, segundo pesquisa
Exposição do Reator Argonauta dentro da Cidade Virtual da Ciência. Foto: LabRV/IEN
A Realidade Virtual está mudando o comportamento de quem costuma frequentar museus e galerias em todo o mundo. É o que aponta uma pesquisa feita pelo projeto Museus no Metaverso (MiM), gerenciado pela Universidade de Glasgow, na Escócia. Das mais de 2 mil pessoas entrevistadas ao redor do mundo, 79% expressaram interesse em usar essa tecnologia para acessar coleções que, atualmente, estão indisponíveis para o público.
A mesma pesquisa revelou ainda que 96% das pessoas estão familiarizadas com a realidade virtual e 55% delas já se envolveram de alguma forma com essa tecnologia, capaz de proporcionar uma interação totalmente imersiva do visitante a um ambiente museológico:
“Nossa pesquisa revela um claro apetite por experiências digitais imersivas, com pessoas ansiosas para interagir com artefatos culturais de maneiras novas e emocionantes. Essa mudança nas expectativas do público já é visível na crescente popularidade dos espaços culturais de realidade virtual globalmente, e nossas descobertas em Glasgow estão ajudando a traçar um curso sobre como os museus podem abraçar esse futuro digital”, informou Murray Pittock, pró-vice-diretor de projetos especiais na Universidade de Glasgow e coautor do relatório.
O projeto Museus no Metaverso ficou à frente da criação de uma exposição virtual para a própria Glasgow, inaugurada em dezembro de 2024, em comemoração aos 200 anos de nascimento do físico e matemático britânico William Thomson (conhecido também como Lord Kelvin), que se destacou nas ciências físicas por desenvolver a escala Kelvin de temperatura absoluta.
Essa exposição apresenta uma série de instrumentos científicos e artefatos que foram cuidadosamente digitalizados e exibidos em uma recriação digital de um laboratório típico da Universidade de Glasgow do século XIX, construído a partir de fotos antigas da instituição.
Outros museus ao redor do planeta também se apropriaram da realidade virtual para aproximar o público dos seus acervos, de forma mais interativa e imersiva. O Museu Nacional de História Natural, em Washington D.C., capital dos Estados Unidos, criou um conjunto de tours online do museu, de áreas selecionadas nas estações de suporte e pesquisa de satélite e até mesmo de exibições que já não existem atualmente, sendo navegável por meio de um mapa na tela ou setas interativas no chão.
Já o Museu Britânico, em 2017, fez uma parceria com o desenvolvedor de conteúdo VR Boulevard para permitir aos usuários não só visualizarem como também tocarem em 48 artefatos da coleção do museu, algo impensável em um contexto físico. O museu também possibilitou a experiência virtual de apreciar, de forma mais nítida e real, pinturas clássicas, como fizeram com a obra “Jardim das Delícias Terrenas”, de Hieronymus Bosch.
Cidade da Ciência e Museu do Conhecimento Nuclear fazem parte dessa tendência tecnológica
Apesar dos exemplos citados acima de museus e instituições acadêmicas que lançam mão da realidade virtual para aproximar o público de seus acervos, ainda são poucas as que levam a uma visitação remota. Desta forma, os projetos elaborados pelo Laboratório de Realidade Virtual do Instituto de Engenharia Nuclear (LabRV/IEN), como a Cidade Virtual da Ciência, acabam se destacando pela inovação e por se anteciparem a uma tendência tecnológica presente a partir da última década. Vale reforçar que o LabRV foi criado pelo IEN/CNEN em 2005.
Atualmente, existe uma exposição virtual que conta a história do Reator Argonauta dentro dessa cidade, que está com a sua versão concluída, após à criação de quatro novas salas de visitação.
E em breve, o LabRV/IEN irá criar o Museu Virtual do Conhecimento Nuclear (MCNuc), que obteve no fim do ano passado a nota máxima em um edital lançado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), dedicado à recuperação e preservação de acervos históricos.
De acordo com o Dr. Eugenio Rangel Marins, tecnologista que, junto com o Dr. Antônio Carlos Mól, coordena o Laboratório de Realidade Virtual do IEN/CNEN, foi feita uma pesquisa sobre outros museus que utilizam a realidade virtual, antes do projeto de criação do MCNuc, e identificou-se que só existiam visitações com fotografias esféricas, que não permitiam uma experiência imersiva, como ocorre na Cidade Virtual da Ciência.
Eugenio Marins informou ainda que o LabRV/IEN está em negociações com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e com o Laboratório de Nacional de Computação Científica (LNCC) para assinarem um acordo de cooperação, para que ambas instituições possam ter seus edifícios construídos na Cidade Virtual da Ciência. A iniciativa reforça o objetivo do projeto, caracterizado como um hub científico, que funciona como espaço de divulgação de pesquisas e trabalhos de outros órgãos da área.
Já em relação ao Museu Virtual do Conhecimento Nuclear, há a expectativa de que ele também seja integrado ao ambiente da Cidade Virtual da Ciência, a fim de ser mais um elemento de conexão entre público e conhecimento científico.
ACESSE A CIDADE VIRTUAL DA CIÊNCIA
Escrita por: José Lucas Brito

