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INOVAÇÃO PIONEIRA
Equipe do IEN/CNEN e ATOMUM fazem inspeção inédita em plataforma offshore da Petrobras empregando a tecnologia de radiotraçadores
Profissional da Equipe de Trabalho IEN/CNEN e ATOMUM realizando uma inspeção em uma plataforma de petróleo. Foto: Petrobras
Pela primeira vez no Brasil, foi finalizado com sucesso uma inspeção em um permutador de calor de circuito impresso (gás-água), localizado em uma plataforma de petróleo offshore da Petrobras, através de uma tecnologia utilizando radiotraçadores.
Trata-se de uma técnica inovadora desenvolvida por um projeto de P&D, fruto da parceria entre Petrobras, Instituto de Engenharia Nuclear (IEN/CNEN) e a empresa privada ATOMUM. Como um dos desdobramentos desse projeto, foi registrada uma patente, tanto nacional quanto internacional, referente a uma bomba injetora de radiotraçador desenvolvida em conjunto pelas três instituições.
Ineditismo nacional e possível pioneirismo na América Latina
Essa foi a primeira vez no país em que uma inspeção com radiotraçadores foi realizada em um ambiente offshore (afastado da costa). Durante a fase de pesquisa, a equipe revisou extensamente bases de dados técnicas e científicas, sem encontrar registros de aplicação semelhante em plataformas de petróleo na América Latina.
Segundo o coordenador do projeto e pesquisador do IEN/CNEN, Luis Eduardo Brandão, esse marco é resultado do trabalho coletivo de todos os envolvidos — desde os primeiros testes em sistemas de baixa pressão no LATER/IEN (Laboratório de Radiotraçadores) até a execução bem-sucedida da inspeção na plataforma.
Inovações para ambientes desafiadores
Para viabilizar a aplicação da técnica em uma plataforma offshore, ambiente caracterizado por limitações severas de espaço e segurança, diversas inovações foram necessárias. Entre elas, destacam-se dispositivos especialmente projetados para transportar fontes de radiotraçador com segurança e um injetor capaz de introduzir o traçador em equipamentos operando sob alta pressão.
“O conjunto de permutadores de calor inspecionado opera a temperaturas superiores a 100 °C e sob altas pressões. As soluções desenvolvidas pelo projeto garantiram a segurança exigida para operações offshore. A técnica pode ser empregada não apenas em permutadores de calor, mas em qualquer equipamento que opere até 150 bar”, explicou Brandão.
Ele também ressaltou que o sucesso do projeto reforça a importância da colaboração entre instituições públicas de ciência e tecnologia (ICTs) e empresas privadas. “Este resultado é fruto de cinco anos de pesquisa contínua e cooperação”, afirmou.
Benefícios operacionais e ambientais
Os engenheiros nucleares da ATOMUM, Eduardo Archanjo e Vinicius Silva, destacaram que a empresa já possui expertise consolidada no uso de radiotraçadores em diferentes plantas industriais, como gasodutos e tanques de tratamento de efluentes, e que a técnica é segura, precisa e não requer parada operacional.
Além disso, o método não gera contaminação química ou radiológica nos equipamentos nem no meio ambiente, sendo ideal para inspeções em instalações ativas. Por utilizar fontes de baixa atividade, a técnica não exige grandes áreas de isolamento e não representa risco de exposição para os trabalhadores embarcados.
“Validar a técnica e toda a logística do processo em campo, com o equipamento operando sob alta pressão, foi fundamental”, afirmou Archanjo. Ele destacou também que a aplicabilidade dessa técnica evita a necessidade de parada da plataforma para manutenção, prevenindo prejuízos significativos à produção, o que torna a tecnologia ainda mais atrativa para o setor.
Novas frentes de atuação
Diante do sucesso da operação, as equipes do IEN/CNEN e da ATOMUM já discutem um segundo projeto, com maior investimento, voltado ao desenvolvimento de novos radiotraçadores e metodologias específicas para a indústria de Óleo e Gás.
Atualmente, a empresa ATOMUM está voltada ao setor de óleo e gás natural, prestando serviços na área de análise de perfil de escoamento em dutos, localização de pontos de obstrução, micro vazamentos e aferição de medidores de vazão instalados em gasodutos de grande porte.
No entanto, conforme explica o engenheiro Eduardo Archanjo, a expertise acumulada já permite a expansão para outros segmentos industriais, como cimenteiro, farmacêutico, alimentício e de tratamento de água potável.
“Nosso time comercial já está em contato com esses outros setores industriais, buscando novas parcerias para expandir o uso dessa tecnologia, e a nossa próxima meta é desenvolver um novo injetor de radiotraçador, capaz de operar em unidades industriais com pressões de até 600 bar, ampliando ainda mais o alcance da tecnologia para diferentes condições e mercados”, afirma Júlio Dualibi, sócio administrador da ATOMUM.
Escrita por: José Lucas Brito (Setcos/IEN)
