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Governo digital
Semana de Inovação 2020 começa a debater avanços que os governos devem empreender
Ao apostar no gov.br como o Estado em uma plataforma ao alcance da população, o governo federal preparou o caminho para a popularização dos serviços públicos digitais. Sob essa perspectiva, a Semana de Inovação 2020 – iniciada na segunda-feira (16/11) e que segue até quinta (19/11), com 200 horas de programação – já traz novas reflexões sobre o tema. No primeiro dia do evento, o irlandês Tim O'Reilly exaltou o desempenho da transformação digital brasileira, que ultrapassou ainda em outubro a meta de mil serviços digitalizados no biênio 2019-2020.
"Eu vejo que o Brasil está bem no ranking, em termos de governo digital, na América do Sul. Também está bem posicionado no mundo e isso é fantástico! À medida em que avançamos no século 21, há muito em jogo para os governos. Acredito que realmente temos de começar a adotar uma nova abordagem para desenvolver e medir a eficiência dos sistemas", afirmou no painel “Bem-vindo(a) ao Século 21: como se preparar para o futuro pós-Covid 19”, moderado pelo secretário de Governo Digital do Ministério da Economia, Luis Felipe Monteiro.
O'Reilly é um entusiasta do software e códigos livres, e um dos pensadores mais aguardados desta Semana de Inovação, que tem como tema central “(Re) Imaginar e Construir Futuros”.
"Como um governo de fato opera? Se você começar a compreender que existem analogias entre o modo como os governos regulam a economia – com política fiscal, com os bancos centrais – e como o Google e o Facebook, por exemplo, regulam sua plataforma – com algoritmos –, aí você começa a questionar: como é que modernizamos isso? Como melhoramos para nos tornarmos, em tempo real, mais focados nos resultados que teremos enquanto sociedade?” discorreu O'Reilly. "Há muito assunto sendo debatido na academia, no setor privado, casos nos quais podemos utilizar dados e inteligência artificial para melhorarmos os processos. Podemos abordar, por exemplo, cidades inteligentes, as grandes mudanças que impactam na política de migrações e nos movimentos populacionais, o tipo de desafios que temos. Como pensamos o futuro? O futuro vai mudar bastante o que fazemos e as mudanças que empreendemos", anteviu.
Governo como plataforma
No Brasil, a meta definida na Estratégia de Governo Digital, lançada em abril deste ano, é digitalizar 100% dos serviços do governo federal até o final de 2022. O gov.br foi lançado em agosto do ano passado e, hoje, reúne 81 portais do governo. No último mês, mais de 20 milhões de diferentes usuários o acessaram.
"Nós temos seguido o conceito de governo como plataforma. Há uma década, O'Reilly já nos incitava a trabalhar com sistemas operacionais, acompanhar o que estavam fazendo os líderes do setor privado e a sermos fornecedores de infraestrutura tecnológica à sociedade", ressaltou o secretário Luis Felipe Monteiro. "Aqui no Brasil, estabelecemos a plataforma gov.br, que hoje tem 3,9 mil serviços públicos do governo federal integrando estados e municípios, com 63% dos serviços já digitalizados. Poupamos para o cidadão 150 milhões de horas de burocracia por ano.
A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) – grupo formado por algumas das nações mais desenvolvidas do mundo – classificou o Brasil na 16º posição em seu Índice de Governo Digital. O Brasil ficou acima da média dos países da OCDE e superou nações como Alemanha, Estônia, Países Baixos, Áustria e Irlanda.
Já na pesquisa ONU Governo Eletrônico 2020, o Brasil subiu duas posições e agora é o 20º entre 193 nações no Índice de Serviços Online (OSI). O país avançou para o nível “muito alto” de desenvolvimento de governo eletrônico e é o primeiro colocado nesse quesito na América do Sul e o segundo nas Américas, à frente de países como Canadá, Chile e Uruguai e atrás somente dos Estados Unidos.
Identidade digital
Os debates sobre o esforço prioritário na transformação digital do governo brasileiro, a identidade digital, têm sequencia nesta quarta-feira (18/11), das 14h às 15h50, no painel “Trilhas temáticas: ‘Identidade Digital: tudo o que você precisa saber’”. Monteiro é um dos participantes, como moderador, do debate que tem também as participações de Brandon Murdoch (Microsoft), Celina Bottino (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio/ITS Rio), Diego Ribeiro (Serviço Federal de Processamento de Dados/Serpro), João Paulo Rocha (IBM Brasil) e Rodrigo Solon (Oracle).
O painel apresenta o conceito de identidade digital e aborda os requisitos necessários para a universalização de um sistema de identificação digital simples, seguro e desburocratizado no país. Também aborda os benefícios sociais e econômicos que seriam possibilitados por essa universalização.
A Semana de Inovação é uma realização do Ministério da Economia, da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso). A entrada na cidade virtual organizada este ano para o evento é gratuita. Para participar, é só acessar: semanadeinovacao.enap.gov.br e se inscrever.