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ASSISTÊNCIA À SAÚDE
HUSM será único hospital da região a ofertar teste do suor para diagnóstico de Fibrose Cística pelo SUS
A fibrose cística é uma doença genética caracterizada pelo mau funcionamento do transporte dos íons de cloro e sódio por meio das membranas celulares. O paciente produz um muco espesso, principalmente nos pulmões e no pâncreas, que afeta o aparelho respiratório e os sistemas gastrointestinal e reprodutor.
Conhecida popularmente como a "doença do beijo salgado", por apresentar altas quantidades de cloro e sódio no suor, a fibrose cística é uma doença crônica e depende de um diagnóstico precoce para garantir uma melhor qualidade de vida ao paciente.
No mês de setembro, o Ambulatório de Pediatria do Hospital Universitário de Santa Maria adquiriu um equipamento para realizar o teste de condutividade do suor nas crianças. O teste é indolor, rápido e pode ser realizado após as primeiras 48h de vida.
De acordo com a pneumopediatra do HUSM, Letícia Correa de Barros, a doença é mais frequente em pessoas da raça caucasiana (um para cada 2,5 mil recém-nascidos). Para que essa criança consiga se desenvolver com mais qualidade de vida, o diagnóstico precoce é fundamental. Porém, no interior do Estado não havia hospitais públicos que realizassem o teste.
- Sem esse aparelho a gente estava perdendo muitos pacientes, porque o diagnóstico tardio significa aumento de mortalidade. Até agora, quando o teste do pezinho dava alterado para fibrose cística, nós encaminhávamos a família para fazer o teste para fibrose cística em Porto Alegre, porque não tinha como fazer aqui. Com o aparelho, vamos evitar esse deslocamento da família – afirma a médica.
O exame será ofertado para pacientes atendidos no Ambulatório de Pediatria do hospital. Não será para atender demanda espontânea. Isso significa que os médicos que atendem a crianças, caso suspeitem da doença, irão solicitar o teste do suor para auxiliar no diagnóstico.
O aparelho custou R$ 25,2 mil e será o único a realizar o teste da condutividade do suor pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na Região Central do Estado.
Como é realizado o teste –
O teste é feito na presença da mãe, no Ambulatório de Pediatria. A criança fica deitada ou sentada e, durante 5 minutos, são colocados eletrodos no antebraço, que estimulam o suor. Na sequencia, um pequeno aparelho coleta essas gotículas de suor, que são acondicionadas em um frasco. A ele é adicionado um corante azul. A amostra é encaminhada para o Laboratório de Análises Clínicas do HUSM que realiza o exame.
O corante tem como objetivo facilitar a visualização no momento da aspersão do suor para dentro do aparelho Sweat Check – que fará análise da condutividade elétrica do suor. Após o equipamento ser ligado e calibrado - para garantir o controle de qualidade -, o micro frasco é aberto. Com a ajuda de uma seringa, o líquido é aspirado por micro canaletas que levam a amostra para dentro do equipamento. Em questão de segundos, a máquina mostra na tela o resultado.
- Testes de condutividade do suor com resultados superiores a 80 milimoles por litro, associados a quadro clínico característico, indicam alta probabilidade da doença – explica Michele Kaefer, farmacêutica bioquímica do Laboratório de Análises Clínicas do HUSM.
O laudo informatizado é encaminhado para a médica em até 15 minutos.
Pais fiquem atentos aos sintomas
A pneumopediatra Letícia Correa de Barros pede para que os pais fiquem atentos a sintomas como diarreia crônica, dificuldade para ganhar peso, tosse com secreção e peito chiando.
- A doença atinge o aparelho respiratório, o fígado, o pâncreas. Como consequência, a criança tem má absorção de nutrientes, o que afeta seu desenvolvimento físico.
O tratamento é feito a base de antibióticos, terapia nutricional e fisioterapia para evitar infecção, desnutrição e retardar a progressão da doença.