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CONSCIENTIZAÇÃO
Lúpus: mulheres em fase reprodutiva são mais acometidas pela doença
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), ou apenas lúpus, é uma doença reumatológica autoimune, crônica, inflamatória e de causa não conhecida. A maioria dos pacientes são mulheres na faixa mais produtiva da vida, de 20 a 45 anos. A proporção é de 9 mulheres para 1 homem diagnosticado. De acordo com o Ministério da Saúde, dentre as mais de 80 doenças autoimunes conhecidas atualmente, o lúpus é uma das mais graves e importantes.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito para a população e exemplo disso são as unidades hospitalares vinculadas à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Nelas, especialistas estão preparados para contribuir com a qualidade de vida dos pacientes e oferecer uma assistência humanizada e qualificada.
Diagnóstico precoce faz a diferença
Especialista afirmam que é fundamental identificar a doença de forma precoce para que seja realizado o tratamento imediato e sejam evitadas as complicações mais sérias. Exemplos de possíveis repercussões da doença são: problema no rim, que se não for tratado pode evoluir para insuficiência renal, precisando de diálise e até mesmo transplante, envolvimento do sistema nervoso central e até da parte hematológica, com a queda de plaquetas com sangramento, que pode ameaçar a vida do paciente.
A reumatologista do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), Andressa Miozzo, explica que conscientizar as pessoas sobre essa doença é importante para que ela seja lembrada e assim, poder encurtar a jornada do paciente para o início do tratamento.
Mesmo não tendo cura específica, o lúpus tem um controle que permite uma qualidade de vida muito boa. A doença é multissistêmica, ou seja, atinge vários órgãos e sistemas. Por isso, é fundamental que o profissional fique atento a todos os sintomas presentes. Quando, por exemplo, um médico atende uma mulher jovem, com febre, com manchas na pele sensíveis ao sol, dor articular, alterações nos exames de sangue, precisa pensar nessa doença e solicitar os exames que definem o diagnóstico, que é a pesquisa de anticorpos específicos para o lúpus.
O exame chamado anticorpo ou fator antinuclear é positivo na grande maioria dos pacientes com LES, sendo importante para identificar a doença. Lúpus tem um fundo imunológico, onde o paciente passa a produzir anticorpos contra as suas próprias células e proteínas, por isso é chamada de doença autoimune. Mas, mesmo não tendo uma causa reconhecida ainda, alguns pontos influenciam o desenvolvimento da doença nas pessoas que já nascem com predisposição genética, como por exemplo, o papel hormonal.
O estrógeno tem uma ação importante e, por isso, a doença é muito mais frequente na mulher do que no homem. Há também o fenômeno ambiental: quando a pessoa tem lúpus e se expõe ao sol, piora muito o quadro clínico. E ainda o fator genético, pois, embora não haja transmissão direta de mãe para filho, se há um caso de lúpus na família, a chance de aparecer outro caso em parentes de primeiro grau é de aproximadamente um em 20.
Sintomas podem se manifestar rapidamente ou de forma progressiva
Os sintomas da doença são os mais diversos, podendo acontecer de forma rápida, em semanas, ou de forma progressiva, em meses ou anos, e podem se manifestar simultaneamente. E há momentos em que o paciente está em fase de atividade da doença e outros que está em remissão. Entre as manifestações clínicas, as mais frequentes são as lesões de pele, que, em 80% dos casos, podem estar presentes ao longo da evolução da enfermidade, além das manifestações mais graves já citadas.
Com tratamento adequado é possível ter qualidade de vida
Cada paciente deve ter seu tratamento individualizado e acompanhado de forma regular. “Ele se baseia na manifestação da doença no indivíduo. Atualmente, temos diversos imunomoduladores, imunossupressores e imunobiológicos que podem ser utilizados, a depender da forma com que a doença se apresenta”, comenta a reumatologista Andressa.
Ela reforçou que, além da parte medicamentosa, os pacientes devem evitar a exposição ao sol e o consumo de álcool ou cigarro. Devem praticar atividade física regularmente, conforme orientação específica do médico, e ter bons hábitos alimentares. “Em muitos casos, com o tratamento adequado, os pacientes podem viver normalmente, sem interferência na sua qualidade de vida”, afirma.
O HU-UFSC é referência para todo o estado. Tem ambulatórios específicos para o tratamento e acompanhamento destes pacientes, inclusive, com apoio de outras especialidades, a exemplo da Dermatologia, para uma abordagem completa.
Data comemorativa
O Dia Internacional de Atenção à Pessoa com Lúpus ou o Dia Mundial do Lúpus é comemorado anualmente em 10 de maio. A data foi criada para orientar a população sobre a doença e esclarecer diversos aspectos importantes.
Rede Ebserh
O HU-UFSC faz parte da Rede Ebserh desde março de 2016. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.