HU-UFSC inicia tratamento com Cetamina para pacientes que apresentam Transtorno Depressivo Resistente

A partir de um projeto que começou a ser estruturado ainda em novembro de 2022, a Unidade de Saúde Mental do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), está implantando o Ambulatório de Infusão de Cetamina, um tratamento eficaz para casos de pessoas com Transtorno Depressivo Resistente (TDR).

A cetamina é um medicamento utilizado como anestésico cirúrgico desde a década de 1960, mas sua utilização no tratamento de quadros de depressão refratária começou a ser pesquisada há cerca de 20 anos. No Brasil, o tratamento com cetamina é ofertado em grande número de clínicas particulares, mas, até agora, apenas dois centros médicos vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS) pesquisavam e trabalhavam com a cetamina para combate à depressão: o Hospital Universitário da Universidade Federal  de São Paulo (HU-Unifesp) e o Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA), que, assim como o HU-UFSC, integra a Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh).

Estão à frente do projeto os médicos Valéria Pereira Silva, Ricardo Guarnieri, Matheus Souza Steglich, Frederico Fernandes Moreira e o chefe da Unidade de Saúde Mental do HU-UFSC, Deidvid de Abreu.

De acordo com o chefe da Unidade de Saúde Mental do HU-UFSC, Deidvid de Abreu, um grande diferencial da cetamina em relação a outras medicações é o efeito rápido, com impacto nos sintomas em poucas horas. “Em Santa Catarina, até o momento, o tratamento com infusão de cetamina não estava disponível no SUS. Com a criação deste ambulatório pretende-se ampliar as opções de tratamento oferecidas pelo sistema público de saúde, possibilitando o acesso dos pacientes a uma intervenção mais rápida, eficaz, segura e de qualidade para casos graves de depressão”, afirma.

Ambulatório

A médica psiquiatra Valéria Pereira Silva, que integra a equipe do novo Ambulatório, explica que o projeto prevê, inicialmente, capacidade de atendimento para quatro pacientes a cada dois meses, considerando que o protocolo adotado é o tratamento pelo período de oito a 12 semanas, com a aplicação do medicamento de uma a duas vezes por semana. O atendimento ao primeiro paciente teve início na segunda quinzena de outubro.

O acesso ao atendimento no Ambulatório de Infusão de Cetamina do HU-UFSC se dá por meio do Sistema de Regulação Estadual. Ou seja, os pacientes devem ser encaminhados pelos Centros de Saúde da Rede de Atenção Primária.

De acordo com a médica, uma parcela entre 30% e 40% dos pacientes diagnosticados com depressão podem não responder aos tratamentos convencionais, caracterizando os quadros de TDR. “Porém, os estudos com a cetamina mostram que até 70% dos pacientes resistentes conseguem se beneficiar com esse tratamento, que, além de ser muito mais rápido, também é mais barato que os medicamentos convencionais e apresenta poucas chances de efeitos colaterais”, explica.  

“Importante lembrar também que o tratamento medicamentoso é uma das formas de tratamento e cuidado em saúde mental, sendo importante a associação de psicoterapia, atividades físicas e de lazer, bem como outras atividades integrativas que contribuam para o bem-estar do paciente”, frisa Deidvid.

Além da assistência direta aos pacientes, o Ambulatório de Infusão de Cetamina se constituirá como espaço de Ensino e Pesquisa, buscando a formação de profissionais de saúde, como preconizado na Rede Ebserh.

Rede Ebserh

HU-UFSC faz parte da Rede Ebserh desde março de 2016. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.