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SAÚDE
Transplante de medula óssea como cura para doença falciforme
Quem tem anemia falciforme precisa de acompanhamento médico constante e quanto mais cedo começar, melhor será o prognóstico. Apesar do tratamento não ser específico, em algumas situações pode haver indicação de ações para diminuir as crises dolorosas, as isquemias cerebrais de repetição (terapia de transfusão regular), terapia da quelação de ferro para aqueles que recebem transfusões com frequência e acumulam ferro no organismo e, mais raramente, a troca de hemácias.
Mas a doença pode ter cura através do transplante alogênico de medula óssea. O problema é que a maior parte dos pacientes não é candidata ao procedimento pelos critérios de elegibilidade ou por não ter doador compatível. Mas quando se encontra uma medula compatível no cenário familiar ou nos bancos de cadastro é uma oportunidade para que se alivie as dores, o processo inflamatório e as transfusões contínuas.
O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG) é um dos centros da rede Ebserh em que o transplante de medula é realizado. José aparecido Rezende, enfermeiro especialista em transplante de órgãos e tecidos do HC-UFMG, explica que “o paciente faz um tratamento quimioterápico onde a gente anula a medula que estava funcionando errado, produzindo uma hemoglobina defeituosa. Após um tempo desse protocolo, uma média de cinco a sete dias, mas depende de paciente para paciente, infundimos a nova medula”.
“No Hospital das Clínicas, hoje, nós enfermeiros especialistas somos habilitados a fazer esse transplante, ou seja, infundir essa nova medula e esperar ela surtir efeito, que dura em torno de 21 dias, para que o paciente seja curado e não tenha mais os problemas da anemia falciforme, podendo levar a vida de outra forma”, acrescenta o enfermeiro.
Como o tratamento é delicado e o paciente pode apresentar lesões, inflamações, dor na garganta e dificuldade de deglutição, é indispensável o acompanhado por uma equipe multidisciplinar. “A equipe médica, que inclui hematologia e infectologista, entra com os protocolos medicamentosos a ser inserido naquele paciente; a equipe de enfermagem acompanha o paciente desde a fase inicial, infunde os quimioterápicos, orienta sobre o processo do transplante e sobre os sintomas que o paciente vai manifestar e as possíveis alterações que ele vem apresentar; os psicólogos cuidam do emocional dos pacientes e a nutrição vem para que o paciente possa manter uma nutrição oral efetiva”, finaliza José aparecido Rezende.
Sobre a doença falciforme
Anemia falciforme é uma doença que passa dos pais para os filhos caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, que têm sua membrana alterada e rompem-se mais facilmente, causando anemia.
Os sintomas de anemia falciforme envolvem, por exemplo, dores articulares, fadiga intensa, palidez, coloração amarelada ou alaranjada da pele e atraso no crescimento. O diagnóstico da doença é feito através do exame eletroforese de hemoglobina. Mas a presença da hemoglobina S pode ser detectada pelo teste do pezinho, realizado antes do bebê receber alta da maternidade, proporcionando a detecção precoce de hemoglobinopatias, como a anemia falciforme.
Quando descoberta a doença, o bebê deve ter acompanhamento médico adequado baseado num programa de atenção integral. Nesse programa, os pacientes devem ser acompanhados por toda a vida por uma equipe com vários profissionais treinados no tratamento da anemia falciforme para orientar a família e o doente a descobrir rapidamente os sinais de gravidade da doença, a tratar adequadamente as crises e a praticar medidas para sua prevenção.
Andreia Dias Almeida, médica que atua no serviço de hematologia do Hospital Universidade Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. (HU-FURG/Ebserh) desde 2012 conta que o acompanhamento é multidisciplinar e periódico, em geral, a cada 1 ou 2 meses, dependendo da clínica do paciente e controle da doença.
“Temos a sala específica para atendimento em hematologia, atendimento pediátrico e adultos, avaliações odontológicas semestrais, oftalmológicas anual e de cardiologia e pneumologia a cada dois anos, salvo se tiverem já complicações, aí o especialista determina o tempo de retorno. Também fazemos a avaliação neurológica e ortopédica na infância e endócrino na adolescência, quando necessário”, exemplifica a médica hematologista.
No Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC- UFG/Ebserh), o Chefe do Serviço de Hematologia, Renato Sampaio Tavares, acredita que são feitos, em média, 100 atendimentos ambulatoriais por mês na Unidade de Hemoglobinopatias do HC-UFG.
“As internações são infrequentes, atendemos pacientes de todo centro-oeste que são encaminhados para o serviço já com o diagnóstico para acompanhamento ambulatorial. São crianças e adultos com hemoglobinopatias e dentre essas hemoglobinopatias a mais comum é a anemia falciforme”.
“O acompanhamento é regular e nos casos de menor gravidade os retornos são mais espaçados, normalmente de 3 a 6 meses, e em caso de crise de falcização, que são os episódios de dor, os pacientes procuram serviços primários e secundários de atendimento e quando é necessário a internação eles são encaminhados para nós e nós cuidamos da internação deles lá no HC”, detalha Renato Tavares.
Sobre a Rede Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.