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DIA MUNDIAL DO DIABETES
Lançada cartilha “Vivendo e aprendendo com o diabetes mellitus”
Juiz de Fora (MG) – Em comemoração ao Dia Mundial do Diabetes (14 de novembro), acaba de ser lançada a cartilha “Vivendo e aprendendo com o diabetes mellitus”. Entre os assuntos abordados estão: cuidados com alimentação, medicamentos, complicações, hábitos de vida e a importância do autocuidado e autonomia do paciente. A obra é fruto de uma tese de doutorado defendida no Programa de Pós-Graduação em Saúde, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), desenvolvida no Hospital Universitário (HU-UFJF), administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Para o superintendente do HU-UFJF e orientador da pesquisa, José Otávio Corrêa, o papel da instituição, enquanto hospital universitário, “além de prover atendimento de qualidade aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), é formar recursos humanos, estimulando a formação pessoal e profissional, promovendo novos conhecimentos, práticas, metodologias e saberes”.
A pesquisa de autoria da médica endocrinologista Mariana Ferreira foi realizada a partir de grupos de trabalho com pacientes no Ambulatório de Diabetes do Serviço de Endocrinologia do HU. “Esses grupos foram criados para poder observar e avaliar o tratamento recebido, através de uma pesquisa qualitativa”, explica a profissional.
Cerca de 30 pacientes participaram dessa dinâmica, que contou com seis encontros e discutiu temas relacionados à alimentação, ao tratamento medicamentoso e a outras dificuldades enfrentadas pelos pacientes que convivem com diabetes. A médica conta o processo por trás da elaboração da obra: “A partir desses encontros, criamos um material que é muito diferente do tradicional. Construímos uma história, em forma de diálogo paciente/médico, para envolver mais os leitores, com uma linguagem simples e atraente visualmente, explicando as principais dúvidas dos diabéticos”.
O objetivo por trás da criação da cartilha é tornar mais acessíveis informações importantes relacionadas ao diabetes, e que são dúvidas dos próprios pacientes, como o diabetes emocional, acrescenta Mariana. Então, através dessas informações em saúde, os pacientes podem, consequentemente, aderir melhor aos tratamentos, com níveis adequados de glicose, mantendo o diabetes mais controlado e, assim, tendo uma melhor qualidade de vida.
O material passou pela avaliação de diversos profissionais da saúde do país, como endocrinologistas, nutricionistas e enfermeiros. Foram feitas sugestões, e grande parte delas foi aceita, colaborando para o aperfeiçoamento do conteúdo. O trabalho contou, ainda, com o auxílio de duas empresas juniores de universidades públicas federais, que participaram na criação da arte e na diagramação, de professores da área de Comunicação, Letras e Artes.
Após a finalização, a obra foi entregue a pacientes, que relataram ter gostado e se identificado com o conteúdo. “Na cartilha, tem um momento da história em que a paciente desiste do tratamento, mas depois retoma. Isso mexeu com os pacientes, que muitas vezes têm esses momentos de cansaço em relação à terapia e depois continuam”, relata a autora.
A cartilha também pode ser um material de suporte para a equipe multidisciplinar, estimulando o cuidado humanizado, com especial atenção à linguagem e a uma abordagem holística e livre de estigmas, afirma o superintendente José Otávio Corrêa. “Divulgar o material para gestores de saúde, para utilização em políticas públicas voltadas à educação e capacitação das equipes de saúde nos diversos níveis de atenção, pode ampliar o apoio social a essa população”, salienta.
O gestor reforça a relevância da obra: “A cartilha é um material certificado, validado por especialistas e produzido com protagonismo dos beneficiários. Ela também pode ser utilizada em salas de espera, após a consulta em unidades básicas de saúde ou atenção secundária, ou para levar conhecimento sobre diabetes para familiares, favorecendo maior entendimento e autonomia sobre a doença”.
Diabetes Melittus
O diabetes mellitus é uma doença crônica, resultado da má absorção ou produção insuficiente de insulina. Segundo a Federação Internacional de Diabetes, existem mais de 16 milhões de pessoas diagnosticadas no Brasil. Ainda assim, falta conhecimento de como fazer o tratamento correto. “Por isso, a cartilha é de extrema relevância educativa, já que conscientiza sobre a doença e seu diagnóstico precoce”, ressalta a professora e endocrinologista Danielle Ezequiel, coorientadora da pesquisa.
O problema é uma das principais causas de doença renal crônica e a principal causa de cegueira e amputações, por isso estudos clínicos e ações educativas são essenciais e transformadores desta realidade tão preocupante e emergente, contextualiza a professora. “Acredito que a educação seja o melhor caminho para promoção de saúde, prevenção de doenças crônicas, como o diabetes mellitus. Neste mês de novembro, devemos reforçar a importância da divulgação do conhecimento sobre esta doença tão prevalente e silenciosa”, completa.
Bruno Magalhães da Silva, paciente e agente de combate a endemias, foi uma das pessoas que contribuíram com o conteúdo da cartilha. Ele trata diabetes no HU com a equipe do Serviço de Endocrinologia desde 2017, e há oito anos convive com o diabetes. Bruno participou do processo de validação externa do material, respondendo um questionário sobre a estrutura de linguagem verbal e não verbal. “O que achei interessante nesse material educativo foi a forma didática que aprendi sobre a aplicação de insulina. Sempre aplicava no mesmo local e aprendi que precisa aplicar em outros também. A linguagem estava clara”, opina.
Além disso, o paciente se voluntariou a divulgar a cartilha: “Poderei ajudar a compartilhar o material com os profissionais de saúde pública e com a população, já que o meu ponto de apoio no trabalho é na Unidade Básica de Saúde, local onde fazemos salas de espera com os pacientes que aguardam consulta”, finaliza.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF) faz parte da Rede Ebserh desde 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Acesse a Cartilha
Alice Lannes (estagiária) sob supervisão de Alessandra Gomes