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HC-UFTM realizou mais de 10,9 mil terapias integrativas e complementares, em 2021
A abertura do sistema de saúde brasileiro para incorporação de recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais foi inicialmente estimulada no relatório final da 8.ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), realizada em 1986. Outras recomendações de implantação dessas práticas foram deliberadas nas edições seguintes da CNS, culminando, em 2003, na criação de um Grupo de Trabalho responsável pela elaboração de uma proposta de política nacional sobre o assunto. Em 2006, foi publicada a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares - PNPIC.
Num primeiro momento, a PNPIC traçou diretrizes norteadoras para oferecimento de medicina tradicional chinesa/acupuntura, homeopatia, uso de plantas medicinais e fitoterapia nas instituições de saúde. Em 2017, a Política incluiu outras 14 práticas, tais como meditação, reiki, shantala e yoga. No ano seguinte, as modalidades reconhecidas chegaram a 29.
O Hospital de Clínicas da UFTM é pioneiro, entre os 40 hospitais universitários geridos pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), na implantação de um Núcleo de Práticas Integrativas e Complementares (Nupic). Instituído em 2018, o Núcleo oferece sessões de medicina tradicional chinesa (acupuntura, auriculoterapia, ventosa e moxa), aromaterapia, cromoterapia, florais de Bach, imposição de mãos (reiki e passe espírita), massoterapia, meditação, pilates, yoga e práticas corporais. A equipe é composta por três profissionais assistenciais, três administrativos e sete voluntários habilitados para aplicação das técnicas.
Paulo Estevão Pereira, terapeuta ocupacional e coordenador do Nupic, explica que embora haja no país diversos hospitais que adotam recursos terapêuticos complementares de maneira pontual, o diferencial do Hospital de Clínicas está na organização do serviço (formalmente regimentado e com conselho gestor) que sistematiza a grade de sessões. Os atendimentos do Nupic acontecem na Unidade Dona Aparecida do Pênfigo (Rua João Alfredo, 437, em Uberaba), de segunda à sexta-feira, de manhã e à tarde.
De acordo com a fisioterapeuta Élida Carneiro da Silva, o foco do trabalho com terapias integrativas e complementares no HC-UFTM recai sobre a atenção relacionada à média complexidade em saúde, embora no país as modalidades abrangidas pela PNPIC sejam oferecidas também na atenção primária. Silva esclarece que as práticas integrativas se somam aos preceitos da medicina convencional e buscam avaliar o ser humano por completo, “preocupam-se com a convivência, com o relacionamento, o lado emocional, não somente com o físico. São integradas porque são sempre associadas aos demais tratamentos convencionais”.
Ou seja, o paciente não substituiu o acompanhamento já iniciado com o profissional médico antes de ser designado ao Nupic. “Se [o paciente] está com o psiquiatra e com medicação, continua; nossas terapias são complementares, potencializam os efeitos dos demais tratamentos”, reitera a fisioterapeuta, que realiza sessões de acupuntura e auriculoterapia, além de conduzir pesquisas sobre os efeitos da imposição de mãos, no HC.
Para ter acesso aos serviços do Nupic, é preciso ser encaminhado por um profissional da saúde a partir dos ambulatórios do Hospital de Clínicas ou de unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) em nível de atenção básica, como as de pronto atendimento. Após esse referenciamento, acontece um processo de triagem/avaliação feito por Pereira e Silva, onde são verificados o estado de saúde, escala de ansiedade, estresse, depressão e dor, além de aspectos relacionados à qualidade de vida e à fadiga. Somente então, a cada usuário são indicadas determinadas modalidades, podendo-se usufruir de uma ou mais opções (a depender das vagas disponíveis).
Em 2019, o Núcleo realizou 10,6 mil procedimentos; em 2020, devido à pandemia de Covid-19, este número diminuiu para 2,5 mil. Até novembro de 2021, com a aplicação das vacinas e um maior controle sanitário, a quantidade superou 10,9 mil.
Sobre as práticas desenvolvidas no Nupic, já foram produzidos os estudos científicos “Efeitos da imposição de mãos sobre ansiedade, estresse e resposta autonômica em funcionários de um hospital público: ensaio clinico controlado, randomizado e duplo cego” (publicado na revista Complementary Therapies in Medicine, em 2020) e “Efeitos da Terapia Espírita Complementar sobre estresse, ansiedade, Síndrome de Burnout e parâmetros hematológicos de profissionais de um hospital público: ensaio clínico randomizado” (Journal of Complementary and Integrative Medicine, aceito em 2020). Está em curso, ainda, um ensaio clínico sobre os efeitos da imposição de mãos sobre a ansiedade e os efeitos adversos da quimioterapia de pacientes com câncer tratados no HC-UFTM.
Unidade de Comunicação Social HC-UFTM