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SAÚDE PÚBLICA
Psoríase: doença vai além da pele e exige cuidados contínuos com corpo e mente
Araguaína (TO) – Nesta quarta-feira (29), é celebrado o Dia Mundial e Nacional da Psoríase, data dedicada a orientar a população sobre uma doença crônica, inflamatória e não contagiosa que ainda enfrenta preconceitos e pode gerar consequências graves para a saúde dos pacientes. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a psoríase atinge cerca de 1,3% da população brasileira, com variação de 0,9 a 1,1% na região Norte.
A condição pode surgir em qualquer idade, mas é mais comum entre os 20 e 30 anos e após os 50, podendo também afetar crianças e adolescentes. “É uma doença com predisposição genética que, junto a fatores ambientais e/ou comportamentais - como tabagismo, etilismo, obesidade, estresse psicológico, agentes infecciosos e uso de certos medicamentos - faz com que linfócitos T (células responsáveis pela defesa do organismo) liberem substâncias inflamatórias que estimulam a migração de outras células, perpetuando o processo inflamatório na pele e em outras áreas, como couro cabeludo, unhas e, em alguns casos, articulações”, explica o dermatologista e hansenólogo do Hospital de Doenças Tropicais da UFT (HDT), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Ebert Mota.
Os cuidados vão além da estética. “Há pouco tempo, se achava que ela era somente uma doença da pele e que uma pequena parcela dos pacientes poderia também ter esse processo inflamatório em articulações específicas, o que chamamos de artrite psoriática. Porém, nas últimas décadas sabe-se que esse processo inflamatório contínuo pode desencadear outras doenças, principalmente relacionadas ao sistema cardiovascular”, alerta Mota.
A psoríase se manifesta de diferentes formas: vulgar (em placas), capilar, palmo-plantar, invertida, pustulosa, gutata, ungueal e eritrodérmica – esta última considerada grave, podendo comprometer toda a pele e exigir internação hospitalar. “Todas essas formas da doença acabam gerando um componente emocional importante aos pacientes, já que a pele é um órgão visível do nosso corpo, assim como as unhas e os cabelos. Além do componente psicológico, temos que acompanhar a parte metabólica do paciente, por causa dos processos inflamatórios e as formas mais graves, que exigem internação hospitalar”, destaca o especialista.
Acompanhamento integral
O HDT acompanha pacientes com psoríase moderada a grave, aqueles que necessitam de medicamentos por via oral ou imunobiológicos devido à extensão da doença e ao impacto na qualidade de vida. Pacientes com psoríase eritrodérmica e pustulosa generalizada podem ser internados e recebem acompanhamento multidisciplinar, incluindo Ambulatório de Dermatologia, Psicologia e Psiquiatria, quando necessário.
Em 2024, a Sociedade Brasileira de Dermatologia atualizou o protocolo de tratamento, que varia conforme tipo, extensão e grau de inflamação da doença. As opções incluem tratamentos tópicos, medicamentos orais e imunobiológicos aplicados na derme, de forma semelhante ao uso de insulina em pacientes diabéticos. “Aqueles que necessitam do uso de medicamentos de alto custo disponibilizados na rede estadual podem ser acompanhados no HDT, sendo feito o processo de aquisição destas medicações via Laudo de Medicamentos Especiais, por especialistas, e seguindo o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT) referente à psoríase”, reforça Ebert Mota.
Sobre a Ebserh
O HDT-UFT faz parte da Rede Ebserh desde 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Wesley Prado
Coordenadoria de Comunicação Social da Ebserh