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Ambulatório de fisioterapia respiratória do Hospital Barros Barreto utiliza a gameterapia para tratamento de recuperados da covid-19
Em março de 2020, o seu Roberval Ferreira, de 53 anos, começou a sentir febre e dores no corpo, dois anúncios do que seria um caso moderado de covid-19. Mesmo não sentindo falta de ar, devido à uma comorbidade, ele teve 25% do pulmão comprometido, e até hoje enfrenta as sequelas da doença. Para recuperar o condicionamento físico, Roberval iniciou esse ano o atendimento de fisioterapia respiratória no Ambulatório de Reabilitação Pulmonar e Oncológica do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), em Belém, e encontrou nos jogos de videogame uma alternativa eficaz e divertida de reabilitação.
A gameterapia , que já é utilizada como tratamento há cerca de um ano pelo Ambulatório de Reabilitação Pulmonar e Oncológica do HUJBB, atua em conjunto com os exercícios aeróbicos e de resistência e, dependendo da necessidade do paciente, os jogos em diversas modalidades, como tênis, boxe, ou boliche, são inseridos na rotina. “Eu fiz (gameterapia) semana passada e senti o impacto no corpo, sinal de que estou sedentário e preciso fazer mais atividade física”, comenta Roberval antes de iniciar um treino de boxe no videogame. Ele intercala as atividades com a bicicleta ergométrica e treinos com halteres e faixas elásticas. “O atendimento aqui é muito bom, me sinto melhor a cada sessão”, afirma.
Ambulatório – O ambulatório de reabilitação pulmonar e oncológica atende 84 pacientes por semana, sendo 14 deles para reabilitação pós-covid, e cada um realiza 20 sessões de fisioterapia respiratória. Desde agosto de 2020, quando iniciaram os atendimentos específicos para covid-19, 48 pessoas já receberam alta. “Atendemos a demanda interna do HUJBB, que são pacientes e funcionários encaminhados pelos pneumologistas, e a principal queixa é a dispnéia (falta de ar)” afirma Laerte Guedes, fisioterapeuta e aluno do Programa de Residência em Oncologia da Universidade Federal do Pará.
“Muitos deles relatam que não conseguem subir escadas, ou fazer atividades comuns do cotidiano, por isso a fisioterapia respiratória trabalha o condicionamento físico dependendo da necessidade de cada paciente, que é avaliada de acordo com a Escala de Berg, que é a escala do cansaço, onde os pacientes nos informam o seu limite físico”, comenta Camila Alves, fisioterapeuta e residente em Oncologia. Durante as sessões, os fisioterapeutas aferem a pressão arterial, saturação de oxigênio e frequência cardíaca a cada série de exercícios realizada, que também são formas de avaliação dos pacientes.
Extensão – O ambulatório de fisioterapia pulmonar e oncológica está inserido no âmbito do Laboratório de Avaliação e Reabilitação das Disfunções Cardiovascular, Oncológica e Respiratória (LACOR), do qual faz parte o projeto de extensão “Inclusão da Gameterapia em Programa de Reabilitação Pulmonar Pós-Covid-19” coordenado pelo professor-doutor Saul Rassy Carneiro, e que envolve a atuação de alunos de graduação em fisioterapia e residentes dos programas de Atenção ao Paciente Crítico, Saúde do Idoso e Oncologia.
“Atendemos com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), fibrose pulmonar, pós-covid, doenças oncológicas como um todo, doenças cardiovasculares e os encaminhados pelos otorrinolaringologistas Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza (HUBFS), para tratamento de apnéia do sono”, explica o professor Saul Carneiro. Ele também comenta que está em fase de elaboração um fluxo para usuários da rede municipal de saúde de Belém, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), além de ser oferecido um horário extra para os pacientes do Complexo Hospitalar, evitando, assim, filas de espera, e possibilitando a recuperação de mais pessoas.
Confira aqui as ações dos demais hospitais universitários vinculados à Rede Ebserh para a recuperação de pessoas com sequelas pós-covid.
Sobre a Rede Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Vinculadas a universidades federais, essas unidades hospitalares têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, a os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde.
Com isso, a Rede Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde das regiões em que os hospitais estão inseridos.
Confira aqui as ações dos demais hospitais universitários vinculados à Rede Ebserh para a recuperação de pessoas acometidas pela covid-19.
Texto e foto: Paola Caracciolo – Jornalista do Complexo Hospitalar da UFPA/Ebserh