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Jornada da Prematuridade 2025 reforça importância do cuidado multidisciplinar na MEJC
Natal (RN) – Com o objetivo de promover uma reflexão sobre a importância do cuidado multidisciplinar e das boas práticas no atendimento ao recém-nascido prematuro, a Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC-UFRN), vinculada à Rede Ebserh, realizou, nesta segunda-feura, 17, a Jornada da Prematuridade 2025. O evento, que teve como tema “Garanta aos prematuros começos saudáveis para futuros brilhantes”, ocorreu no Anfiteatro Professor Leide Morais e reuniu profissionais, residentes e acadêmicos.
A programação contou com mesas-redondas e palestras que abordaram desafios, avanços e perspectivas da prematuridade no Brasil e no Rio Grande do Norte; cuidados integrados ao prematuro; apoio às famílias e humanização no cuidado neonatal; neurodesenvolvimento do prematuro e intervenções precoces; além de indicadores, protocolos e segurança na gestão da qualidade.
No Brasil, cerca de 12% dos nascimentos ocorrem antes das 37 semanas de gestação, o que equivale a aproximadamente 300 a 340 mil bebês prematuros por ano, segundo o Ministério da Saúde. O gerente de Atenção à Saúde da MEJC, Marcelo Lorençato, destacou a responsabilidade da instituição no cuidado aos recém-nascidos prematuros. “Somos uma maternidade de alto risco e a linha final desse processo. Toda a equipe da neonatologia se empenha diariamente”, afirmou.
Ele ressaltou que, apesar dos desafios, os resultados demonstram a dedicação contínua da equipe. “Sabemos que o dia a dia não é fácil, mas o esforço de cada profissional contribui diretamente para a recuperação dos bebês e para os resultados alcançados ao longo dos anos.” Lorençato também reforçou o impacto desse cuidado no futuro das crianças. “Quanto mais nos empenhamos, melhores serão as perspectivas dessas crianças. Nosso trabalho faz diferença na vida delas.”
A chefe da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, Anna Grazielle Alves Campos Gadelha, lembrou que o trabalho na neonatologia vai além do cuidado técnico.
“Trabalhar com essa área não é apenas estar à frente de uma UTI. Cuidar do bebê é também cuidar da família”, enfatizou. Segundo ela, a presença e o fortalecimento da mãe são fundamentais para a recuperação do prematuro. “Nosso papel é fortalecer, encorajar e dar suporte. A participação da mãe é essencial.” A especialista também destacou o caráter multiprofissional do cuidado. “Todos os profissionais têm um papel importante na recuperação dos nossos pequenos. É um trabalho conjunto, feito com dedicação e sensibilidade”, disse.
Durante o evento, a médica Maria da Guia de Medeiros Garcia trouxe uma reflexão sobre a realidade do país no cuidado com gestantes e bebês. Ela enfatizou que a visibilidade ao tema da prematuridade é necessária, mas revela um cenário desafiador.
“O ideal seria que a representatividade de prematuros fosse pequena, que não houvesse a necessidade de tanta visibilidade sobre o tema”, apontou.
A médica reforçou ainda que o planejamento familiar e o pré-natal de qualidade continuam sendo grandes obstáculos no Brasil. “Se tivéssemos um pré-natal bem estruturado e acessível, certamente reduziríamos o número de bebês prematuros”, enfatizou.
A coordenadora médica da UTI Neonatal da MEJC, Patrícia Kelli Rocha, destacou que a jornada permitiu uma visão multidisciplinar do cuidado ao recém-nascido prematuro. “Essa integração otimiza os resultados e promove um cuidado integral”.
O tema deste ano enfatizou o impacto das boas práticas precoces na prevenção de sequelas associadas à prematuridade, evidenciando metodologias de baixo custo e alto impacto, além de tecnologias auxiliares que melhoram a qualidade de vida desses bebês.
Na UTI Neonatal, práticas como controle térmico, redução de ruídos, contato pele a pele, manejo da dor e ventilação protetora são priorizadas. O monitoramento de indicadores de qualidade, como taxas de infecção, extubação não programada, uso de antibióticos e aleitamento materno na alta, é um pilar essencial para a segurança do paciente e a melhoria contínua do cuidado.
Geane Pereira, mãe do pequeno Gael, relatou sua experiência após desenvolver pré-eclâmpsia no final da gestação, o que levou ao nascimento prematuro com 29 semanas.
“Foram 67 dias de internação. Uma experiência gigantesca. Nunca imaginei passar por isso. Os bebês são pequenos no tamanho, mas gigantes na força. Hoje, ele é a prova viva disso”, disse.
A programação da Jornada também incluiu uma caminhada no Parque das Dunas, realizada no domingo, 16, reunindo profissionais, famílias e a comunidade em um gesto simbólico de conscientização e apoio à causa da prematuridade.
Sobre a Ebserh
A MEJC-UFRN faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Danielle Morais e Aline Freitas, edição de George Miranda
Coordenadoria de Comunicação Social/ Ebserh