Notícias
SAÚDE
TDAH em adultos: diagnóstico e tratamento para uma vida mais equilibrada
Petrolina (PE) - O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição neurobiológica de origem genética que se manifesta na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda vida.
Adultos com TDAH podem enfrentar dificuldades na organização e produtividade, como problemas em gerenciar o tempo, manter a concentração em tarefas longas, e seguir planos e rotinas. A desorganização pode levar a atrasos e a uma sensação constante de estar sobrecarregado.
Manifestações do TDAH na vida adulta
O TDAH em adultos pode se manifestar de várias maneiras, ainda que seja o mesmo transtorno, as pessoas podem apresentar um conjunto próprio de sintomas: dificuldade em manter a atenção, comportamento impulsivo, desorganizado, podem estar presentes também, problemas de memória e dificuldade em seguir instruções, comprometendo o desempenho acadêmico, profissional e pessoal.
De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), 5,2% dos adultos entre 18 e 44 anos e 6% dos adultos com mais de 45 anos têm TDAH.
Impactos e desafios do diagnóstico tardio
O diagnóstico do TDAH na fase adulta pode ser desafiador, pois seus sintomas muitas vezes são confundidos com transtornos como ansiedade e depressão. Além disso, muitos adultos desenvolvem estratégias compensatórias que podem mascarar o transtorno, dificultando sua identificação.
“Experimentar estes prejuízos de forma recorrente pode gerar sintomas ansiosos e depressivos que podem inclusive evoluir e se configurarem em um diagnóstico associado ao TDAH. Adultos com TDAH ainda podem lançar mão de estratégias compensatórias disfuncionais, utilizando substâncias psicoativas que diminuam o processamento de ideais como o álcool e a cannabis ou que ajudem na concentração como psicoestimulantes. Muitas vezes são estes quadros associados que fazem a pessoa buscar a ajuda do profissional de saúde mental”, esclarece o psiquiatra do Hospital Universitário da Universidade Federal do Vale do São Francisco (HU-Univasf/Ebserh) e mestre em psicologia, Godson Teixeira.
A avaliação criteriosa de um psiquiatra é essencial para um diagnóstico preciso. A realização de testes especializados com neuropsicólogos também ajuda no rastreio completo das funções cognitivas, da personalidade e demais características que serão avaliadas, permitindo um tratamento mais adequado.
Desafios no cotidiano
O TDAH pode comprometer o desempenho profissional e a estabilidade emocional. No ambiente de trabalho, manifesta-se por dificuldades em cumprir prazos, manter a produtividade e organizar tarefas. Nos relacionamentos, a impulsividade, os esquecimentos frequentes e a dificuldade em manter a atenção em conversas podem gerar conflitos e mal-entendidos.
“Diferenciar distração ocasional do TDAH envolve observar a persistência e a gravidade dos sintomas. Enquanto qualquer pessoa pode se distrair eventualmente, indivíduos com TDAH enfrentam distração constante e significativa, que interfere diretamente em suas atividades diárias”, acrescenta Godson Teixeira.
Tratamento e qualidade de vida
O tratamento do TDAH na vida adulta pode incluir medicamentos, terapia comportamental e mudanças no estilo de vida. O uso de estimulantes pode melhorar a atenção e reduzir a impulsividade, mas sua prescrição deve ser feita exclusivamente por um profissional de saúde.
“Essas medicações não devem ser utilizadas com o propósito de melhorar a performance cognitiva de pessoas sem diagnóstico. Seu uso precisa ser individualizado, levando em consideração o histórico de cada paciente”, alerta o especialista.
Além da farmacoterapia, hábitos saudáveis podem contribuir para o controle dos sintomas. A prática regular de exercícios físicos ajuda na regulação emocional, reduz a impulsividade e melhora a concentração. A alimentação equilibrada também é fundamental, e o consumo de substâncias estimulantes, como cafeína, deve ser moderado.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes para adultos com TDAH, ajudando a desenvolver estratégias para organização, gestão do tempo e resolução de problemas. Além disso, a psicoterapia pode fortalecer a autoestima e minimizar o impacto dos sintomas no trabalho e nos relacionamentos. Também, podem ser feitos testes diagnósticos com profissionais habilitados (psiquiatras e neuropsicólogos) podem indicar a presença dos sintomas que caracterizam o transtorno.
“Ainda que haja um transtorno que explique os comportamentos e prejuízos atencionais, a busca pelo desenvolvimento e potencialização de habilidades deve ser incentivada. Para a maioria dos casos, a combinação entre psicoterapia e psicofarmacoterapia constitui o tratamento mais indicado”, finaliza o psiquiatra.
Sobre a Ebserh
O HU-Univasf faz parte da Rede Ebserh desde 2015. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.