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24 de Março
No dia Mundial de Combate à Tuberculose, pneumologista fala dos aspectos importantes da doença e alerta sobre a imprescindibilidade do tratamento
No Dia Mundial de Combate à Tuberculose - 24 de Março - o pneumologista Dr. Antônio de Deus Filho, professor titular de Clínica Médica e Pneumologia do Departamento de Clínica Geral da Universidade Federal do Piauí (UFPI), traz informações importantes e fala um pouco da história da doença, descoberta, transmissão, prevenção e tratamento.
“A tuberculose é uma doença milenar, há vestígios de tuberculoses óssea nos países andinos, então a tuberculose já acompanha o homem, com documentação científica, há milhares de anos. É importante definir o que é tuberculose, pois há muitas dúvidas se é uma virose ou é por bactéria, mas ela é uma doença causada por bactéria, que se chamada Mycobacterium tuberculosis e foi identificada pelo cientista alemão Robert Koch, em 1882”.
Em relação a transmissão da doença, o professor afirma que ocorre passando de pessoa para pessoa, sendo uma crendice dizer que “fulano é de uma família de tuberculoso”, visto não ser uma doença hereditária. “Ela é passada por meio da fala, da tosse, do espirro, não se pega comendo no mesmo prato ou bebendo no mesmo copo de um tuberculoso, e sim no mesmo ambiente, com o bacilo suspenso no ar, ela passa através de aerossol, de pessoa para pessoa, não por meio de objeto”, ressaltou.
Disse ainda que o bacilo da tuberculose gosta de ambiente escuro, fechado e que não haja renovação de ar. No passado, muitos negros morriam pela alta infecção nos navios negreiros, por reunir as condições propícias para contaminação pelo bacilo. “Assim acontece ainda nos presídios e favelas, em que as pessoas moram amontoadas, em locais pequenos e fechados, tendo a doença íntima relação com a pobreza e é assim que a doença se dissemina e se perpetua”, frisou.
O perigo da tuberculose para a saúde se relaciona ao fato de ser uma doença sistêmica, cuja porta de entrada é o pulmão - 90% dos casos de tuberculoses são pulmonares – que se propaga pela corrente sanguínea e ataca qualquer parte do corpo: pele, ossos, rim, intestino, tubo digestivo, olhos, o sistema nervoso central. Os sintomas mais comuns são febre vespertina, tosse por mais de três semanas, dor torácica, sudorese noturna e escarro com sangue.
A prevenção, segundo o pneumologista, é melhorar as condições socioeconômicas, não havendo vacina eficaz. “A vacina existente, chamada de BCG, tomada na infância, protege da meningite tuberculose e das formas graves da tuberculose, mas contra a forma mais comum não protege. A medida de impacto mais importante para o controle e para barrar a cadeia de transmissão não é a vacina, e sim diagnosticar quem está com a tuberculose, isolar por uns dias e tratar.”
O tratamento da doença – com notificação compulsória ao Ministério da Saúde - tem duração, em regra, de seis meses, e é realizado totalmente pelo SUS, com medicação gratuita durante todo o tratamento. “As pessoas devem se conscientizar que a tuberculose ainda é de alta incidência no Brasil, são cerca de 70 mil casos novos por ano, no Piauí é de aproximadamente 650 a 700 novos casos, ou seja, cerca de dois casos novos por dia. É uma doença tratável, mas se não tratar é grave. O tratamento é muito importante e não deve ser abandonado; depois de duas semanas, o indivíduo não contagia mais ninguém, e a cura, com o tratamento, em regra de seis meses, ocorre em 90% dos casos”, finalizou o pneumologista.