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INOVAÇÃO
HU-UFMA implanta nova escala para monitorar a dor em recém-nascidos da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
São Luís (MA)- Considerar a monitorização da dor como o 5° sinal vital faz com que ela seja reconhecida não só como um sintoma, mas como um alarme, gerando uma mudança no posicionamento da equipe de saúde multiprofissional, bem como da própria organização de saúde. Nessa perspectiva, foi lançada nesta quinta-feira (29), a implantação da nova escala N-PASS - mensuração da dor - na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin) do Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA/Ebserh).
O ato foi realizado no auditório central da Unidade Materno Infantil, no qual estavam presentes a chefe da Divisão de Gestão do Cuidado (Divigesc), Teresa Rachel; a chefe da Utin, Silvia Cavalcante; demais chefias e colaboradores da área. Para tanto, foi ministrada uma palestra e um treinamento pela médica anestesiologista, Vanise Motta, que ao lado do pediatra Aristides Bittencourt, está à frente da implantação do 5º sinal vital na Unidade.
A dor é extremamente frequente nas unidades de terapia intensiva neonatal. Vários estudos mostram que a frequência de procedimentos dolorosos a que cada recém-nascido é submetido varia de 8 a 15-17/dia. A exposição frequente à dor leva a repercussões fisiológicas e comportamentais que podem aumentar a morbidade e a mortalidade em curto e médio prazo, como também gerar consequências no desenvolvimento do sistema nociceptivo (dor que vem de danos nos tecidos, como uma contusão ou um corte) e neurológico a longo prazo.
A chefe da Utin do HU-UFMA, Silvia Cavalcante, reforça a relevância dessa nova iniciativa. “Já trabalhamos a dor há alguns anos na Unidade como parte da Metodologia Canguru. Mas esse momento é importante, pois marca o início de um novo compromisso de implantar a dor como um sinal vital e de iniciar a utilização de uma nova escala, pois agora iremos adotar a escala N-PASS. Além disso, houve a elaboração do protocolo de analgesia e sedação, que padroniza as condutas dos profissionais para qualificar ainda mais a assistência prestada”, disse.
A chefe da Divigesc, Teresa Rachel, acrescenta que o diferencial de ter essa atenção para a dor em pré-termos é justamente por serem pacientes que não conseguem verbalizar. “Embora já com todo o nível de organização existente na Unidade, quanto mais conseguirmos padronizar os processos, mais qualidade temos. E quem ganha com isso são os nossos pacientes. Para nós, da Divisão, é muito gratificante poder apoiar todo esse processo e ver o aprimoramento das práticas dentro do HU-UFMA”, reforçou.
Novas rotinas: Dor como quinto sinal vital
Vanise Motta explica que a dor vem sendo difundida pelo mundo como o quinto sinal vital, com a finalidade de mensurá-la e registrá-la, juntamente com os outros sinais vitais como, pressão arterial, pulso, respiração e temperatura. “O alívio da dor e a promoção do conforto do paciente são condutas que requerem, além do conhecimento técnico científico, a humanização e a ética em enfermagem, sendo considerado como indicador de qualidade de vida. Por isso, o controle da dor tem se tornado um tema relevante. Entretanto, por ser um fenômeno multidimensional, diagnosticar e tratar a dor envolvem processos de grande complexidade”, frisou.
Vanise acrescenta que um recém-nascido que recebe um estímulo doloroso tem uma série de parâmetros físicos modificados. “São constantes alterações da frequência cardíaca e respiratória, saturação arterial de oxigênio, pressão arterial, podendo ainda estar presentes rigidez do tórax, movimentos específicos das mãos e extensão das extremidades. Dessa forma, a utilização das escalas de avaliação de dor permite o reconhecimento da presença e da intensidade da dor”, disse, reforçando que escalas de avaliação de dor devem levar em consideração o grau de desenvolvimento da criança.
Saiba mais sobre a escala N-Pass
A sigla N-Pass (Neonatal Pain Agitation and Sedation Scale) significa Escala Neonatal de Dor, Agitação e Sedação. É composta por duas medidas de escore: dor/agitação e sedação, tendo cada uma, cinco critérios para avaliar: choro/irritabilidade; estado comportamental; expressão facial; tônus das extremidades; sinais vitais. De acordo com a pontuação final, avalia-se se é indicado introduzir ou adequar uma medida de alívio da dor, podendo ser não farmacológica, como por exemplo, aleitamento materno, contato pele a pele, estímulo sensorial, enrolar o recém-nascido em um pano macio e outros, ou a medida farmacológica, que são as medicações de acordo com cada caso.
Sobre a Ebserh
O HU-UFMA faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Danielle Morais, com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh