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NOVEMBRO AZUL
Terapia Hormonal é complemento para tratamento contra o câncer de próstata
Brasília (DF) – Josias de Almeida Filho, 63 anos, faz, há mais de um ano, terapia hormonal na Unidade de Oncologia do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI), localizado em Teresina e filiado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), estatal vinculada ao Ministério da Edcuação. “A cada três meses, tomo ‘vacinas’ com o objetivo de eliminar a testosterona. Será assim durante três anos”, conta Almeida Filho, que teve câncer de próstata.
A terapia hormonal tem o objetivo de reduzir o nível dos hormônios masculinos no corpo - como a testosterona e a diidrotestosterona, que estimulam as células do câncer de próstasta a crescerem - ou de impedi-los de atuarem sobre tais células. Conforme recomendações do Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), órgão do Ministério da Saúde, o tratamento hormonal deve ser usado no caso de câncer localmente avançado, após cirurgia ou radioterapia ou ainda em situações em que o tumor tenha se espalhado.
A escolha do tratamento adequado, porém - recomenda o Inca - deve ser individualizada e definida após conversa com médico, sobre riscos e benefícios. “O tratamento contra o câncer de próstata é feito com cirurgia, radioterapia e medicamentos hormonais, que o SUS fornece. Se houver falha da hormonoterapia, resta ainda o tratamento quimioterápico”, enfatiza Márcio Lamyr, urologista do Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam-Ufes), localizado em Vitória e também filiado à Ebserh. Após cirurgia, ocorrida em 2015, Josias se submeteu a 33 sessões de radioterapia. Em seguida, iniciou o tratamento hormonal. “O que a médica diz é que estou curado. A hormonioterapia é para evitar que o câncer volte”, explica o paciente.
Saiba mais
O Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata é comemorado em 17 de novembro, dentro da programação do Novembro Azul, campanha que ocorre em todo o país e cujo foco é a saúde do homem. Conforme dados do Inca, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, e o quarto entre a população brasileira. “É a neoplasia maligna que mais mata o homem. Em 2016/17 foram diagnosticados mais de 60 mil casos no Brasil, com 13 mil mortes”, contabiliza o urologista do Hucam-Ufes, cujo Serviço de Oncologia Clínica é responsável pelo tratamento hormonal.
Uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais, e com menos gordura, especialmente as de origem animal, diminui o risco de câncer da próstata. Além da dieta, atividades físicas, diminuição de consumo de álcool e não fumar são outras ações preventivas à doença, bem como a busca pelo diagnóstico precoce. “Com o diagnóstico precoce, há 90% de chances de cura. Deve-se fazer os exames a partir dos 45 anos”, explica o médico do hospital capixaba, que atende pacientes do Espírito Santo, do norte do Rio de Janeiro, leste de Minas Gerais e sul da Bahia, e cujo Serviço de Urologia engloba mais de mil pacientes por mês com diversas doenças urológicas e opera cerca de cinco pessoas por semana com a doença.
Diagnóstico
O câncer de próstata é uma doença silenciosa, não há sintomas em sua fase inicial e, quando há, são semelhantes ao crescimento benigno da próstata: dificuldade de urinar ou a necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou a noite. Na fase avançada, pode provocar dor óssea, problemas urinários ou, em situações mais graves, infecção generalizada ou insuficiência renal. “Não se sabe ao certo as causas do câncer de próstata. Provavelmente, ocorre a partir de alterações genéticas herdadas ou adquiridas. Estudos também mostram uma correlação com o consumo exacerbado de gorduras e carnes vermelhas”, enfatiza o cirurgião oncologista Anselmo Lima, chefe do Setor de Gestão do Ensino do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS), localizado em Aracaju e que também integra a Rede Ebserh.
O diagnóstico ocorre a partir da combinação do exame clínico, conhecido como toque retal, com a dosagem do Antígeno Prostático Especifico (PSA) no sangue. Havendo indícios da doença, é indicada uma ultrassonografia pélvica (ou uma prostática transretal), que poderá apontar a necessidade de uma biópsia prostática transretal, que acusará a certeza ou não do câncer. Foi o que fez Josias, que desde os 45 anos, passou a, anualmente, fazer o exame para rastrear qualquer diagnóstico precoce. “Aos 60, passei a sentir um desconforto urinário”, lembra Josias. Sua próstata estava com tamanho maior que o normal, situação que foi normalizada com medicamentos. Um ano depois, porém, voltou a crescer. Os exames necessários detectaram o câncer.
Responsável pela produção de parte do sêmen, a próstata é uma glândula que se localiza na parte baixa do abdômen masculino, abaixo da bexiga e à frente do reto, e envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. Quando há presença de câncer, a glândula endurece. “A próstata é sede de várias alterações inflamatórias e malignas que ocorrem frequentemente após a quinta década”, explica Anselmo Lima, do HU-UFS. A maioria dos casos de câncer de próstata se dá em homens com mais de 65 anos. Pai ou irmão com a doença antes dos 60 anos pode aumentar de três a 10 vezes, o risco de se ter a doença, segundo o Inca.
Sobre a Ebserh
Estatal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh administra atualmente 39 hospitais universitários federais. O objetivo da Rede Ebserh é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.
O órgão, criado em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações em todas as unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.
Coordenadoria de Comunicação Social da Ebserh