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Amor e cuidado
Profissionais de saúde da Rede Ebserh/MEC buscam equilibrar a rotina assistencial e a maternidade
Mães que trabalham na linha de frente do combate à pandemia alinham o cuidado com os filhos com a tarefa de salvar vidas
Brasília (DF) – Quando soube que o setor em que atua se tornaria um Centro de Terapia Intensiva (CTI) exclusivo para atendimento de pacientes com Covid-19, a enfermeira da Rede Ebserh/MEC, Priscila Santos Paiva, de 37 anos, sentiu muito medo, não só por ela, mas principalmente pelas filhas de 16 e 10 anos. “Na época conversei com o pai delas e combinamos que elas ficariam com ele assim que recebêssemos o primeiro paciente suspeito. Foi o que aconteceu. Foram longos dias em que eu acordava na hora que elas precisavam ter aula, passava as manhãs e noites trocando mensagens e videochamadas para ajudar nos deveres de casa. Sempre que podia, levava um almoço feito por mim com todos os cuidados possíveis. Foi difícil, pois nunca tínhamos passado tanto tempo separadas. Voltar para uma casa vazia após um plantão pesado era muito triste”, conta Priscila.
A rotina do pai acabou impossibilitando que as meninas continuassem com ele, tendo que retornar para a casa de Priscila. Desde então, a enfermeira, que trabalha no CTI do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG/Ebserh/MEC) há dois anos e oito meses, não divide, mas sim, multiplica seu tempo para se dedicar à assistência aos pacientes e cumprir com orgulho seu papel de mãe. Em meio a uma rotina corrida e pesada, tanto física quanto emocionalmente, ela mantém o desafio – e prazer – da maternidade. “Ser mãe é o maior desafio da vida. Você se preocupa com os filhos, mas é uma dádiva divina. Nunca sabemos se estamos fazendo o suficiente, mas fazemos o nosso melhor. Ser mãe e enfermeira são as coisas que mais amo e me orgulho”, declara.
Esse é o segundo ano em que o Dia das Mães é comemorado em meio à pandemia de Covid-19. Por mais de 14 meses, os profissionais da Rede Ebserh/MEC têm alinhado suas vidas pessoais, afetadas pelo contexto pandêmico como ocorreu com todos os brasileiros, com a dedicação ao trabalho para salvar vidas e continuar apoiando ações de ensino, pesquisa e extensão nos hospitais universitários federais vinculados à estatal. E esse desafio é maior quando se é mulher e mãe.
“De repente, um vírus novo, potente, de efeitos catastróficos e características desconhecidas, atingiu todo o mundo. As crianças passaram a ficar em casa 24 horas por dia e a maternidade nunca foi tão exercida. Ser mãe na pandemia é pedir a Deus a proteção que não podemos dar ao sair para trabalhar e a paciência quando estamos em casa, ao ver tanta bagunça e um ‘mamain’ o tempo todo. É também ter alegria sem intervalo, é ter amor puro”, se emociona outra profissional da Rede Ebserh/MEC, Olinda Neta, mãe do pequeno Lucas e que atua como enfermeira do Hospital Universitário em Rio Grande (HU-Furg/Ebserh/MEC).
Rotina pesada
Não há dúvidas que a rotina para os profissionais de saúde é pesada. Mas a maioria das pessoas desconhece os detalhes de um dia puxado de plantão. “Durante a pandemia não tem sido fácil. Temos que chegar mais cedo, porque além da roupa privativa precisamos nos paramentar para entrar no setor. Ficar paramentado em todo o plantão já é um grande desafio devido ao calor e à pressão da máscara face shield no rosto. Os pacientes têm sempre quadros graves que demandam vários procedimentos e 100% da nossa atenção. Dentro do CTI você esquece o mundo exterior e foca só nos pacientes. Ao final do plantão, estamos esgotados, mas precisamos seguir uma rotina para garantir que não vamos contaminar o ambiente externo e as pessoas que lá estão. Isso também demanda tempo e sempre saímos tarde”, detalha Priscila Paiva sobre o dia a dia no CTI Covid.
Com um dia a dia voltado para a atenção a pacientes com Covid-19, e mesmo com todo o cuidado possível, em setembro do ano passado, Priscila Paiva acabou se contaminando e, também, suas filhas. Foram momentos de apreensão. “Como moramos só nós três, e minhas filhas são muito grudadas em mim, não consegui me isolar como deveria e elas também apresentaram sintomas. Eu já estava com medo e isso foi triplicado. Além do medo de uma de nós se agravar, veio a culpa, pois elas se contaminaram porque eu trouxe o vírus para casa. Graças a Deus tudo deu certo e ficamos bem”, conta.
Mesmo com todos os desafios, o papel de mãe jamais é esquecido. A chefe da Unidade de Regulação Assistencial do HU-Furg/Ebserh/MEC, Priscila Cadaval, afirma que ser mãe durante a pandemia é superar as adversidades e aprender a lidar com a insegurança de uma doença com repercussões que podem ser graves, dependendo do caso. “É difícil ter que sair diariamente e encarar a realidade da Covid-19 no trabalho, sabendo que poderia levar, ao retornar para casa, o vírus para o grande amor da minha vida. Há também a preocupação constante com desenvolvimento da minha filha após afastamento das atividades presenciais na escola e sua saúde emocional, devido ao momento em que vivemos. Mas sobretudo, é importante desenvolver uma fé e uma esperança sem medidas motivada pelo fato de querer estar bem e querer minha filha bem”, finaliza a mãe da menina Isabella.
Sobre a Ebserh
Estatal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Vinculadas a universidades federais, essas unidades hospitalares possuem características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh/MEC