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HU-UFPI
Hospital da Rede Ebserh em Teresina (PI) realiza nona cirurgia de estimulação cerebral profunda em pacientes com Parkinson
Teresina (PI) – A Doença de Parkinson (DP) é uma enfermidade neurológica que afeta o cérebro e compromete os movimentos. Os sintomas se instalam de forma gradual e tendem a piorar com o tempo, já que se trata de uma doença neurodegenerativa progressiva. O sinal mais conhecido é o tremor, que costuma surgir inicialmente em um dos lados do corpo e se intensifica quando o paciente está em repouso.
Além disso, a DP provoca rigidez muscular e lentificação dos movimentos (sintomas típicos do quadro motor da doença). Também podem ocorrer alterações não motoras, como diminuição do olfato, constipação intestinal e distúrbios do sono.
O Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), realizou recentemente sua nona cirurgia de estimulação cerebral profunda (DBS, do inglês Deep Brain Stimulation) em pacientes com Doença de Parkinson.
“Na primeira vez, fizemos duas cirurgias, depois quatro e agora mais três. Já são nove pacientes operados. Cada cirurgia é feita de ambos os lados [direito e esquerdo], totalizando 18 eletrodos implantados. Além dos eletrodos, também é inserido um gerador de pulso, que funciona como um ‘marca-passo’ cerebral”, explica o neurocirurgião do HU-UFPI/Ebserh, Gustavo Noleto.
Segundo o especialista, o objetivo da cirurgia não é curar a doença, mas controlar os sintomas motores, melhorando a mobilidade e a qualidade de vida dos pacientes. Em média, a internação após o procedimento dura cerca de 48 horas. Após a alta, o dispositivo é mantido desligado por aproximadamente três a quatro semanas, até que o processo inflamatório pós-cirúrgico seja resolvido.
“Depois desse período, iniciamos a fase de programação, em que ligamos o aparelho e ajustamos os parâmetros ideais para cada paciente. Essa etapa é feita de forma ambulatorial, e os ajustes continuam nos meses seguintes até atingir a melhor resposta clínica”, detalha Noleto.
A estimulação cerebral profunda é considerada uma das terapias mais avançadas para o tratamento da Doença de Parkinson. No contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), poucos centros do Nordeste oferecem esse tipo de tratamento.
“Mesmo em estados vizinhos com melhores condições econômicas que o Piauí, muitos não disponibilizam o DBS. O HU-UFPI foi pioneiro ao oferecer essa terapia de forma ampla no SUS, assumindo um papel de vanguarda”, destaca o neurocirurgião. “Além do custo, é preciso uma grande organização institucional para direcionar recursos a esse tipo de tratamento, considerando o impacto social e o ganho de qualidade de vida dos pacientes”, complementa.
A programação do dispositivo varia conforme a resposta individual. Nos primeiros meses, as consultas de ajuste são mais frequentes, mensais, e depois passam a ocorrer a cada seis meses ou anualmente.
Indicação e critérios
O médico explica que a cirurgia é indicada apenas para pacientes com Doença de Parkinson idiopática — ou seja, sem causa secundária. O ideal é que o paciente tenha pelo menos cinco anos de doença e tenha deixado de responder bem à medicação (levodopa). “Quando a resposta começa a ser inferior ao necessário, com muitas flutuações motoras e necessidade de medicação a cada duas horas, por exemplo, ocorre uma piora na qualidade de vida e, então, temos indicação de cirurgia”, explica Gustavo Noleto.
Além disso, o paciente deve apresentar preservação cognitiva, sem demência ou distúrbios psiquiátricos graves, e precisa manter acompanhamento regular no serviço de saúde. “Não adianta operar e deixar de comparecer às consultas de ajuste. O acompanhamento é fundamental para o sucesso da terapia”, reforça o médico.
Atualmente, o perfil dos pacientes operados pelo hospital é formado majoritariamente por pessoas acima de 60 anos, com prevalência de 60% de homens e 40% de mulheres.
Sobre a Ebserh
O HU-UFPI faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) desde novembro de 2012. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Maria Carvalho Costa, com edição de George Miranda
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh