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BEM-ESTAR E SAÚDE
Especialistas alertam para o uso de inibidor de apetite
O medicamento não é recomendado para quem tem doença cardíaca ou descontrole na pressão arterial. Foto: Divulgação/EBC
Brasília - As vendas de inibidores de apetite têm crescido no Brasil. Usados no tratamento da obesidade, medicamentos com base na substância sibutramina tiveram restrições ao uso impostas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2010 e 2011. No entanto, mais de 2,9 milhões de unidades foram vendidas no país, ano passado. O aumento é de cerca de 800 mil em relação a 2013.
A sibutramina é um remédio controlado pela Anvisa e provoca no paciente a sensação de saciedade e o controle da fome. A restrição se dá em decorrência dos efeitos colaterais, que põem em risco à saúde. Além disso, o medicamento não poder ser prescrito a todos os pacientes, sendo recomendado apenas em casos de pessoas com obesidade detectada e com histórico de dificuldade de realizar atividades físicas.
Os resultados da sibutramina variam de acordo com o paciente. O medicamento não é recomendado para quem tem doença cardíaca ou descontrole na pressão arterial.
O analista de redes Hugo Martins usou o inibidor de apetite por seis meses após passar por uma bateria de exames e ser acompanhado por um endocrinologista. No período do tratamento, emagreceu seis quilos, mas enfrentou efeitos colaterais como diminuição no tempo de sono, agitação e suor elevado. Mesmo assim, avalia a experiência como positiva.
“O custo-benefício no meu caso foi muito bom. Eu acredito que valeu a pena. Parei porque decidi que não seguiria com a dieta”, contou, alertando que sentiu os efeitos colaterais mesmo após um mês da interrupção do uso do medicamento.
Segundo o nutrólogo do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Carlos Schleicher, é essencial o acompanhamento com médico especializado e o cumprimento da rotina de exames para prevenir os efeitos colaterais.
“Geralmente, quando o indivíduo é bem acompanhado, os problemas não surgem. É um tratamento que envolve todos os cenários nos quais o paciente está inserido. Nunca tive problema com as restrições (dos pacientes)”, destacou.
A opinião é compartilhada por Ana Flávia Junqueira, endocrinologista do Hospital Universitário Walter Cantídio, em Fortaleza (CE). “A sibutramina é uma medicação segura; mas, como todo medicamento pode provocar efeitos colaterais e tem contraindicações. Assim, seu uso requer acompanhamento médico”.
Mudanças de hábitos e dependência
Mesmo com o uso do medicamento, os especialistas recomendam que o tratamento deve ser seguido de mudanças de hábitos alimentares e físicos, mesmo que aos poucos e em pequena escala.
“É fundamental que o indivíduo faça, ao mesmo tempo, uma reeducação alimentar e atividade física. O ideal é, pelo menos, 150 minutos por semana de atividade física moderada, como caminhar rápido”, destaca Ana Flávia.
Outro ponto discutido é a dependência do medicamento. Carlos Schleicher esclarece que o retorno da gordura ao fim do uso do medicamento se deve mais ao comportamento do indivíduo. “Tratamos como um desmame do paciente. Muitas pessoas são compulsivas na alimentação. Caso não mude os hábitos, pode ter volta. Não é mágica, mas sim um tratamento farmacológico dentro de um cenário de um indivíduo que precisa de apoio”, destacou.
Legislação
Atualmente, a sibutramina é a única substância com efeito anorexígeno, inibidor de apetite, registrado no mercado brasileiro. Em 2011, a Anvisa publicou resolução que proibiu o uso das substâncias a base de anfetaminas e estabeleceu medidas de controle adicionais para o uso, prescrição e dispensação de medicamentos que continham a substância sibutramina.
Em 2015, a Agência ainda determinou que cada prescrição médica contendo o medicamento com sibutramina deve ser para período igual ou inferior a 60 dias. Assim, o paciente é obrigado a voltar ao médico para que seja feita uma nova avaliação e novos exames.
Riscos à saúde
Em alguns locais, como os Estados Unidos e países da União Europeia, os remédios com sibutramina foram retirados do mercado. A decisão foi baseada em um estudo europeu que indicou um aumento de 16% no risco de derrame e ataque do coração com o uso da substância em pessoas que já apresentaram problemas cardíacos.
O estudo contou com 9 mil pacientes obesos, monitorados durante cinco anos. Parte deles recebeu sibutramina e outra parcela tomou uma medicação sem efeito (placebo).
*Matéria republicada com alterações (20/8/2015)
Coordenadoria de Comunicação Social da Ebserh