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SÉRIE CLIMA E SAÚDE
As mudanças climáticas e a minha vida – um relato pessoal
Rio Grande (RS) - Para encerrar essa série de reportagens, gostaria de compartilhar algo pessoal. Escrever as matérias especiais sobre “Clima e Saúde” foi mais do que um trabalho jornalístico; foi uma oportunidade de revisitar momentos vividos. Como dito, em maio completará um ano que o Rio Grande do Sul foi atingido por uma tragédia climática. A cidade onde moro, Rio Grande, não foi diretamente atingida pelas chuvas, mas estava no caminho natural por onde toda aquela água precisava escoar: a Lagoa dos Patos.
Meu apartamento, no sétimo andar, era seguro. Contudo, o prédio está a apenas duas quadras da Lagoa e precisei ficar fora por três semanas. Meus pais, que moram em Santa Catarina, acompanhavam as notícias pela televisão e, por mais que eu tentasse tranquilizá-los, ligavam todos os dias. Sem parentes por perto, fui acolhida por amigos.
Essa rede de apoio possibilitou-me continuar trabalhando, produzindo conteúdo e cobrindo os impactos das enchentes nos três hospitais gaúchos administrados pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). O HU-Furg, onde trabalho desde 2016, foi fechado temporariamente e os pacientes transferidos. Em Pelotas, o HE-UFPel enfrentou dificuldades de acesso. Já em Santa Maria, o HUSM-UFSM teve parte de sua estrutura danificada.
Mesmo em meio ao caos que nos assolava, vi a solidariedade nas ações de diversos hospitais da Rede Ebserh que enviaram doações de materiais, alimentos e equipamentos, trazendo alívio e esperança. Além disso, nós, os comunicadores da Ebserh, lotados nesses três hospitais do Rio Grande do Sul, apoiados pelos colegas dos outros estados e da Administração Central, trabalhamos muito unidos. Formamos uma corrente humana, buscando comunicar, amparar e preservar uns aos outros em meio a tantas incertezas. Cada hospital, pessoa ou família precisou lidar com seus próprios desafios. Foi um teste para nossa resiliência e fé.
Hoje sinto um misto de esperança e urgência. Como jornalista, acredito no poder da informação para conscientizar e transformar a realidade. Como cidadã, acredito que cada gesto conta, que ainda há tempo para agir — pelo planeta, pelas próximas gerações e por nós mesmos.
Reportagem: Andreia Pires
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh
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