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Herbário Virtual Reflora recebe novos recursos do CNPq e publica edital
Prestes a completar 10 anos de existência, o Herbário Virtual Reflora tem muito a comemorar. São mais de 3,8 milhões de amostras de plantas, fungos e algas brasileiros publicados online e um novo aporte de R$ 1,5 milhão para a retomada do projeto no herbário de Viena (W) e em instituições brasileiras. Edital para bolsistas está aberto até 26 de julho.
Nos últimos 10 anos, uma iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com coordenação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), revolucionou as pesquisas sobre a flora brasileira. O Herbário Virtual Reflora foi lançado em 2013, então com imagens e dados de 420 mil exemplares de plantas brasileiras, disponibilizados online a partir dos acervos de dois herbários europeus e do herbário RB, do JBRJ. Uma década depois, o HV Reflora reúne 76 herbários parceiros, com 3.892.994 imagens disponíveis em sua plataforma. E esse número vai aumentar agora, com um aporte de cerca de R$ 1,5 milhão do CNPq para a contratação de bolsistas que darão continuidade ao trabalho.
Herbários físicos são formados por amostras de plantas coletadas pelos pesquisadores em suas expedições de campo e preparadas para armazenamento e estudo, chamadas de exsicatas. Até o início do século XX, muitos naturalistas estrangeiros fizeram coletas no Brasil e as levaram para herbários em outros países. Assim, para estudar um grupo de plantas, era comum aos pesquisadores brasileiros terem que se deslocar até essas instituições no exterior, com grande dispêndio de tempo e dinheiro. O HV Reflora mudou radicalmente esse quadro, repatriando digitalmente e dando acesso pela internet às imagens em alta resolução de milhões dessas amostras. Além disso, passou a abranger os acervos de diversos herbários espalhados pelo Brasil. Isso acelerou o trabalho dos botânicos e permitiu importantes avanços na área.
Em maio de 2023, o CNPq e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro assinaram o termo de outorga que dará uma nova injeção de recursos no projeto. A previsão é de que, nos próximos dois anos, sejam enviados dez bolsistas de doutorado-sanduíche para o herbário do Museu de História Natural de Viena (W), na Áustria. O trabalho de bolsistas para captura de imagens e dados em herbários brasileiros também será contemplado. O edital de seleção para os bolsistas que trabalharão em Viena foi publicado nesta segunda-feira, 3 de julho, no sítio eletrônico do JBRJ.
O projeto atual dará sequência à digitalização das amostras do herbário W e foi concebido como parte das comemorações dos 200 anos da independência do Brasil. O motivo é que importantes naturalistas que fizeram expedições em território brasileiro no século XIX vieram na chamada “missão austríaca”. Esta era parte da comitiva da então princesa e futura imperatriz Leopoldina, esposa de D. Pedro I, vinda da Áustria em 1817.
“Viena tem uma série de coleções históricas da flora brasileira, especialmente do século XIX, e ainda há muito material para ser digitalizado lá. É uma coleção que não está toda informatizada, então é difícil estimar, mas esperamos repatriar entre 15 a 20 mil imagens, além transcrever os dados das etiquetas de todas as mais de 50 mil amostras digitalizadas. Será preciso procurar as amostras, por isso o trabalho precisa ser feito por bolsistas especializados, acostumados a lidar com herbários”, explica a coordenadora do HV Reflora, Rafaela Campostrini Forzza.
Segundo a pesquisadora, além das angiospermas (espécies de plantas com flores), nesta etapa do trabalho estarão em foco também as exsicatas de briófitas (grupo ao qual pertencem os musgos), fungos e algas.
A história do Herbário Virtual Reflora teve início em 2010, quando o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro recebeu a incumbência de construir o sistema e de sediá-lo. A plataforma, desenvolvida em parceria com a Coppe/UFRJ, foi lançada em 30 de setembro de 2013.
Os primeiros parceiros no exterior foram os herbários com maior número de amostras brasileiras em seus acervos: K, do Royal Botanic Gardens, Kew – Reino Unido, e P/PC, do Muséum National d'Histoire Naturelle de Paris. Também compõem o acervo digital, desde seu início, as amostras do herbário RB, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o maior do Brasil. A partir de 2014, outros herbários na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil foram incluídos, com o apoio do Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr), da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo a Pesquisa do Estado Rio de Janeiro (FAPERJ) e do Inventário Florestal Nacional (IFN).
Atualmente, o HV Reflora é amplamente utilizado pelos pesquisadores no registro de novas espécies para a ciência, em estudos de distribuição, taxonomia e filogenia, no trabalho de avaliação do risco de extinção das espécies, na identificação de plantas, na elaboração de listas, entre diversos outros usos e aplicações. Sua criação viabilizou a elaboração de monografias disponíveis na Flora e Funga do Brasil e o avanço do Brasil no cumprimento de metas, estabelecidas para 2020, da Estratégia Global para Conservação de Plantas (Global Strategy for Plants Conservation – GSPC), da Convenção da Diversidade Biológica (CDB) da qual o país é signatário.
Acesse o Herbário Virtual Reflora.
Acesse o edital de bolsas para Viena.