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ICMBio comemora 18 anos de história honrando o propósito de Chico Mendes
A Ministra do MMA e o presidente do ICMBio celebraram o evento - Foto: Anna Beatriz Silva/ICMBio
Cuidar da natureza com as pessoas. Guiado por este compromisso, que traduz exatamente o que defendia o líder que dá nome à autarquia, é que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) comemora seus 18 anos de atuação.
Uma data simbólica, que marca a "maioridade institucional" do órgão, em um momento singular. No cenário global, a expansão dos debates socioambientais nos campos acadêmico, político e social, com o Brasil na presidência da COP30. No cenário interno, de reconstrução e fortalecimento do Instituto — neste ano, o ICMBio lançou programas inovadores, aumentou seu espaço físico, acolheu centenas de novos servidores, criou novas unidades de conservação federais (UCs) e divulgou o recorde histórico de visitação nos parques nacionais no ano anterior.
Em um país de tamanho continental, o instituto gerencia 344 UCs, que ocupam cerca de 10% do território nacional, tamanho superior ao território de centenas de países. Na soma dos biomas e zonas costeira e marítima nacionais, mundos aos quais o ICMBio garante a proteção e restauração da biodiversidade, alinhada ao bem estar-social e ao respeito a comunidades e povos locais.
Relevância que o presidente do Instituto, Mauro Pires, reforçou na mesa-redonda desta quarta-feira (27), evento que marcou o início das agendas de comemoração. Com o auditório Rômulo Mello lotado, na pluralidade de pessoas que constroem o ICMBio, o presidente recordou a história de criação da autarquia, na alçada do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), e trouxe o questionamento "valeu a pena?".
"Decorridos 18 anos, o ICMBio demonstra sua presença na sociedade brasileira. Participamos ativamente da construção do país, e para mim, a resposta é afirmativa: contribuímos de forma intensa, enfrentando o desmatamento, a ilegalidade e diversas pressões, mantendo-nos firmes no propósito de conservar a biodiversidade. Ao analisar a retrospectiva, fica evidente que a criação do ICMBio foi uma decisão acertada", respondeu ao público.
A ministra do MMA, Marina Silva, também compôs a mesa "De onde viemos, onde estamos e para onde vamos", e colocou a essencialidade dos trabalhos do ICMBio frente ao atual cenário de tensões geopolíticas. “Não tem como negar a realidade da necessidade de proteger a biodiversidade, os recursos hídricos, de enfrentar a mudança do clima, de fazer tudo o que é necessário. Você pode ser esquerda, pode ser de direita, pode ser centro, pode ser lado, pode ser embaixo, pode estar em cima. Mas só não pode estar no polo negacionista da coisa. Só não pode estar no polo entreguista da coisa”, disse ela.
Um coro pela biodiversidade
As contribuições foram unânimes em apontar o acerto de, em 2007, ser criado o Instituto, rememorando, também, a história de luta de grupos ambientais e políticos para isto.
Três décadas após a redemocratização do país, é publicada a Medida Provisória (MP) nº 366, a qual, em 28 de agosto de 2007, convertida em lei, dá origem ao ICMBio. “Quando me perguntam da Constituição, como foi possível, eu diria para vocês que a Constituinte foi sobretudo generosa com a sociedade brasileira”, colocou Fábio Feldmann, ambientalista que atuou como deputado constituinte e foi um dos responsáveis pela inclusão dos temas de meio ambiente na redação do texto cidadão que hoje rege o país.
Chegando no presente, ao encontro do que explanou a ministra Marina Silva, Adriana Ramos, da coordenação do Instituto Socioambiental (ISA), elogiou o papel que o órgão cumpre, em especial, na atual conjuntura. “Com todas as dificuldades, o ICMBio vem fazendo a resistência e conseguiu, com proatividade, a reconstrução de uma agenda em que o Brasil é uma referência internacional”, declarou.
O secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, que foi o primeiro presidente do ICMBio, falou com emoção sobre os trabalhos pela biodiversidade, considerando o conceito de unidades de conservação algo “absolutamente transcendental”. “Qual é o gesto mais incrível que uma sociedade qualquer pode fazer? É reservar um espaço do seu território para o futuro, um futuro que você nem sabe exatamente qual será. Um gesto humano tão profundo na minha visão, tão emocionante, mesmo”, falou. Quem sucedeu Capobianco foi Rômulo Mello, que dá nome ao auditório central da sede do ICMBio.
A mediação foi de Maristela Bernardo, socióloga e jornalista que constrói e acompanha a caminhada em prol do meio ambiente na política brasileira.
A programação de aniversário continua amanhã, quinta-feira (28), com a mesa interna "Vozes e Conexões", um momento de conversa junto ao presidente Mauro Pires e a diretoria. O evento também será palco de anúncios de acordos, programas e demais novidades.
Quem foi Chico?
“Pouco antes dele [Chico Mendes] vir a ser assassinado, um repórter perguntou para ele se ele achava que a Amazônia precisava de um mártir. Ele falou: "Mártir? Eu quero é viver". Vocês [ICMBio] são o Instituto da vida”, sintetizou, hoje, o curador do Museu do Amanhã, Fábio Scarano.
O Instituto carrega a responsabilidade do líder que lhe dá o nome. Chico Mendes entrou para a história como um dos mais importantes defensores da floresta amazônica e dos direitos das populações e povos locais. Nascido no Acre, cresceu na extração de látex e presenciou de perto a degradação da floresta e a exploração dos trabalhadores.
Sua luta começou no movimento sindical e ganhou destaque nacional e internacional, sendo um dos principais articuladores das reservas extrativistas (RESEXs), as quais o ICMBio hoje coordena. Seu ativismo incomodou fazendeiros e grileiros, o que resultou em seu assassinato, aos 44 anos, em um crime que expôs ao mundo os conflitos fundiários e ambientais da Amazônia.
Uma das pessoas profundamente influenciadas por Chico Mendes foi a própria ministra Marina Silva, que também nascida no Acre dividiu com ele lutas nos anos 1980.
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