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De forma inédita, trigêmeos de onça-parda são registrados na Reserva Biológica de Sooretama (ES)
Armadilhas fotográficas instaladas na Reserva Biológica (Rebio) de Sooretama, no norte do Espírito Santo, registraram imagens inéditas de uma fêmea de onça-parda acompanhada de três filhotes. O flagrante, feito em agosto, revela um evento raro na natureza e representa um importante indicativo para a conservação da espécie na Mata Atlântica.
Embora as onças-pardas (Puma concolor) possam ter mais de um filhote por gestação, o mais comum é o nascimento de dois indivíduos. A ocorrência de trigêmeos em ambiente natural é considerada incomum. Em cativeiro, já houve registro de ninhadas com até seis filhotes, mas, na vida livre, este número reforça as boas condições fisiológicas da mãe e a disponibilidade de território e alimento na unidade de conservação.
“Esse registro representa a renovação da população de onça-parda na Reserva Biológica de Sooretama e renova também a nossa esperança na recuperação da espécie, que sofre diversas ameaças no Espírito Santo e em todo o bioma Mata Atlântica”, explica Ana Carolina Srbek, fundadora e coordenadora do Projeto Felinos, responsável pelo monitoramento da espécie desde 2005.
Condições ambientais favoráveis
As onças-pardas são predadoras de grande porte e dependem de áreas extensas e da presença de presas de médio e grande porte para sobreviver. O fato de os filhotes já apresentarem cerca de três meses no momento do registro indica que a mãe encontrou na reserva condições adequadas para a sua sobrevivência e de seus filhotes.
A Rebio de Sooretama foi criada em 1982 e abrange 27.858 hectares entre os municípios de Jaguaré, Linhares e Sooretama. A unidade é considerada um dos principais refúgios da fauna da Mata Atlântica no Espírito Santo, abrigando espécies endêmicas e desempenhando papel essencial para a conservação da biodiversidade.
Apesar disso, os filhotes enfrentarão desafios à medida que se tornarem independentes. “A disputa por território e alimento é um processo natural entre os felinos, mas a redução e fragmentação do habitat intensificam esses obstáculos. Por isso, é fundamental preservar áreas naturais e manter a integridade das unidades de conservação”, destaca Srbek.
A perda de habitat, a caça de presas naturais e os atropelamentos em rodovias estão entre as principais ameaças às populações de grandes felinos, como a onça-parda e a onça-pintada, ambas ameaçadas de extinção na Mata Atlântica.
Próximos passos
O Projeto Felinos seguirá acompanhando o desenvolvimento dos filhotes por meio das câmeras instaladas na reserva, com o objetivo de verificar sua sobrevivência até a idade adulta. Em uma perspectiva mais ampla, a iniciativa busca promover a convivência harmoniosa entre comunidades rurais e felinos silvestres no Espírito Santo, por meio de ações de educação ambiental, proteção dos habitats e incentivo a práticas que evitem conflitos com animais domésticos e criações.
“O nascimento desses trigêmeos é um presente da natureza, mas também um alerta sobre a importância de mantermos os ecossistemas protegidos. Só assim será possível garantir a sobrevivência dos grandes felinos e de toda a biodiversidade associada à Mata Atlântica”, conclui Ana Carolina.
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