De malas prontas para uma vida mais tranquila

"Eu fiquei sem cama, fiquei sem colchão, fiquei sem tudo. Perdi tudo, né? Minha máquina de lavar perdi, perdi mesa, perdi cadeira, perdi tudo. Tudo que nós tínhamos”. Esse é o relato da auxiliar de serviços gerais, Nair Teresinha César Melo, de 48 anos. Afetada pelas enchentes, ela e seu marido, Antônio Melo, foram contemplados pelo Compra Assistida, modalidade do Minha Casa, Minha Vida criada para dar uma resposta rápida às famílias afetadas pelo desastre climático de 2024. Nair já está contando os dias para se mudar para seu novo lar. Atualmente morando em uma casa alugada em São Leopoldo, o casal vai receber as chaves até maio.

Eu quero deixar para trás o que passou. Eu quero uma vida nova, eu quero um lugar novo, recomeçar minha vida novamente

Aranhas e traumas

Quando as enchentes de 2024 ocorreram, Nair morava em Ilha das Flores, que fica em Porto Alegre. Ali, residia na mesma casa há 26 anos, ainda que fosse foco de alagamentos e enchentes. “Era um lugar pacato, bom de se morar. A única coisa que nos deixava apreensivos todo ano, eram as enchentes”, conta. Em 2015 e em 2023, ela e o esposo já tiveram que deixar a casa e se abrigar na BR-116, que atravessa a ilha. “Quase perdi meu esposo na enchente, tivemos que ficar na BR em meio a aranhas e cobras. As lembranças deixaram traumas”, relembra.

Em 2023, a antiga casa de Nair já havia sido impactada pelas enchentes. Foto Pessoal.

Após quase um ano das enchentes, Nair ainda tem dificuldade de falar sobre o que viu e como se sentiu ao decorrer do desastre climático que afligiu o estado gaúcho. “Eu fiquei traumatizada. Eu não gosto de falar, porque isso me traz lembranças que eu quero esquecer. Eu quero deixar para trás o que passou. Eu quero uma vida nova, eu quero um lugar novo, recomeçar minha vida novamente, porque eu já não sou mais uma criança, não sou mais uma menina, eu já tenho 48 anos. Hoje eu quero paz, eu quero descanso para minha mente, para minha vida”, desabafa.

Um vídeo mostra bem a situação da rua em que alguns familiares seus moravam, com todas as casas submersas. Confira aqui.

Uma nova vida

Apesar de todos os percalços, Nair acredita que terá uma vida melhor agora, em São Leopoldo. Acompanhada de seus dois gatos, Mulan e Pequena (foto), dois cachorros, Pretinha e Princesa, e juntamente de seu marido, a auxiliar de serviços gerais vê dias melhores, e mais calmos, à frente. “Eu sou grata a Deus. Daqui há um mês, ou dois, a gente já vai entrar para a nossa nova moradia. Agradeço a quem nos ajudou e a quem estendeu a mão. Agora a gente vai conseguir deitar a cabeça e descansar, sabendo que a gente não precisa estar pagando aluguel, que a gente vai estar no que é nosso e que a gente não vai mais se preocupar com água”, celebra.

Na casa nova, Nair e seus bichinhos terão mais tranquilidade. Foto Pessoal.

Compra Assistida

A modalidade Compra Assistida foi fruto de um esforço do Governo Federal, por meio do qual uma modalidade nova foi criada. O público beneficiado são as famílias Faixas 1 e 2, ou seja, aquelas com renda de até R$ 4.700,00. As famílias contempladas podem escolher imóveis disponíveis no próprio município, ou em outro no Rio Grande do Sul, à sua escolha, no valor de até R$ 200 mil.

Apenas as famílias atingidas pelas enchentes, com renda familiar de até R$ 4.700,00, são beneficiadas. Para evitar fraudes, as prefeituras fazem o crivo das famílias afetadas, juntamente com o ateste da Defesa Civil (Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional). Somente após isso, o Ministério das Cidades, a Caixa Econômica Federal e a Dataprev dão andamento nas checagens e processamento dos dados, para, depois, realizar as listas de seleções dos beneficiados.

Até o início de março de 2025 foram habilitados no MCMV Reconstrução/RS, um total de 5.813 beneficiários, que podem acessar qualquer uma das linhas de atendimento do MCMV-Reconstrução, sendo, a mais imediata, a de Compra Assistida.

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