Viagem gastronômica passeia por grandes clássicos da literatura universal

Como a alimentação aparece em grandes obras da literatura brasileira e universal? Quais eram os pratos prediletos de personagens inesquecíveis? Estas perguntas podem obter respostas em uma oficina mensal que é oferecida alternadamente pela Biblioteca Parque Villa-Lobos e Biblioteca de São Paulo, ambas localizadas na zona leste da capital paulista.

A oficina é intitulada “Viagem Gastronômica” e aborda pratos, receitas e comidas típicas de uma época ou de um povo ou de um país, presentes em famosas obras literárias, tanto nacionais como estrangeiras. No próximo dia 26 acontece mais uma edição do projeto e o livro em questão será Ana Terra, do escritor gaúcho Érico Veríssimo.

A personagem, que tem o mesmo nome do livro, luta para se sustentar nas lavouras dos Pampas, justamente de onde vêm os ingredientes para inspirar as receitas da próxima oficina, como a abóbora com charque e o bolo ninho de pêssego.

 Magias, belezas, mistérios

Em edições anteriores, os participantes já fizeram a viagem gastronômica por alimentos degustados por personagens de “O amor nos tempos do cólera”, do escritor colombiano Gabriel García Márquez, ganhador de um Prêmio Nobel de Literatura.

Outra obra analisada sob o ponto de vista da alimentação foi o livro “As mil e uma noites”, que reúne contos tradicionais do sudoeste asiático e do Oriente Médio, cheios de magia, beleza e mistério que encantam até hoje os leitores de todas as gerações.

Na obra, as rainhas, os sultões, os mercadores e os gênios e poetas apaixonados bebem e comem em banquetes recheados com as delícias da cozinha árabe, da antiga Pérsia e da Índia. 

Grande Sertão de Guimarães Rosa

Entre as receitas d’As Mil e Uma Noites que foram tratadas na oficina gastronômica estavam o grão de bico perfumado com especiarias orientais, o molho raita de pepino com coalhada seca e o bolinho de chuva com calda de mel e outros ingredientes.

Em dezembro de 2016 a oficina mostrou receitas presentes em três clássicos de João Guimarães Rosa: “Sagarana”, que completava 70 anos, e “Corpo de Baile” e “Grande Sertão: Veredas”, ambas celebrando 60 anos de lançadas.

Dos três livros foram realizadas leituras de trechos nos quais aparecem algumas receitas da tradicional cozinha mineira e os frutos e as árvores típicas do Cerrado, além de serem mostradas as influências indígenas e africanas nas veredas dos sertões de Riobaldo e Diadorim.

 A empanada chilena de Neruda

Entre as diversas receitas apresentadas, analisadas e degustadas estavam a canjica com costelinha de porco, o doce de mamão, o doce de goiaba e bom-bocado de mandioca, presentes nas quitandas mineiras.

Além do colombiano García Márquez, outro vencedor de Prêmio Nobel de Literatura “participou” da viagem gastronômica: o poeta chileno Pablo Neruda, que em vida foi um refinado gourmet e adorava receber os amigos à mesa. Entre as receitas de Neruda estavam a empanada chilena e o caldo de milho verde. 

As viagens gastronômico-literárias são conduzidas por Dolores Freixa, que é historiadora e guia de turismo cultural, professora de História da Gastronomia e autora de livros sobre a temática da Cultura Gastronômica; e por Solange Botura, professora de técnicas de cozinha, eventos gastronômicos e cozinha brasileira.

O presídio que virou biblioteca

A próxima viagem, dia 26 de maio, em homenagem ao mês das mães, será sobre a saga de Ana Terra, famoso clássico de Érico Verissimo. O encontro começa às 15h30 e termina às 17 horas na Biblioteca São Paulo, na avenida Cruzeiro do Sul, nº 2.630, onde antes funcionava o presídio do Carandiru. A participação é gratuita, respeitando-se a ordem de chegada no local.

A Biblioteca de São Paulo foi inaugurada em 8 de fevereiro de 2010. Ela foi construída no lugar onde antes funcionava o presídio do Carandiru, palco de um massacre de presos, em 1992, com 111 pessoas mortas, fato histórico que inspirou a realização de filmes e publicação de livros premiados.

Clique aqui para conhecer a Biblioteca de São Paulo.

Clique aqui para conhecer a Biblioteca Parque Villa-Lobos.

Texto: Marcelo Torres

Fonte: Ascom/Consea