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30 anos do Satélite SCD - 1
Hoje, dia 9 de fevereiro, comemoramos 30 anos de operação do Satélite SCD 1 (Satélite de Coleta de Dados 1. Os SCD1 e SCD2 foram de extrema importância para o programa espacial brasileiro, por serem os primeiros satélites brasileiros totalmente concebidos, projetados, desenvolvidos e operados em órbita pelo Brasil.
Esses satélites foram desenvolvidos no âmbito da Missão Espacial Completa Brasileira – MECB, aprovado pelo governo brasileiro em 1979, com o objetivo de promover pesquisa científica, a capacitação de pessoal e a geração de tecnologia espacial no Brasil, com envolvimento da indústria nacional. A MECB, em sua concepção original, contemplava o desenvolvimento de três satélites de coleta de dados ambientais, de dois satélites de sensoriamento remoto e ainda de um veículo lançador de satélites, além da infraestrutura para testes, lançamento e controle desses satélites.
O desenvolvimento dos satélites ficou sob a responsabilidade do INPE, órgão civil atualmente vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação. E o desenvolvimento do veículo lançador ficou a cargo do então Instituto de Atividades Espaciais – IAE (hoje denominado Instituto de Aeronáutica e Espaço) órgão ligado ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, subordinado ao Ministério da Defesa.
Paralelamente às atividades de desenvolvimento dos satélites, no INPE foi criada uma importante infraestrutura de solo, que incluiu a construção do Laboratório de Integração e Testes, o Centro de Rastreio e Controle de Satélites, com as suas estações de rastreio, uma localizada em Cuiabá, e outra localizada em Alcântara, além do Centro de Controle de Satélites, localizado em São José dos Campos.
Como um dos objetivos da MECB era a capacitação de pessoal, na época, muitos profissionais do INPE tiveram a oportunidade de se especializar e se formar nas principais universidades e centros espaciais do mundo, ou seja, o INPE passou por um processo de aprendizagem e aperfeiçoamento na área espacial. Além disso, o INPE criou uma infraestrutura de laboratórios, para dar suporte à fabricação dos principais equipamentos e partes do satélite. Na época não existiam empresas nacionais com capacidade de produzir placas de circuito impresso usadas na fabricação dos equipamentos eletrônicos. Isso obrigou que o INPE montasse um laboratório capaz de produzir as placas de circuito impresso dentro das instalações do INPE de São José dos Campos.
Todo esse esforço culminou com o sucesso do lançamento do SCD1, ocorrido em 9 de fevereiro de 1993 a partir do Kennedy Space Center, através do lançador Pegasus, instalado na asa de um avião B52 da NASA. O SCD1 foi colocado a uma altura de 750km e possui o formato de um prisma octogonal com diagonal de 1m e altura de 1,45m, pesando cerca de 115kg.
Sua função é em retransmitir para a estação terrena de Cuiabá, os dados transmitidos por uma rede de Plataformas de Coleta de Dados Ambientais (PCD) distribuídas ao longo do território nacional. Os dados recebidos na estação terrena são utilizados em diversas aplicações, tais como a previsão numérica de tempo e clima, estudos sobre correntes oceânicas, marés, química da atmosfera, planejamento agrícola, entre outras.
O SCD1 foi projetado para uma vida útil de 1 ano, mas superou todas as expectativas e hoje, passados 30 anos no espaço, ainda continua retransmitindo os dados oriundos das PCDs. Porém, desde sua colocação no espaço, a velocidade de rotação do SCD1, que o mantêm em órbita, vem diminuindo e isso tem afetado a estabilidade na rotação e no seu ângulo em relação à superfície da terra. Isso tem causado uma elevação das temperaturas de alguns equipamentos embarcados, que hoje estão acima dos limites estabelecidos, além disso, as suas baterias já não conseguem mais armazenar energia de modo que o SCD1 funciona somente quando as células solares de seus painéis solares são iluminadas pelo sol.
Apesar dos problemas, o SCD-1 continua fornecendo dados válidos a seus usuários, mas mesmo operando com alguma degradação, ainda realiza sua missão de coleta de dados ambientais em um nível satisfatório.
A longevidade do satélite SCD1 é resultado da:
- alta competência tecnológica gerada no INPE;
- o rigor empregado nos processos de qualificação de seus subsistemas e no processo de integração e testes;
- a qualidade dos processos implementados para o controle do satélite
Portanto, o SCD1 é um exemplo significativo de trabalho, dedicação e conhecimento, para o INPE e para todo o programa espacial brasileiro.