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Rede de Agricultura Espacial do Brasil participa de Missão em caverna na Itália que simula ambientes fora da Terra
Caverna Grotte di Castellana na Itália. Imagem: site Grotte di Castellana
Na próxima segunda (13), a Rede Space Farming Brazil, iniciativa da Agência Espacial Brasileira (AEB), em parceria com a Embrapa, participará da Missão de Astronautas Análoga CARE-1&2 CAAM em uma caverna na Itália, que possui condições semelhantes a ambientes fora da Terra.
O convite veio da italiana Space Pioneers Association, da cidade de Trento, e segundo o Diretor de Gestão de Portfólio da AEB, Rodrigo Leonardi, a missão trata-se de mais uma oportunidade de pesquisa para que os cientistas da Rede desenvolvam suas atividades em cooperação com a comunidade científica internacional.
A experiência vai avaliar o desenvolvimento de astroplantas em tratamentos diferentes. Elas, que têm pequeno porte e florescem rapidamente, foram desenvolvidas para serem utilizadas em experimentos espaciais. As sementes serão levadas à caverna Grotte di Castellana (Itália), vão germinar e serão mantidas na Câmara de Crescimento Compacta (CGB) pelo período de 14 dias.
Essa câmara, conforme o professor Paulo Rodrigues, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (USP), pode ser usada para armazenar, transportar e fornecer matérias-primas para sistemas bioregenerativos, em qualquer tipo de missão espacial. O dispositivo possui tamanho e peso reduzidos, controle de intensidade luminosa, ajuste de espectros de luz e um sistema fotoperiódico.
A Missão de Astronautas Análoga CARE-1&2 CAAM, focada em avaliar o crescimento de sementes de astroplanta em condições controladas, que simula a agricultura fora do planeta, terá início no dia 13 de outubro e termina no dia 26 de outubro, com a coleta das plantas.
Segundo a pesquisadora Alessandra Fávero, coordenadora da Rede Space Farming Brazil, as astroplantas foram selecionadas porque têm porte pequeno e florescimento rápido (15 dias). Elas são capazes de crescer em pequenos volumes de substrato e em ambientes restritos. Sua natureza compacta e ciclo de crescimento rápido, as tornam adequadas para estudos de agricultura fora da Terra. As sementes foram obtidas de Wisconsin Fast Plants Program (Madison, WI, EUA), projeto da Universidade de Wisconsin, e enviadas à Itália pelo pesquisador Rafael Loureiro, da Winston-Salem State University, que também faz parte da Rede Space Farming Brazil.
As condições de crescimento serão rigorosamente controladas para simular ambientes fora da Terra e, ao mesmo tempo, atender aos requisitos desta espécie de planta. Iluminação contínua, temperatura mantida a 22 ± 2°C e umidade relativa em 60%. Os tratamentos serão: dois com regolito lunar desde a germinação, sendo um deles com inoculação de fungos (Trichoderma), e dois com rockwool (lã de rocha), com fungo e sem fungo para germinar e, aos sete dias, as plantas serão transplantadas para regolito lunar também.
A professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Camila Patreze, explica que o experimento vai comparar o desenvolvimento das plantas com e sem o fungo. “Esse fungo é conhecido por ser benéfico, auxiliar no desenvolvimento das plantas, absorção de nutrientes e na saúde em geral da planta. Vamos analisar a expressão gênica global da planta, que chamamos de transcriptoma, ou seja, genes que são diferencialmente expressos em plantas que crescem em regolito lunar na presença ou ausência do fungo Trichoderma. Nesta etapa, contaremos com a parceria de pesquisadores italianos da Universidade de Nápoles Frederico II”, conta Patreze.
Terminando o experimento, as plantas serão colhidas e feitas avaliações morfológicas e fisiológicas, incluindo taxa de germinação, altura da planta e número de folhas, registrados diariamente ao longo do período de crescimento. Fotos diárias de progresso serão tiradas de todas as amostras.
Para Camila Patreze, essa é uma missão análoga onde testamos o desenvolvimento das plantas em condições extremas na Terra (a caverna) simulando alguns fatores que podem ser enfrentados pelas plantas em ambientes fora da Terra. “Os resultados obtidos nestes experimentos poderão ser úteis para missões espaciais ou futuros cultivos na Lua. A astroplanta foi desenvolvida para fins espaciais com características melhoradas geneticamente para isso, tais como ciclo mais curto, menor porte e produtividade comparável a planta convencional desta espécie", destacou a professora.
Cooperação
Em setembro, a Embrapa assinou um Termo de Compromisso com a Space Pioneers. O objetivo é a integração de esforços entre as duas instituições para a realização de um experimento biológico inserido nas atividades científicas previstas no Projeto de Pesquisa "Scientific Collaboration for Commercial Analog Astronaut Missions”, que será conduzido na Itália.
A Space Pioneers apoia profissionais e entusiastas do espaço, promovendo a participação em eventos relacionados ao espaço e incentivando carreiras em STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática).
Reprodução: Embrapa.
Sobre a AEB
A Agência Espacial Brasileira (AEB), órgão central do Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (SINDAE), é uma autarquia pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), responsável por formular, coordenar e executar a Política Espacial Brasileira.
Desde a sua criação, em 10 de fevereiro de 1994, a Agência trabalha para viabilizar os esforços do Estado Brasileiro na promoção do bem-estar da sociedade, por meio do emprego soberano do setor espacial.