Araruama (RJ): Quilombo Sobara recebe ação integrada de politicas públicas

O Incra no Rio de Janeiro (Incra/RJ) participou, no dia 27 de setembro, de mais uma ação integrada de políticas públicas em comunidades quilombolas, desta vez no Quilombo de Sobara, localizado em Araruama, na Região dos Lagos. As atividades aconteceram na Escola Municipal Pastor Alcebíades Ferreira de Mendonça.

A iniciativa partiu da Defensoria Pública do Estado por meio do projeto Defensoria em Ação nos Quilombos, em parceria com a Associação das Comunidades Quilombolas do Rio de Janeiro (Acquilerj) e o Incra. O evento contou também com a participação do Detran e Prefeitura de Araruama.

Segundo a superintendente do Incra/RJ, Maria Lúcia de Pontes, a ação foi um sucesso. “Ela tem uma dupla função, que para mim é fundamental. Uma delas, evidentemente, é levar os serviços públicos aos quilombolas, facilitando o acesso às instituições, aos serviços, como carteiras de identidade e orientação jurídica. O Incra fornece as informações dos seus processos de regularização e ouve as demandas da comunidade”, explicou a gestora do Incra/RJ.

Convivência
Maria Lúcia também destacou a possibilidade da convivência e da vivência durante o dia entre servidores das instituições dentro do quilombo. "Isso é uma oportunidade única deles conhecerem a comunidade quilombola, sua realidade, sua comida, suas peculiaridades. Teremos outras e aproveitamos para aprender com os quilombolas a sua cultura e respeitar a sua existência, fortalecendo a luta pela regularização do seu território”, disse.

Já a chefe da Divisão Quilombola do Incra/RJ, Elisa Ribeiro, acredita que a iniciativa foi ótima oportunidade para conhecer melhor Sobara. "O cultivo significativo de cana-de-açúcar indica elementos sobre a sua territorialidade. Destaco a relevância do trabalho coletivo e a representatividade da Associação. A prefeitura de Araruama também foi importante, não só por disponibilizar a escola, mas outros atendimentos como assistência social e saúde. A presença da Acquilerj, representada pelo diretor Frank Felles, também fortaleceu a luta de Sobara”, declarou Elisa.

Avaliação
Rosiele Vasconcelos, 37 anos, casada e mãe de dois filhos, é presidente da Associação do Quilombo de Sobara. Para ela, “a ação foi muito boa, porque há muito tempo não acontecia isso dentro da comunidade. A gente precisa trabalhar um pouquinho mais para aumentar o número de pessoas, mas já foi um início para chamar a atenção de quem está desmotivado. Com resultados, as pessoas irão chegando. A conversa com o Incra e a Acquilerj foi positiva, porque nos deu uma esperança que a questão territorial vai avançar. Essa troca trouxe mais fortalecimento para a nossa luta”.

O diretor de Regularização Fundiária e Agrária da Acquilerj, Frank Felles, pontuou que foi uma ação muito importante, trazendo reconhecimento para Sobara, com a retomada e avanço do processo de titulação. "A atual gestão do Incra avançou muito. Passamos por um governo difícil, que não dava visibilidade às nossas demandas. Hoje o Incra demonstra interesse com os territórios quilombolas do estado, trazendo informação e movimentando processos que estavam parados. Hoje confiamos na titulação de algumas comunidades pendentes, entre elas a de Sobara”.

Batuque Sobara
Cleudinei Silva da Conceição, o Nei, tem 44 anos. Nascido e morador no Quilombo de Sobara, é casado com Rosiele Vasconcelos, presidente da associação dos moradores. Eles são os pais do jovem Lorran da Silva Conceição, atual maestro do grupo de batuque da comunidade, onde começou em 2017 aos oito anos de idade na Escola Municipal Pastor Alcebíades Ferreira de Mendonça com o professor Marcos Braga. Lorran também estuda Pedagogia.

“O grupo de batuque reciclado é uma das nossas principais atividades culturais, que a gente cultiva com muita delicadeza. Lorran iniciou executando junto com o grupo, tocando em várias cidades, trocando experiências, se formando músico, realizando um trabalho de excelência. Temos uma parceria relevante com a direção da escola. Hoje há um grupo de batuque da escola e o grupo de batuque da comunidade. É muito bacana a gente ver o filho levando a nossa raiz”, comemorou Nei.

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