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Jogos de Inverno da Juventude
Gangwon 2024: Brasil encerra campanha e confirma evolução com primeira medalha na neve
Família, comissão técnica e staff do COB comemoram o bronze com Zion Bethonico: Foto: Marina Ziehe/COB
Só o bronze histórico no snowboard cross de Zion Bethonico, que marcou a primeira medalha olímpica do Brasil na neve, já havia elevado Gangwon 2024 à melhor campanha brasileira nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude (YOG, na sigla em inglês). A conquista veio logo no segundo dia de competições, em 20/01, mas os dias que se seguiram deram muito outros motivos para o torcedor brasileiro se orgulhar. Foram conquistas, melhoria de marcas e muita experiência para todos os 17 atletas disputando 8 modalidades: a maior delegação do Time Brasil já enviada para um YOG.
Gangwon 2024 encerrou as competições nesta quinta-feira (01/02), dia em que a ousadia, os voos e as manobras de João Teixeira conquistaram o 15° lugar no snowboard halfpipe. Ele recebe o Bolsa Atleta Nacional.
“Foi como se fosse um videogame, não posso acreditar. Toda a organização, a pista e a estrutura que tivemos, foi tudo muito bom. Acho que tive um bom desempenho, mas tenho um certo bloqueio nessa manobra que tentei executar e acabei caindo. Na primeira descida, deu tudo certo e foi muito incrível fazer as manobras. Tenho que agradecer a todos porque foi um esforço conjunto muito grande para eu estar aqui, não só meu”, avaliou João, que chegou a estar na 11ª colocação ao final da primeira descida.
Os três dias de provas do esqui cross country também foram concluídos nesta quinta. Pela primeira vez, foi organizada a competição envolvendo equipes mistas com o Brasil sendo o único país latino-americano entre os 24 concorrentes.
A Alemanha venceu o percurso de 20km, ficando com o ouro, seguida de França (prata) e Suíça (bronze). A equipe brasileira contou com Julia Reis, Gabriel Santos, Mariana Silva e Ian Francisco da Silva fechando a jornada com o tempo de 1:12:04.7, em 24º. Foi a primeira vez que o Brasil participou de uma prova de revezamento completo.
“Foi muito importante participar. E isso só foi possível pela quantidade de atletas classificados do Brasil. É mais uma prova de que o trabalho de captação e retenção de atletas está dando resultados e que a modalidade segue evoluindo a cada participação olímpica”, disse o presidente da Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) e chefe da delegação, Pedro Cavazzoni.
Modalidade exigente
Os quatro brasileiros do esqui cross country também competiram nos outros dois dias. Nas provas curtas de 1,5km (sprint), a paulistana Júlia Reis foi a 69ª, estabelecendo a melhor colocação de uma brasileira nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude.
“Eu tinha colocado como meta superar ao menos outras 10 atletas e consegui. Estava com um pouco de medo porque, querendo ou não, é uma pressão representar o Brasil. No aquecimento, fui mentalizando minhas estratégias. A primeira subida foi mais puxada, mas consegui recuperar. Valeu a pena todos os sofrimentos que passamos para treinar, já pensei em desistir, mas continuei e hoje pude realizar o sonho de estar aqui”, disse Júlia, que há três anos recebe o Bolsa Atleta do Ministério do Esporte e treina em várias partes do mundo como Argentina, Chile, Noruega, Suécia e Áustria.
Mariana Silva também competiu e chegou em 72ª, igualando a melhor colocação do Brasil, que era de Eduarda Ribera em Lausanne 2020. No masculino, Gabriel Santos e Ian Francisco chegaram em 69º e 74º lugares, respectivamente.
Na terça-feira, dia 30, foi a vez de superar o percurso de 7,5km, na modalidade distance estilo clássico. Gabriel Santos chegou em 73º, apenas trinta segundos à frente de Ian Francisco, na 74ª posição. No feminino, Julia Reis chegou na 64ª posição e Mariana Silva, na 70ª.
Um biatlo surpresa
Por conta de uma realocação da posição do Brasil no ranking da União Internacional de Biatlo (IBU), a atleta do cross country Mariana Silva soube que iria competir no biatlo a poucos dias das provas de 10km e 6km em Gangwon. Mesmo assim, ficou em 89º lugar, à frente de atletas da Mongólia, Eslováquia, Coreia do Sul, Macedônia do Norte, Chile e Cazaquistão.
No Sprint (6km), Mariana, que recebe Bolsa Atleta na categoria Base, conseguiu a 89ª posição, concluindo a prova de forma heroica sob o frio de -17 C e condições rigorosas, como explicou a técnica Mirlene Picin. “Foi muito diferente do primeiro dia e bem pior, com muito vento e rajadas que variavam a direção. Isso dificulta muito, tanto o esqui quanto o tiro. Além disso, o frio de -17° é bem complicado para se fazer um esforço físico intenso como o biathlon. Os atletas perdem até a percepção do gasto de energia, se está dentro do previsto para o desempenho ou não. Mas acredito que de maneira geral, evoluímos de uma prova para a outra e também em comparação com os últimos Jogos da Juventude de Inverno”, analisou.
Duplo Top 10 na patinação
Lucas Koo tinha todo o direito de se sentir em casa em Gangwon. Competindo na Patinação de Velocidade em Pista Curta, o brasileiro, que tem ascendência coreana, levou o Brasil ao nono lugar na prova dos 1.000m e décimo nos 500m, colocando duas vezes o Brasil no Top 10. Ao todo, chegou a três fases semifinais (500m, 1.000m e 1.500m) e sofreu punições consideradas polêmicas por parte da arbitragem nos 1.000m e nos 1.500m.
Lucas chegou a estar brigando pela segunda posição na semifinal dos 1000m, mas caiu durante a disputa com atletas coreanos (Yousung e Joo Jaehee). Na Final B, que define as colocações do 5º ao 10º lugar, disputou a liderança lado a lado com Dominik Major, da Hungria, mas foi penalizado por obstrução nos metros finais.
Na final B dos 500m, Lucas chegou a liderar na primeira parcial da prova, mas caiu, perdeu posições e terminou em 5º lugar na série e 10º na classificação geral.
Top 10 no skeleton e bobsled
Com dois décimos lugares, Eduardo Strapasson, no skeleton, e Luís Filipe Seixas, no bobsled (monobob), obtiveram as melhores colocações do Brasil nas respectivas modalidades na história dos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude.
Cauê Miota, outro brasileiro a competir no skeleton, fechou sua participação em 19º lugar e André Luiz da Silva, que foi o porta-bandeira do Brasil na cerimônia de abertura, ficou em 17º lugar no bobsled.
Aprendendo a vencer
Entre os principais aprendizados no esporte, todas e todos querem encontrar os caminhos que levam às vitórias. E o último dia 22 entrou para história como o primeiro triunfo olímpico do país no curling, ao vencer a Alemanha por 6 a 4, com a equipe mista composta pelo skip Pedro Ribeiro (14 anos), a vice-Skip Julia Gentile (15 anos), o fourth Guilherme Melo (15 anos) e a lead Rafaela Ladeira (17 anos).
Os pontos marcados e os ends vencidos na vitória atingiram todas as metas estabelecidas pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) para a modalidade em Gangwon 2014. “O potencial de evolução desses atletas é grande se seguirem treinando e ganhando experiência internacional. Já temos bons exemplos de atletas que disputaram os Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude e seguem se desenvolvendo e representando o Brasil a nível internacional”, citou Gabriel Karnas, chefe da Equipe de Gelo do Brasil.
Nessa quarta-feira (31), o curling do Brasil encerrou a participação marcada pela primeira vitória em uma edição de Jogos olímpicos e a chegada de uma nova geração ao esporte.
A dupla mista formada por Julia Gentile e Guilherme Melo, treinando junto há apenas 15 meses, vivenciou a experiência valiosa de cinco confrontos contra Nova Zelândia, Japão, China, Letônia e Turquia.
“A gente aprendeu muita coisa dentro e fora dos jogos. Principalmente em relação à estratégia de competição, mas acho que também crescemos como pessoas em termos de maturidade. Aprendemos muito e evoluímos bastante”, analisou Julia.
Os gêmeos do esqui alpino
Os irmãos Alice e Arthur Padilha concluíram sua participação no esqui alpino reunindo aprendizado e motivação. Artur conseguiu figurar no Top 40 do slalom gigante, prova em que Alice não conseguiu completar a descida. Já no slalom, ambos não conseguiram classificação.
Para o ministro do Esporte, André Fufuca, o Brasil não só demarcou como ampliou com respeitabilidade o seu espaço na neve. "Nossos atletas estão de parabéns e quem acompanha a abnegação destes atletas que precisam treinar fora do país está sem dúvidas cheio de orgulho" , avaliou o ministro, que destacou a contribuição do Ministério do Esporte - em especial com o Bolsa Atleta -, que integra o esforço do programa olímpico brasileiro para os esportes de inverno, envolvendo o trabalho das confederações brasileiras de Desportos na Neve (CBDN) e dos Desportos do Gelo (CBDG), das organizações que descobrem talentos e dão suporte na ponta sob a coordenação do Comitê Olímpico do Brasil (COB).
Confira o Time Brasil de Gangwon 2024:
Bobsled - Luiz Felipe Seixas e André Luiz dos Santos
Curling - Pedro Ribeiro, Guilherme Melo (dupla mista), Julia Gentile (dupla mista) e Rafaela Ladeira.
Esqui Alpino - Alice Padilha e Arthur Padilha
Esqui Cross Country - Ian Francisco da Silva, Júlia Reis, Gabriel Santos e Mariana Silva
Snowboard - João Teixeira (halfpipe) e Zion Bethônico (cross)
Patinação Velocidade Pista Curta - Lucas Koo
Skeleton - Cauê Miota e Eduardo Strapasson
Biatlo - Mariana Silva
Ministério do Esporte - Assessoria de Comunicação