Notícias
CAMPANHA
Mês de março é voltado para conscientização e prevenção ao câncer colorretal
Estima-se que em 2020 tenham ocorrido mais de 1,9 milhão de novos casos e 935 mil mortes relacionadas ao câncer colorretal. Somente no Brasil, foram registrados 20.540 novos casos em homens e 20.470 em mulheres, com incidências estimadas de 9,1% e 9,2%, respectivamente. Sendo o terceiro tipo de câncer mais comum entre os homens e o segundo entre as mulheres, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a doença tem atenção especial com a campanha Março Azul-Marinho.
Ações de conscientização e prevenção ocorrem desde o início do mês nas unidades vinculadas à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). No Hospital das Clínicas da UFPE não foi diferente. Na última quarta-feira o Projeto de Extensão em Prevenção do Câncer Gástrico do HC realizou uma ação educativa com estudantes, pacientes e acompanhantes que transitavam pelo hall da portaria 4 do hospital sobre a prevenção e combate do câncer colorretal, também conhecido como câncer de intestino.
A doença
Define-se por câncer um crescimento anormal das células, gerando o que chamamos de tumor. O médico oncologista do HC-UFPE e diretor do Centro de Ciências Médicas (CCM) da UFPE, Luiz Alberto Mattos, explica que essa doença acomete o aparelho digestivo, que é composto pelo esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, cólon e reto. Por isso, quando se fala em colorretal, refere-se a parte final desse tubo digestivo que apresenta uma neoplasia, de grande incidência em novos casos. No entanto, com a incorporação de novas tecnologias e de drogas mais modernas recentemente, a medicina vem obtendo melhores taxas de controle da doença.
“Câncer colorretal é uma doença multifatorial, então ela não tem uma causa única definida. Sabe-se que cerca de dez por cento dos casos têm origem genética/hereditária. São aqueles pacientes que herdam de seus pais uma predisposição genética para desenvolver durante sua vida um câncer colorretal. Mas, a grande maioria não tem origem hereditária, e sim de ambiental. E aí entram em cenário vários fatores como uma alimentação desregrada, rica em carnes vermelhas, principalmente processadas, pobre em frutas e legumes, além de obesidade e diminuição da atividade física. Todos esses são fatores de risco que atuam de uma forma combinada para desencadear o início do processo do câncer propriamente dito”, explica Luiz Alberto.
Sintomas
Segundo o especialista, inicialmente, a doença pode não apresentar sinais. Porém, caso apareçam, deve-se estar atento para indícios antes não perceptíveis, que persistam sem causa, como: alteração do hábito intestinal (diarreia e constipação, por exemplo); mudança do formato das fezes; sensação de nunca estar com o intestino vazio e sempre necessitando evacuar mais; sangramento nas fezes, com sangue vermelho brilhante; fezes muito escuras ou pretas; cólicas ou dor abdominal persistente; fraqueza e fadiga; perda de peso e anemia.
O público-alvo a ser investigado são pessoas acima de 50 anos, porém, não deve ser motivo de desespero, pois, algumas doenças benignas também podem surgir com sangramento, a exemplo das hemorroidas, diarreia aguda, doença inflamatória intestinal. O mais importante é procurar um médico e de preferência o especialista, o proctologista.
“Um estilo de vida mais saudável com a prática de exercício físico, diminuição da obesidade e do tabagismo, o consumo de alimentos saudáveis, como frutas e legumes, e a redução significativa do consumo de alimentos que são sabidamente carcinogênicos, como por exemplo o consumo de carne vermelha processada, que já é reconhecida como um fator de risco segundo a Organização Mundial de Saúde para o câncer colorretal”, aconselha o médico oncologista.
Prevenção e diagnóstico precoce
Quase sempre o câncer colorretal se inicia com um pequeno pólipo no intestino, por isso, quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor será o tratamento, pois aumenta as chances de cura e de sobrevida do paciente. Assim, inviabilizando o desenvolvimento do câncer e impedindo que ele possa se espalhar para outros órgãos. O pólipo é uma lesão que surge como uma espécie de “bolinha” no intestino, e pode ser identificado através da Colonoscopia. Portanto, o procedimento deve ser feito em qualquer pessoa com 50 anos ou mais, tendo ou não sintomas, tendo ou não histórico familiar de câncer.
Durante o exame a pessoa está sedada, logo não há dor ou desconforto. E se for diagnosticado pólipo, o próprio colonoscopista já poderá retirar, fazendo com que aquela lesão, que em alguns anos se tornaria um câncer, não aconteça. “O exame é cercado de alguns mitos e medos que na nossa opinião são infundados. Quando eles [os exames] são bem indicados, há um preparo substancial do paciente e o exame é realizado por profissionais experientes. A taxa de complicações é muito baixa, enquanto os benefícios em termos de controle do câncer que a colonoscopia pode dar são infinitamente maiores”, acrescenta o especialista.
Especial atenção devem ter pessoas com fatores de risco não modificáveis, como: histórico familiar de câncer colorretal, genética com predisposição à doença; pólipos adenomatosos no intestino; idade acima de 50 anos; e doenças inflamatórias intestinais de longa duração (mais de 10 anos).
Nos casos em que há relação genética com o surgimento da doença, a recomendação é já começar a investigação com colonoscopia a partir dos 40 anos. Já em casos em que o indivíduo já tem a doença diagnosticada, o tratamento vai depender da localização do câncer colorretal e do grau de invasão, ou seja, se há ou não metástase e se houve aparecimento do tumor em outro órgão (fígado, pulmão, ossos e cérebro).
“Uma vez detectado o câncer colorretal, várias opções de tratamento podem ser determinadas. Isso vai depender, sobretudo, do estágio em que a doença é diagnosticada. Então quando a doença é localizada, o tratamento principal é a cirurgia, e a depender da localização do tumor, será um tratamento curativo mais ou menos invasivo. Nos casos de câncer de reto, frequentemente pode ser realizada antes da cirurgia um tratamento com quimio e radioterapia associadas seguido por cirurgia. Tanto câncer de cólon quanto de reto como doença diagnosticado em fase avançada [quando há metástases em outros órgãos] o tratamento deixa de ser curativo na maioria das vezes e passa a ser paliativo, no sentido de controle da doença com aumento da sobrevida e com qualidade de vida associada. E, nesse sentido, o melhor tratamento é a quimioterapia ou imunoterapia associada”, frisa o professor da UFPE.
O médico Luiz Alberto Mattos ainda destaca os amigos e familiares como elementos essenciais quando alguém recebe o diagnóstico de câncer. "Uma vez detectado o câncer colorretal, familiares e amigos em um grupo de apoio também é fundamental para que a equipe médica multiprofissional obtenha um sucesso mais duradouro no tratamento do câncer. Um apoio, um acolhimento de todos aqueles que fazem parte desta rede é fundamental para adesão do paciente para manutenção de sua perspectiva positiva em relação a doença, e isso certamente visualizamos que tem impacto positivo no desfecho desses pacientes", afirma.
Sobre a Ebserh
O Hospital das Clínicas da UFPE faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.