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GESTÃO CIRÚRGICA
HUSM apresenta funcionamento da lista cirúrgica única aos secretários de Saúde da região
23 de janeiro é uma data significativa para o Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Isso porque fez um ano em que o hospital consolidou a lista cirúrgica única, que controla a espera de pacientes por cirurgia em todas as especialidades médicas. Graças ao sistema AGINFO (Aplicativo de Gestão e Integração de Informações), desenvolvido pelo Setor de Gestão de Processo e Tecnologia da Informação do próprio hospital, foi possível disponibilizar a lista para preenchimento médico e tornar transparente a posição de cada paciente da fila. Os avanços e melhorias resultantes da implantação da gestão da lista de espera e programação cirúrgica foram apresentados na manhã de terça-feira (30) para os secretários de saúde dos 45 municípios que integram a 4ª Coordenadoria Regional de Saúde, no Auditório Gulerpe. O convite partiu da Superintendência do HUSM.
Para ser inserido na lista é preciso que o paciente tenha passado por atendimento no ambulatório, no Pronto-Socorro do HUSM ou ter estado internado nos últimos seis meses. É o próprio médico, após avaliação e análise dos exames, quem acessa o sistema - diretamente do consultório e de unidades de internação - e inclui o paciente na lista.
- Caso o paciente seja priorizado frente aos demais, o profissional deve justificar porque ele está sendo priorizado – explica o enfermeiro Helder Souza, chefe da Unidade de Cirurgia Geral do HUSM.
A posição na lista é gerada pelo sistema AGINFO, que leva em consideração a priorização clínica, a antiguidade do paciente na lista de espera, o estudo pré-operatório e a avaliação pré-anestésica já realizada. Pacientes oncológicos têm prioridade, assim como aqueles classificados como paciente com brevidade. Na sequencia, são incluídos os pacientes sem brevidade. Atualmente, aproximadamente 3.700 pessoas integram a lista de espera de cirurgias eletivas no HUSM. As especialidades de cirurgia geral, traumatologia, ginecologia e urologia são as com maior demanda.
- Todos os pacientes que são agendados para procedimentos eletivos no bloco cirúrgico têm que fazer parte dessa lista de espera. Para isso, usamos critérios homogêneos, o que dá credibilidade a esses registros – explica Souza.
Só deixarão de fazer parte da lista os pacientes que realizarem a cirurgia, os que solicitarem, isto é, por renúncia voluntária, os que tiverem seus nomes retirados a pedido das secretarias de saúde do município de origem ou ainda aqueles que não comparecerem, por duas vezes seguidas, a data marcada para a cirurgia ou preparo pré-operatório.
- Quando não comparecer, o paciente tem 15 dias para apresentar justificativa. Se não for reagendado, comunicamos o município e o paciente e é retirado da lista – afirma o enfermeiro.
Vantagens do uso da lista
Além da transparência para quem espera, a lista cirúrgica única trouxe mais efetividade na realização do procedimento. Em 2017, nos primeiros meses da implantação da lista já foi possível verificar a queda na taxa de cirurgias suspensas. No ano passado, foram realizadas 7.637 cirurgias e suspensas 1.830, ou seja, 19,33%. Em 2016 e 2015, esse percentual era, em média, de 30%.
Outra vantagem é que a partir do momento que o hospital conseguiu organizar essa lista, alcançou um diálogo bem melhor com os órgãos controladores.
- Conseguimos responder com mais precisão aos pedidos judiciais que questionavam a posição de pacientes na lista, por exemplo. Hoje com o sistema desenvolvido pela informática do HUSM conseguimos ver a posição na lista, qual patologia, qual procedimento o paciente está aguardando , qual profissional inseriu em lista e em qual data – afirma Souza.
A implantação da lista cirúrgica única é um dos resultados do Projeto de Gestão de Oferta, desenvolvido com orientação de consultores da Catalunha, entre 2014 e 2016. O HUSM foi um dos três hospitais brasileiros selecionados a fazer parte do projeto que tinha como objetivo conhecer o modelo e os dispositivos de regulação assistencial adotados pelos hospitais da Espanha com potencial para contribuir com a melhoria dos serviços assistenciais prestados pelos hospitais universitários.
O Serviço de gestão da lista de espera cirúrgica conta com a atuação de três enfermeiros, uma assistente administrativa e uma secretária. Eles são responsáveis pelo acompanhamento, pela organização e pelo preparo desses pacientes.
Indicadores do HUSM também foram apresentados aos secretários de Saúde.
A superintendente do Hospital Universitário, a médica Elaine Resener, abriu o encontro e fez questão de deixar claro que a saúde da região central depende do esforço e trabalho conjunto de todos os profissionais que estavam na reunião.
- Agradeço por vocês terem atendido ao convite e espero que esse seja o primeiro de muitos encontros. Nós somos uma rede. O HUSM é apenas uma parte da rede. Cada um de vocês tem um papel e uma responsabilidade – afirmou aos secretários novos, empossados recentemente.
Elaine apresentou os indicadores do HUSM antes e depois da gestão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) – terceira maior estatal do país. Apresentou, por meio de gráficos e tabelas, o aumento no número de cirurgias, de consultas e a abertura de novos leitos e comemorou o aumento no úmero de internações que reduziu o impacto do fechamento dos leitos regionais.
- De 2014 até 2017, tivemos um aumento de 26% no número de leitos. Passamos de 320 para 403 e nos tornamos um hospital de grande porte. As consultas especializadas cresceram 66,38%. Hoje dispomos para a população, pelo SUS, de mais de 50 especialidades médicas. As cirurgias aumentaram 11,37% e as internações 34,92% - afirmou.
A superintendente afirmou ainda que, em razão da abertura dos novos leitos, foi encaminhado e aprovado um pedido de redimensionamento no número de funcionários. O novo concurso já foi confirmado pela Ebserh. No momento, está sendo finalizada a escolha da empresa que fará o concurso em nível nacional. Ainda não foi confirmado o total de vagas para o HUSM.
Centro Obstétrico em alerta - Elaine alertou os secretários sobre a superlotação no Centro Obstétrico. O HUSM é referência e gestação de alto risco, mas desde 1º de novembro, com o fechamento da Casa de Saúde, tem recebido gestantes de baixa complexidade, o que acaba superlotando os 10 leitos disponíveis. Nesse ano, por várias vezes o hospital esteve com mais de 30 gestantes internadas.
- Qual é a nossa preocupação maior? Estamos caminhando para uma situação de risco para faltar obstetra. Um se aposentou e três pediram demissão – explicou.
O trabalho além da capacidade instalada sobrecarrega os profissionais e coloca em risco a vida de mãe e bebês.
Os secretários garantiram que estão trabalhando em parceria com a 4ª Coordenadoria Regional de Saúde, a Secretaria de Saúde de Santa Maria e a direção da Casa de Saúde para “conseguir um desfecho” ainda essa semana com a reabertura da maternidade dessa instituição.