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CONSCIENTIZAÇÃO E PREVENÇÃO
Março Azul é o mês mundial de conscientização contra o câncer de cólon e reto
Pelotas (RS) - Estima-se que em 2020 tenham ocorrido mais de 1,9 milhão de novos casos e 935 mil mortes relacionadas ao câncer colorretal. Somente no Brasil, foram registrados 20.540 novos casos em homens e 20.470 em mulheres, com incidências estimadas de 9,1% e 9,2%, respectivamente. É, então, o terceiro tipo de câncer mais comum entre os homens e o segundo entre as mulheres, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Nesse contexto, o Março Azul, campanha voltada para conscientização e prevenção da doença, e abraçada pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), emerge como uma oportunidade crucial para educar a população e promover exames preventivos.
O câncer de cólon e reto (ou câncer colorretal) ocupa a terceira posição entre os cânceres mais frequentes no Brasil, sendo ainda mais prevalente nos estados do Sul e Sudeste. Cerca de 70% dos casos de câncer colorretal concentram-se nestas regiões. O número estimado de casos novos deste câncer para o Brasil neste ano é de mais de 45 mil casos. Apesar disso, o março azul, mês de campanha internacional contra o câncer colorretal, ainda é pouco conhecido e divulgado.
O câncer colorretal abrange os tumores que se iniciam no intestino grosso, composto pelo cólon e reto, que correspondem à parte final do intestino. Pode acometer qualquer parte destes segmentos e se manifestar de diferentes maneiras, por vezes, sem sintomas ou sinais evidentes da doença.
A médica gastroenterologista do HE-UFPel, Amanda Recuero reforça que “ o fato de o câncer colorretal se desenvolver a partir de lesões benignas chamadas de pólipos, é o único câncer que podemos de fato prevenir, uma vez que a colonoscopia permite localizar lesões precursoras, ou seja, lesões benignas que ainda não viraram câncer, e realizar a adequada remoção. No caso de diagnóstico de câncer colorretal em estágio inicial as chances de cura são de cerca de 90%. Infelizmente, atualmente, 85% dos casos são diagnosticados em fase avançada.”
Estima-se que pessoas que nasceram por volta dos anos de 1990 têm duas vezes mais risco de câncer de cólon e quatro vezes mais risco de câncer de reto do que aqueles nascidos por volta de 1950. Apesar de inúmeros fatores estarem envolvidos, o padrão alimentar e um estilo de vida sedentário podem contribuir para o aumento deste risco.
Fatores de risco:
Os principais fatores de risco são:
- Sedentarismo
- Obesidade
- Consumo regular de álcool e tabaco
- Baixo consumo de fibras, frutas, vegetais e carnes magras
- Elevado consumo de alimentos ultraprocessados e carnes embutidas
- Elevado consumo de gorduras saturadas
- Diabetes tipo 2
Condições genéticas ou hereditárias, como doença inflamatória intestinal e histórico pessoal ou familiar de câncer de intestino também são fatores de risco importantes.
Sinais e sintomas:
Caso você apresente algum destes sinais ou sintomas, você deve procurar avaliação médica:
- Perda de peso sem explicação;
- Mudança do ritmo intestinal, passando a apresentar diarreia ou constipação;
- Presença de sangue nas fezes;
- Dores abdominais ou gases;
- Dores na região anal;
- Sensação de esvaziamento inadequado após a evacuação;
- Fezes afiladas;
- Fraqueza ou anemia.
Prevenção
O câncer colorretal pode ser prevenido com a adoção de um estilo de vida saudável, com prática de atividade física regular, baixa ingestão de carnes vermelhas e processadas, baixa ingestão de embutidos (por exemplo, presunto, salame, mortadela, linguiça), adequado consumo de fibras e cereais integrais, priorização de alimentos in natura, não fumar e limitado consumo de álcool.
Exames de rastreio de câncer colorretal e suas lesões precursoras têm papel central na prevenção, sendo os mais utilizados:
- Teste imunoquímico fecal (FIT): busca vestígios de sangue nas fezes (mesmo oculto a olho nu). Este exame não substitui a colonoscopia, mas pode ser uma ferramenta útil no rastreio em determinadas situações. De qualquer maneira, a colonoscopia estará indicada em caso de positividade deste teste, que deve ser realizado anualmente.
- Colonoscopia: exame de maior importância para o rastreio pois permite detectar e remover pólipos e câncer precoce do intestino sendo, portanto, um exame diagnóstico e terapêutico. Este exame avalia o intestino por dentro, através de um aparelho com câmera na ponta.
A partir de que idade está indicado o rastreio?
- A PARTIR DOS 45 ANOS ATÉ OS 75 ANOS, NA POPULAÇÃO EM GERAL. Para pacientes com mais de 75 anos a decisão de seguir o rastreio deverá ser individualizada.
- A PARTIR DOS 40 ANOS, EM CASO DE HISTÓRIA FAMILIAR. Pessoas que tenham parentes de primeiro grau (filho, pais ou irmãos) com história de câncer de intestino devem iniciar o rastreio aos 40 anos ou 10 anos a menos da idade do familiar (por exemplo, se seu pai teve câncer aos 40 anos, você deve iniciar rastreio aos 30 anos).
- PACIENTES COM DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL OU HISTÓRIA DE CÂNCER COLORRETAL HEREDITÁRIO devem ter a idade de início de rastreio individualizada.
Mitos e verdades sobre a colonoscopia
- Basta fazer uma vez na vida?
Mito. Para pessoas sem história familiar ou pessoal de câncer colorretal, a colonoscopia deve ser realizada no mínimo a cada 10 anos, a partir dos 45 anos. Em caso de pólipos encontrados, esse intervalo é reduzido de acordo com o número, tamanho, tipos de pólipos e como estes foram removidos.
- É um exame que oferece muitos riscos?
Mito. A colonoscopia é um exame seguro quando realizado por um especialista qualificado. O risco de complicações, apesar de baixo, pode estar associado à sedação ou ao procedimento em si. Dentre as complicações mais importantes estão a perfuração e sangramento, e ambos ocorrem em menos de 0,03% dos casos, quando realizados por profissionais qualificados.
- É preciso realizar um preparo intestinal para o exame?
Verdade. Para a realização do exame é preciso que o intestino esteja livre de qualquer resíduo de fezes. Para tanto, é necessário dieta específica e uso de laxativos que causarão diarreia, permitindo assim que o intestino fique adequadamente limpo e até mesmo pequenos pólipos sejam visualizados. Existem diversas maneiras de tornar este preparo mais palatável e tolerável.
- Se não tenho história na família, não preciso me preocupar.
Mito. A maioria dos casos com diagnóstico de câncer colorretal ocorre em pessoas sem qualquer história na família da doença.
- É possível remover pólipos e até um câncer precoce no exame?
Verdade. A colonoscopia, além de exame diagnóstico, é também um exame para tratamento. Isso significa que, além de localizar os pólipos ou um câncer precoce, podemos removê-los.