Notícias
ENFERMAGEM
“EU, ENFERMEIRO”: prevenção, cicatrização e cuidado nas lesões de pele em pacientes do HUAP
O Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP) conta com diferentes especialidades para tratar condições diversas. Um dos trabalhos fundamentais da unidade é o tratamento de feridas na pele. Hoje, a série “Eu, Enfermeiro” traz a atuação de profissionais no atendimento a pacientes que desenvolvam este tipo de ferimento. É o caso das enfermeiras da Comissão de Prevenção e Tratamento de Feridas, que busca tratar lesões, e do Cuidado Paliativo, que procura levar qualidade de vida àqueles que não terão melhora clínica.
A Divisão de Enfermagem está sempre em atuação e empenhada em construir, junto à gestão do HUAP, uma assistência cada vez melhor ao usuário. Segundo a Chefe da Unidade de Assistência Integrada, enfermeira Viviane Martins, no tratamento de feridas na pele, a autonomia do profissional de enfermagem é observada quando ele avalia o paciente com a lesão, traça uma conduta, acompanha e tem um resultado positivo. Para ela, contra resultados, não há argumentos.
- Fazemos o acompanhamento na internação e conseguimos dar a alta precoce para, no caso de feridas mais complexas, seguir com esse paciente no ambulatório até a total cicatrização, ou encaminhamos para a rede. Isso faz com que gire o leito mais rápido, aumentando a oferta e diminuindo o custo, o que é muito importante para a gestão hospitalar. Hoje, vemos excelentes resultados, e, com a autonomia das enfermeiras que atuam na comissão, podemos mudar a realidade de uma situação que já tinha um estigma de que não daria certo -, completa.
Prevenção e tratamento com foco em bons resultados
Viviane foi a responsável pela criação da Comissão de Prevenção e Tratamento de Feridas, em 2009, sendo a primeira enfermeira a atuar integralmente com isso. Atualmente, são realizadas campanhas, palestras, atividades, cursos e eventos. Segundo ela, “aquele paciente que tem uma ferida há 30 anos e todo mundo diz que ela não vai fechar, a gente fecha”. Hoje, a comissão é composta pelas enfermeiras Rosemary Bacellar e Cláudia Labriola, tendo apoio também da professora Euzeli Brandão.
- O objetivo principal da comissão é prevenir lesão por pressão. Porém, também atendemos e tratamos lesões com diagnósticos diferenciais, como cirúrgicas, traumáticas, patológicas, etc. Sempre temos a preocupação de atender pacientes com feridas complexas, que chegam ao ambulatório diretamente, ou que já estejam nas unidades de internação. Além disso, orientamos o familiar para dar continuidade até a cicatrização completa. Afinal, a partir do momento que melhoramos uma ferida, ela não pode piorar quando o paciente vai para casa -, explica Cláudia.
A comissão atende os pacientes através de parecer técnico, que são aqueles que vão desospitalizar, e por meio de interconsulta, ou seja, os que já estejam em tratamento com alguma especialidade, mas que, durante o atendimento, é observada uma lesão, e é necessária a avaliação e a assistência pelo ambulatório de feridas. Anualmente, as enfermeiras realizam treinamentos de capacitação e atualização para que os profissionais do hospital trabalhem juntos na prevenção das feridas. Rosemary cita a importância desse apoio:
- Nosso trabalho deve ser multidisciplinar. Hoje, temos profissionais de diversas áreas e especialidades do hospital que trabalham conosco. O HUAP tem os melhores recursos para tratamento, mas o que nós buscamos é sempre prevenir, antes de precisar tratar. É importante frisar que todo paciente que tem uma lesão e precisa de alta, a comissão se compromete em acompanha-lo no ambulatório. Damos esse respaldo da desospitalização, não deixando o paciente desassistido e sem orientação.
Importância do cuidado paliativo em casos irreversíveis
A enfermeira Maria Cristina Castro atua no ambulatório de cuidados paliativos, que funciona dentro do núcleo de atenção oncológica. A meta do trabalho não é a cicatrização, mas sim controle de sintomas, qualidade de vida e conforto ao paciente. Dentro dos cuidados que o HUAP oferece na oncologia, há o atendimento a pacientes que possuem feridas, chamadas tumoral ou neoplásica. Estas são complexas e decorrentes de canceres, geralmente agressivos, e não vão cicatrizar ou ter uma melhora clínica considerável.
- O cuidado paliativo pode ser exclusivo, quando o paciente não tem mais um objetivo curativo e permanece no ambulatório, ou pode ainda estar fazendo quimio ou radioterapia. Essas feridas têm múltiplos sintomas e lembram ao paciente o tempo todo que ele tem uma doença. Então, temos que ter um olhar múltiplo para este usuário. Afinal, é um paciente que, muitas vezes, se sente rejeitado e isolado. É uma ferida que, em boa parte dos casos, o paciente sozinho não consegue cuidar -, afirma a enfermeira.
Cristina complementa que o paciente em cuidado paliativo não está morrendo e no fim da vida. Por isso, toda a equipe do hospital deve entender a meta desse cuidado paliativo. Para ela, o paciente é o centro do cuidado o tempo todo, e a família é um grande parceiro nesse trabalho: “É importante que o enfermeiro, junto à equipe multiprofissional, mantenha um vínculo com a família, porque quando ele não está mais aqui no hospital, quem vai cuidar é a rede de apoio que ele tem. Cabe a nós orientar para que essa ferida possa ser cuidada em casa”.
- A enfermagem é uma profissão que vai muito além do tratamento. Eu vou cuidar além do pensamento na cura. No caso do paciente de cuidado paliativo que tem uma ferida, é um paciente muito frágil. Então, dar qualidade de vida para este doente deve ser o objetivo, que precisa estar muito claro. Se você cuida de um paciente como esse pensando na cura, você vai se frustrar. Se você cuida pensando em dar qualidade de vida até a morte para ele, você vai alcançar o que deseja -, finaliza Viviane.
Resultado do trabalho é recompensa para as enfermeiras
“É gratificante, porque trabalhamos com cicatrização e prevenção. Dá uma satisfação gigante, pois conseguimos perceber nossa valorização como profissionais. Claro que não temos 100% de sucesso. Pode ser que cuidemos e lutemos muito por um paciente, mas que acabe precisando amputar o membro ainda assim. Só que, no geral, estamos bastante felizes com o resultado do nosso trabalho. Temos respeito e reconhecimento dos profissionais de todas as especialidades do HUAP” (Cláudia Labriola)
“É muito bom estarmos trabalhando com outros setores assistenciais, pois nos apoiamos, damos orientação e vemos uma evolução. É gratificante ser chamado para dar um parecer e ter apoio de toda a equipe na continuidade do tratamento. Em relação ao paciente, damos a oportunidade de ele resgatar a integridade cutânea. Isso é fantástico, porque ele pode ser reinserido no mercado de trabalho, por exemplo, e não ter mais algum tipo de incapacidade” (Rosemary Bacellar)
“É um momento de cumplicidade enorme. Muitas vezes, o paciente chega aqui procurando atendimento já com a ferida em estado avançado, porque teve medo e escondeu durante muito tempo. Então, é uma gratidão imensa ter a oportunidade de criar esse vínculo a cada consulta. Eles também têm o mesmo sentimento quando são cuidados. É uma relação de confiança. Eu termino um curativo e me sinto recompensada quando o paciente diz que está melhor, mais leve e mais limpo” (Maria Cristina Castro)
Unidade de Comunicação Social (UCS)