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PROCESSO DE CURA
Cuidando da dor invisível: HU-UFJF oferece suporte para crianças em luto
Foto: Pixabay
Juiz de Fora (MG) – No Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), um serviço inovador tem oferecido suporte psicológico a crianças que enfrentam a perda de entes queridos. Criado para acolher esse público sensível, o Ambulatório de Luto Infantil – Enlutinho busca proporcionar um espaço seguro para que os pequenos possam expressar suas emoções e aprender a lidar com o luto de forma saudável.
O serviço surgiu a partir da experiência do Ambulatório de Luto do HU, que já prestava atendimento a adultos enlutados. A necessidade de expandir esse suporte para o público infantil tornou-se evidente ao longo do tempo. “Em 2020 criamos o projeto de extensão Enlutar, com suporte psicológico online a pessoas em luto. Com a ampliação para atendimentos presenciais, surgiu o Ambulatório de Luto no HU, voltado a grupos de enlutados. Em 2024, percebemos a demanda de acolhimento para crianças e criamos o Enlutinho para prestar esse suporte”, explica Fabiane Rossi, vice-coordenadora do Ambulatório de Luto.
O Enlutinho atua por meio de técnicas psicológicas direcionadas ao luto infantil, sempre utilizando uma abordagem lúdica, adaptada à fase de desenvolvimento da criança. “Nosso trabalho é fundamental para auxiliar a criança e sua família nesse momento tão delicado. Realizamos entrevistas com os familiares e sessões individuais com as crianças, oferecendo um espaço seguro para que possam se expressar e elaborar o luto”, destaca Fabiane.
O fluxo de atendimento do Enlutinho é acessível às famílias que precisam desse suporte. “O responsável pela criança pode procurar o atendimento mandando uma mensagem para o número (via Whatsapp) (32) 4009-5368. Atendemos crianças de 3 a 11 anos que perderam um ente significativo”, explica Fernanda Buzzinari, psicóloga responsável pelo Enlutinho. A iniciativa está alinhada com uma pesquisa acadêmica sobre luto infantil e intervenção psicológica, contribuindo também para o avanço científico na área.
Apesar da dor da perda, muitas famílias desconhecem os sinais de que uma criança precisa de apoio especializado. “A criança sente a perda e sofre como qualquer adulto. É essencial que a rede de apoio esteja presente. No entanto, quando há alterações de humor e comportamento que impactam o dia a dia, é necessário buscar ajuda”, reforça Fernanda. Ela explica que, muitas vezes, os adultos evitam abordar o tema da morte com os pequenos, o que pode dificultar o processo de elaboração do luto. “Deixar para conversar depois, impedi-los de ir ao velório ou esconder informações pode gerar ainda mais confusão e sofrimento,” acrescenta.
A faxineira Ana Caroline Netto procurou o serviço para suas filhas Mariany, de 12 anos, e Meircy, de 4 anos, que perderam o pai em um acidente de trabalho. “Depois do acidente, ele sempre ligava para elas do hospital. Quando o quadro piorou e ele faleceu, minha filha mais nova achava que ele voltaria a qualquer momento, e a mais velha se fechou, não queria conversar sobre o acontecido”, relata.
Desde que começaram o acompanhamento no Enlutinho, Ana percebeu avanços significativos nas filhas. “Tem sido muito bom. Todos estamos vendo a evolução delas. A mais nova ainda tem dúvidas, mas já entende que o pai virou uma estrelinha. Eu também aprendo muito, entendo melhor como lidar com essa situação. Acho que todas as famílias que passam por isso deveriam buscar ajuda”, afirma.
O Enlutinho representa um passo essencial para garantir que crianças enlutadas recebam o suporte necessário para atravessar esse momento de dor com acolhimento e compreensão. No HU-UFJF, esse trabalho reafirma o compromisso do hospital com o cuidado integral e humanizado, fortalecendo a saúde mental desde a infância.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF) faz parte da Rede Ebserh desde 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Felipe Monteiro