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Atendimento ambulatorial oferecido pelo HC-UFTM ajuda pacientes a parar de fumar
Pacientes que fazem acompanhamento ambulatorial de alguma doença no Hospital de Clínicas da UFTM e manifestem o desejo de parar de fumar já podem encontrar ajuda na própria instituição. Prestes a completar um ano de funcionamento, o Ambulatório de Auxílio à Cessação do Tabagismo do HC-UFTM já cadastrou 58 pessoas – 40 mulheres e 18 homens – com média de idade de 55 anos, moradores de diversos municípios do Triângulo Sul de Minas Gerais.
A novidade teve início em maio de 2021 e tem contribuído para a melhora da saúde e qualidade de vida daqueles que assumiram o compromisso de abandonar o cigarro. “O acompanhamento dura um ano. No primeiro mês a gente vê o paciente toda semana; no segundo e no terceiro mês, a cada 15 dias. Vamos espaçando o retorno e, do quarto mês em diante, passamos a vê-lo uma vez ao mês”, explica o pneumologista Leandro Yamamoto, coordenador do atendimento.
Pacientes em tratamento de alguma condição que demanda assistência em média e alta complexidade são o público-alvo do novo serviço. O HC disponibiliza, por meio do Programa Nacional de Combate ao Tabagismo (PNCT), do Ministério da Saúde, atenção multiprofissional prestada por pneumologistas e farmacêuticos clínicos, incluindo o fornecimento gratuito de medicamentos como bupropiona e adesivos de nicotina. Os fármacos são dispensados em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Uberaba, que operacionaliza a logística desses insumos no âmbito do PNCT.
Como em qualquer vício, a dificuldade em abandonar a prática requer mudanças que, juntas, são decisivas para o alcance de resultados. Yamamoto cita algumas dessas etapas: “Fazemos todas as orientações de mudança de hábito, trabalhando medidas cognitivo-comportamentais para tentar torná-lo desagradável, para depois marcarmos um primeiro retorno e sabermos do paciente se ele atingiu a meta. E que meta é essa? Pedimos para reduzir um pouco a carga tabágica e vemos se ele está empenhado em fazer seu papel na cessação do tabagismo”.
Após a consulta com o pneumologista, o atendimento é finalizado pelo farmacêutico clínico, que irá realizar o acompanhamento farmacoterapêutico. De acordo com o chefe do Setor de Farmácia Hospitalar (SFH) do Hospital de Clínicas, Giuliano César da Silveira, mais de três mil unidades de medicamentos utilizados para tratar o tabagismo já foram distribuídas no ambulatório do HC, perfazendo investimento superior a 15 mil reais.
Os pacientes saem da consulta com o medicamento em mãos, evitando que precisem procurar as farmácias da Prefeitura, o que proporciona maior comodidade aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e amplia as chances de adesão ao tratamento. A farmacêutica Lorena Norte Pereira reforça que “a praticidade é fator preponderante para que o paciente não desista” e destaca a alta aprovação das consultas multiprofissionais. “Em alguns casos, os próprios pacientes pedem para passar pelo atendimento do farmacêutico clínico, devido ao acolhimento desses profissionais”, diz.
Maria Hosana Silva Morais, de 47 anos, é moradora de Perdizes/MG e precisou se afastar do trabalho na área de serviços gerais devido a problemas de saúde. Encaminhada ao novo atendimento há oito meses por um endocrinologista do próprio Ambulatório Maria da Glória (AMG), parte integrante do Hospital de Clínicas, ela conseguiu parar de fumar.
Morais garante não medir esforços para continuar resistindo ao vício, que começou quando ela tinha 13 anos e passou a fumar escondida dos pais. “Mesmo usando o adesivo, no início deu aquela dificuldade, eu olhava para o cigarro e falava ‘não vou fumar’, mas tinha recaídas. Quando deu um mês, falei para o doutor: ‘não estou fumando e não vou fumar mais’. Depois disso, acabou”, sublinha a paciente.
A diarista Tânia Beatriz Araújo, de 62 anos, moradora de Uberaba, é outro exemplo bem-sucedido de tratamento contra o tabagismo no HC. Ela conta que também começou fumar às escondidas, aos 16 anos: “Antigamente era bonito fumar, fazia muita propaganda, era liberado em qualquer lugar acender um cigarro. As novelas tinham pessoas que fumavam, isso chama a atenção quando você é jovem, não é? E agora não, já se mostra o cigarro como algo proibido, que faz mal, causa câncer e outras doenças”, pondera.
Encaminhada por outra especialidade do AMG, Araújo acredita que é preciso manter a força de vontade dia após dia, no combate ao vício. “Faço tratamento aqui com um reumatologista, aí falei para ele que sempre tive vontade de parar de fumar, tinha tentado uma vez sozinha e não consegui. Ele me encaminhou, comecei o acompanhamento e consegui, graças a Deus”, comemora, acrescentando que adquiriu uma nova visão sobre o assunto: “A gente achava que era um calmante o cigarro, e não é”.
Conforme o Instituto Nacional de Câncer, o tabagismo é reconhecido como uma doença crônica causada pela dependência à nicotina presente em produtos à base de tabaco, sendo considerado a maior causa evitável isolada de adoecimento e mortes precoces em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde, por sua vez, aponta que o tabagismo mata mais de oito milhões de pessoas por ano, e que 80% dos mais de um bilhão de fumantes ativos vivem em países de baixa e média renda, onde o peso das doenças e mortes relacionadas ao cigarro é maior.
Unidade de Comunicação Social HC-UFTM