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SUPER-HERÓI CONTRA A COVID-19
“É o momento mais desafiador das nossas vidas”
“Sou nefrologista há 16 anos e trabalhei em UTI [Unidade de Terapia Intensiva] por quase dez anos, mas há oito não atuava como intensivista. Quando fui informado de que o HU-UFS iria abrir uma ala de UTI para atender pacientes com Covid-19, e de que eu iria atuar em funções diferentes do que faço no cotidiano, isso foi motivo de muita ansiedade. Analisando friamente a situação, pensei sobre qual imagem passaríamos à comunidade se ficássemos de fora dessa guerra. Antes de a unidade iniciar seu funcionamento, o hospital preparou e realizou um treinamento para todos os profissionais que iriam trabalhar diretamente com os pacientes com Covid-19. Foi algo bastante produtivo, por meio de aulas online, e, posteriormente, quase uma semana inteira de curso presencial nas próprias instalações da UTI. Aqui parabenizo todos que organizaram o treinamento. Vieram os primeiros plantões e, nesses momentos, caiu a ficha: a guerra havia começado. Foram muito difíceis essas primeiras semanas, a maioria fora dos seus habitats naturais se readaptando a essa nova função. Demos conta da gravidade da doença: não é um plantão típico de UTI, pois você simplesmente não para; a todo momento há algo complexo para fazer, decisões difíceis para tomar. Apesar disso, acho que estamos conseguindo superar esse momento tão desafiador; na verdade, é o momento mais desafiador das nossas vidas. A governança do hospital tem se empenhado em tornar o trabalho o menos traumático possível, fornecendo insumos, material de EPI [equipamento de proteção individual] e aumentando a equipe disponível, mesmo com tantos colegas afastados. As equipes de enfermagem, fisioterapia, farmácia e limpeza são extremamente qualificadas e atuantes. Hoje não vejo muita distância entre o atendimento prestado aos pacientes com Covid-19 no HU-UFS e nos melhores hospitais privados da cidade. Espero que essa fase acabe logo. A expectativa é que, no final de julho ou início de agosto, tenhamos uma redução na demanda hospitalar. Espero que todos se mantenham com saúde e que sejam reconhecidos sempre por gesto tão nobre; que não sejam lembrados, portanto, apenas durante crises de saúde pública.”