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EU VENCI A COVID-19!
"A gratidão pela vida supera qualquer receio pela doença”
“Eu sou praticamente diabética, insulino-dependente, e estou no grupo de risco. Sempre me senti muito bem e, por isso, não deixei de atuar com os outros gestores para recebermos os pacientes com Covid-19. Na última semana de abril, depois de termos deixado todos os fluxos instalados, o meu chefe, Raimundo Saturnino, orientou para que eu me afastasse. Alguns dias depois, numa conversa com a professora Angela Silva, ela me perguntou se eu havia tido algum sintoma. Sou paciente dela há muitos anos, desde quando tive dengue hemorrágica. Reclamei para ela de uma rinite que estava me incomodando, além da garganta que estava coçando muito. Ela me mandou fazer o [exame] PCR porque algumas pessoas costumam apresentar poucos sintomas na Covid-19. Achei muita graça quando ela disse que o meu resultado poderia dar positivo para Covid-19, já que eu estava muito bem. Quando o resultado do exame saiu, a minha primeira preocupação foi como profissional de saúde. Primeiro, parei para olhar para mim: eu não tinha sintomas. Depois, como sou muito expansiva, saí contando para todo mundo que estava com Covid-19: comuniquei aos meus filhos, ao meu marido, às minhas amigas e liguei para a professora Angela. Ela me medicou e tentei descansar. Mas na noite em que recebi a notícia, não consegui dormir. Fiquei muito reflexiva. Estava interiorizando a informação: se eu for embora agora deste mundo, fiz tudo o que queria fazer? Fiz o bem que queria fazer? Amei as pessoas o tanto que eu queria amar? Acho que a angústia maior é você ficar de frente para você mesmo. Se fosse o momento de partir, eu estaria pronta? Fiquei angustiada, porque comecei a refletir sobre se havia tido tempo de fazer aquilo de que eu gostaria de ter feito. O dia amanheceu e a minha religiosidade me fortaleceu. Acredito muito em uma força maior que me ajudou no isolamento total. Em seguida, a minha filha, o meu marido e a minha secretária do lar e o filho dela de 14 anos foram testados. O meu marido foi o único cujo resultado do exame deu negativo. Enquanto eu não me curava, era um dia após o outro. Felizmente, eu não tive aquilo que geralmente se espera ter, como um problema respiratório grave. O que foi difícil para mim é o fato de que a minha filha é asmática; ficava de cabelo em pé com cada tossida que ela dava. Posso dizer que tive o suporte de todos os meus amigos e de todos do HU-UFS. Isso me ajudou a manter a ingestão dos medicamentos nos horários certos e a alimentação saudável. Também tinha cuidado com a limpeza do quarto e do banheiro. Estou há 25 anos no HU-UFS e todos que trabalham aqui são parte da minha família. Além da professora Angela, também tive o suporte da infectologista Luciana Santana e de toda a minha equipe de diagnóstico. Quando passou a fase crítica, a partir do sétimo dia, percebi que havia crescido com a Covid-19. Olhei muito para dentro de mim e aumentei o meu sentimento de valorização da vida. Para mim, o sentimento que fica é de gratidão por ter passado por isso de uma forma leve. Não é fácil encarar os próprios medos. A gratidão pela vida supera qualquer receio pela doença. O amor, o cuidado e o carinho dos amigos foram o melhor remédio. As flores recebidas e o mingau de puba preparado foram fundamentais. São nossos guias e mestres espirituais na grande força de Deus na nossa existência”.