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Dezembro Vermelho: HC-UFG é referência no combate à Aids em Goiás
Goiânia (GO) – Instituída pela lei nº 13.504/201, a campanha Dezembro Vermelho tem como objetivo gerar mobilização nacional voltada para a conscientização e a prevenção de HIV/Aids e outras ISTs. Desde 1999, o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), conta com um ambulatório específico para tratar pessoas que vivem com HIV/Aids. Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES), atualmente, 29.503 pessoas vivem com o vírus na região.
HIV e Aids não são a mesma coisa
De acordo com a infectologista e coordenadora do Ambulatório de Doenças Infecciosas do HC-UFG, Moara Santa Bárbara, apesar de serem tratados como sinônimos, HIV e Aids são conceitos diferentes. “A primeira diferença é quando o indivíduo convive com o vírus da imunodeficiência humana (HIV), tem exames que demonstram que existe a infecção pela formação dos anticorpos e antígenos detectados pelos testes sorológicos e rápidos, e pela detecção da carga viral, mas não teve uma perda significativa da resposta imune. Nesse caso a pessoa não apresenta sintomas de doença especificamente.”
Ainda segundo Moara, a Aids, na sigla em inglês, é a “Síndrome da Imunodeficiência Adquirida”, uma doença ocasionada pela infecção por HIV, que já levou a uma grande destruição das células de defesa. “A contagem dos linfócitos T CD4, em geral, está abaixo de 200 células/mm3, e a pessoa passa a apresentar um conjunto de sintomas e doenças oportunistas, com maior gravidade. Portanto, não devemos dizer que todas as pessoas que convivem com o HIV têm AIDS. Hoje, com o tratamento correto, a maioria não chega a adoecer pela infecção pelo HIV”, ressalta a infectologista.
Transmissão e prevenção
O HIV pode ser transmitido através de fluidos corporais específicos em casos de: relações sexuais vaginais, anais ou orais sem preservativo; uso compartilhado de seringas, agulhas ou outros equipamentos perfurocortantes; transfusão de sangue contaminado ou transplante de órgãos; e durante a gestação, parto ou amamentação (transmissão vertical da mãe para o bebê). Recentemente, o Brasil foi reconhecido pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como o maior país do mundo a eliminar a transmissão do HIV de mãe para filho.
Para Moara, as formas mais seguras de prevenção contra o HIV envolvem uma estratégia combinada com diversas ações que podem evitar que as pessoas venham a adquirir a infecção, incluindo a conscientização. “Dentro desse contexto também estão o uso de preservativos masculinos e femininos, o uso de lubrificantes, assim como as profilaxias pré e pós-exposição, o uso de medicamentos que previnem a aquisição, antes ou após uma situação de risco. Também é importante diagnosticar e oferecer o tratamento a todas as pessoas que vivem com o HIV, pois a presença de carga viral indetectável torna a transmissão por via sexual improvável. Somado a isso existem as estratégias de redução de danos, como o oferecimento de seringas descartáveis, o diagnóstico precoce e o tratamento de outras infecções sexualmente transmissíveis, oferecidos gratuitamente pelo SUS.”
Diagnóstico precoce
Os avanços na medicina e na saúde pública facilitam o diagnóstico do HIV, uma etapa essencial para prevenir mortes por Aids e aumentar a qualidade de vida das pessoas que vivem com o vírus.
“Quanto antes o diagnóstico, mais rapidamente essa pessoa pode ser tratada, evitando a queda da imunidade e o adoecimento por outras infecções associadas oportunistas associadas ao HIV. E o mais importante, o tratamento correto, com o controle da carga viral, é uma excelente forma de evitar novas transmissões, pois o vírus se torna intransmissível quando a carga viral é indetectável”, alerta a infectologista.
Ambulatório de Doenças Infecciosas do HC-UFG
Inicialmente, surgiu como uma unidade da prefeitura municipal, dedicada ao acolhimento de pacientes que viviam com HIV na década de 1990. Posteriormente, foi integrado ao Ambulatório de Infectologia do HC-UFG, onde passou a funcionar o Serviço de Atendimento Especializado a Pessoas Vivendo com HIV/AIDS, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis.
Atualmente, é referência no combate à Aids no estado de Goiás e no tratamento das pessoas que convivem com essa infecção, recebendo pacientes de diversas cidades do estado, principalmente do interior.
“Todos os tratamentos para a infecção por HIV são disponibilizados gratuitamente pelo SUS e estão disponíveis no HC-UFG”, informa Moara. “Hoje, o Brasil conta com a associação de pelo menos duas ou três medicações para o controle do vírus, as mesmas recomendadas em protocolos internacionais como primeira linha de tratamento. As medicações disponíveis variam entre a combinação de tenofovir, lamivudina e dolutegravir ou o darunavir associado ao ritonavir. Além disso, para pessoas com boa adesão ao tratamento e que apresentem risco de alterações da função renal ou óssea, também está disponível a associação de lamividina e dolutegravir em comprimido único”, completa.
O serviço prestado pelo Ambulatório é essencialmente ambulatorial, oferecendo atendimento a pessoas que vivem com HIV através de consultas especializadas em infectologia e de exames periódicos para detecção de cargas virais, comorbidades associadas e alterações que podem ser causadas por efeitos adversos de medicações.
“Nossos pacientes são atendidos periodicamente, em geral, a cada seis meses, nos casos de pessoas que estão com o controle adequado da infecção e que usam as medicações com boa adesão. Também fazemos o acompanhamento tanto de exames laboratoriais quanto de exames físicos, avaliação quanto a vacinação e quanto a necessidade de investigação de outras comorbidades, principalmente doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes, além de investigação de triagem de câncer de mama e de cólon”, conclui a infectologista.
Rede Ebserh
O HC-UFG faz parte da Rede Ebserh desde dezembro de 2014. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Angélica Calheiros
Unidade de Imprensa e Informações Estratégicas 2
Coordenadoria de Comunicação Social