Pesquisa com profissionais da Rede Ebserh/MEC avalia técnica mais simples e rápida para prever gravidade da esquistossomose

Recife (PE) – Um estudo com a participação de profissionais do Hospital das Clínicas do Recife, vinculado à Rede Ebserh/MEC (HC-UFPE/Ebserh/MEC), avaliou 378 pessoas com esquistossomose em Jaboatão dos Guararapes, região Metropolitana do Recife (PE) para validar a aplicação do “Índice Coutinho” no diagnóstico da doença. Essa técnica, cuja aplicabilidade foi confirmada pelo time de pesquisadores, utiliza dois exames simples de laboratório para avaliar os estágios da fibrose periportal, uma complicação no fígado que é a principal consequência da esquistossomose, sem a necessidade do exame de ultrassom, que nem sempre está disponível e é mais caro.

A partir da dissertação estudante de Mestrado, Ana Virginia Barreto, coorientada pela médica do HC-UFPE/Ebserh/MEC, Ana Lúcia Coutinho, foi criada uma fórmula confiável utilizando os dados do Índice Coutinho (apontados no cruzamento de dois exames laboratoriais simples) para ajudar a detectar a fibrose periportal mais avançada em pacientes com esquistossomose e evitar as repercussões da doença. Em continuidade ao estudo, agora por meio da tese de Doutorado, Ana Virgínia, novamente coorientada pela médica da Rede Ebserh/MEC, Ana Lúcia, conseguiu validar a fórmula que pode ser utilizada pelos médicos.

A coorientadora da pesquisa, Ana Lúcia Coutinho, explica que esse Índice foi criado para separar, nas áreas endêmicas, pacientes com doença leve da grave. “É uma fórmula simples e precisa do resultado de dois exames de sangue, que podem ser realizados em laboratório simples, com baixo custo: 20% do valor de um exame de ultrassonografia do abdome. Vamos começar a divulgá-lo para os médicos do Programa de Saúde da Família do município, que fazem esse primeiro atendimento”, completa Ana Lúcia.

Técnica laboratorial

A fibrose periportal é a principal consequência da infecção pelo Schistosoma mansoni, o parasita causador da esquistossomose, e se caracteriza por uma lesão no fígado que provoca a hipertensão do órgão. O índice Coutinho é uma fórmula que consegue prever a fibrose ao dosar a relação entre a fosfatase alcalina (ALP) e a quantidade de plaquetas sanguíneas, marcadores biológicos mensurados por testes simples de laboratório.

O estudo avaliou pessoas com história prévia da doença e/ou um exame parasitológico positivo. Foram realizados exames de ultrassom como padrão ouro para classificação da fibrose e foram medidos os marcadores biológicos do Índice Coutinho. 

O estudo The Coutinho index as a simple tool for screening patients with advanced forms of Schistosomiasis mansoni: a validation study (Índice Coutinho como uma ferramenta simples para triagem de pacientes com formas avançadas da esquistossomose mansoni: um estudo de validação)” foi publicado na revista científica Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene e pode ser lido aqui. O nome “Índice Coutinho” é uma homenagem ao médico, professor e pesquisador pernambucano Amaury Coutinho (1918-1995), que dedicou sua vida no estudo de duas doenças negligenciadas, principalmente no Nordeste do Brasil: a esquistossomose e a filariose

Além do hospital da Rede Ebserh/MEC no Recife, outras instituições participaram do estudo: o Centro de Ciências Médicas (CCM) da Universidade Federal de Pernambuco, o Instituto Aggeu Magalhães, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-PE) e o Laboratório Central de Saúde Pública da Secretaria Estadual de Saúde. Além de Ana Lúcia e de Ana Virgínia, assinam o estudo George Diniz, Ana Cavalcanti, Edmundo Lopes, Silvia Montenegro e Clarice Morais.

Sobre a doença

A esquistossomose não possui vacina, sendo o saneamento básico adequado e o não contato com água contaminada com as larvas infectantes, as cercárias do Schistosoma. O diagnóstico se dá por exames simples de laboratório, e o tratamento é feito com medicações antiparasitárias, quando descoberto de forma rápida. Com a demora no diagnóstico ou tratamento, o caso pode evoluir e gerar internação e até cirurgias.

Sobre a Rede Ebserh

A HC-UFPE faz parte da Rede Ebserh desde dezembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.

Vinculadas a universidades federais, essas unidades hospitalares têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh/MEC atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.

Com informações da HC-UFPE/Ebserh/MEC