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INTERNACIONAL
Paridade, políticas de cuidado e enfrentamento à violência digital são temas do segundo dia de encontro internacional na Suíça
Durante o segundo dia da Conferência “Avançando a Liderança Feminista e Garantindo a Paz”, realizada em Lucerna, na Suíça, a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, reforçou a importância da atuação conjunta entre países para o fortalecimento das políticas de gênero, da democracia e da paz. O encontro reúne representantes de 47 países com o objetivo de fortalecer redes internacionais e influenciar políticas globais de igualdade, democracia e segurança.
Márcia Lopes destacou que as mulheres têm reivindicado papel ativo nas mesas de negociação e nos processos de decisão internacionais. Segundo ela, as mulheres querem ser negociadoras e participar das decisões importantes do mundo, especialmente num tempo de democracias tão complexas. “Se as mulheres tivessem mais liderança, certamente nós não teríamos tantas guerras no mundo”, afirmou.
A ministra ressaltou que a defesa da paridade e o enfrentamento à violência política e digital de gênero são desafios centrais para fortalecer a democracia. “Temos que enfrentar isso com uma estratégia forte de responsabilização das plataformas e das empresas responsáveis pelas redes digitais, que devem servir para harmonizar e ampliar a participação, jamais para gerar violência”, destacou.
Avanços no enfrentamento à violência digital
Entre as experiências brasileiras apresentadas, Márcia Lopes citou o Estatuto Digital da Criança e do Adolescente (Lei nº 15.211/2025), sancionado em setembro, que impõe deveres às plataformas, como verificação de idade, ferramentas de controle parental e retirada obrigatória de conteúdos que promovam exploração ou adultização de menores. “Essa legislação é uma resposta concreta à violência digital, que afeta principalmente as meninas”, explicou.
A ministra anunciou ainda que o Brasil sediará, neste ano, a X Conferência dos Estados-Partes do Mecanismo de Seguimento da Convenção de Belém do Pará, com a participação de 33 países. O evento debaterá uma lei modelo interamericana para orientar os Estados na prevenção, proteção e punição da violência de gênero digital.
Cuidado como política pública
Ao tratar das políticas de cuidado, Márcia Lopes defendeu que o tema seja reconhecido como uma responsabilidade pública. “Cuidado não é tarefa só da mulher, é uma responsabilidade do Estado”, afirmou.
Ela também destacou a importância das conferências nacionais como espaços de construção democrática e fortalecimento da participação social. “Neste ano, realizamos conferências de direitos humanos, igualdade racial, mulheres, mulheres indígenas e LGBTQIA+. São processos que mobilizam municípios e estados e fortalecem a democracia participativa”, disse.
A ministra concluiu sua fala com um chamado à formação política das mulheres e ao enfrentamento do machismo nas instituições. “Não podemos continuar elegendo homens que agridem, ofendem e desrespeitam as mulheres. Precisamos de ações concretas e decisões firmes para avançar”, afirmou.
Agenda de debates
A programação de sábado (25) da conferência contou com os painéis Violência de Gênero Online e Agenda Mulheres, Paz e Segurança, além da Plenária do Congresso, que reuniu lideranças de diversos países em torno da defesa da igualdade de gênero como base da paz e da democracia.
Na sexta-feira (24), a ministra participou como palestrante na sessão de abertura, ao lado de Simonetta Sommaruga, ex-presidente da Suíça (2015–2020), e de Marianne Mikko, vice-presidente do Comitê da Convenção da ONU sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (CEDAW), além de reuniões bilaterais. Integra também a delegação brasileira a assessora especial do Ministério das Mulheres, Ísis Taboas.