Regularização ambiental é tema de oficinas promovidas pelo FIP Paisagens Rurais na Bahia

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), em parceria com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) e com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e da Embrapa Cerrados promoveu, nos dias 24 e 25 de janeiro, a Oficina de Nivelamento e Preparação para a Regularização Ambiental. O evento aconteceu presencialmente no auditório da Prefeitura Municipal de Brejolândia, uma das cidades atendidas pelo projeto FIP Paisagens Rurais na Bahia.

Seguindo os protocolos de saúde e segurança e as orientações dos gestores do projeto, todos os 43 participantes foram testados para a Covid-19 antes do início dos eventos. Durante as palestras, o distanciamento foi mantido, bem como o uso de máscara facial, cobrindo nariz e boca, e álcool em gel disponibilizados para higienização constante.

O evento teve como público-alvo os técnicos e técnicas de campo que atuam no projeto na região Oeste da Bahia. A oficina será realizada, seguindo a mesma metodologia, nos outros seis estados que recebem as atividades do FIP Paisagens Rurais. A agenda dessas oficinas no modo presencial aguarda a melhora das condições sanitárias no Brasil para ser consolidada.

Objetivos

Foto: Serviço Florestal Brasileiro.

O projeto Gestão Integrada da Paisagem no Bioma Cerrado, conhecido como FIP Paisagens Rurais, tem como objetivo geral incentivar a gestão integrada da paisagem rural, a partir da conectividade da paisagem, dos fluxos hidrológicos, processos ecológicos e adoção da agropecuária sustentável. As ações têm como base a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), oferecida e executada pelos técnicos e técnicas do Senar diretamente com os produtores rurais da cadeia da pecuária de corte e ou de leite, em imóveis rurais nas bacias selecionadas no Cerrado. Em 2022, o projeto entra em uma nova fase de atuação em campo, e os produtores e produtoras participantes do FIP Paisagens Rurais passarão também a receber orientação e apoio gratuito para cumprir o processo de regularização ambiental dos seus imóveis rurais.

Para essa missão, o SFB, por meio do projeto, contratou uma empresa,  que irá proceder com as retificações do Cadastro Ambiental Rural (CAR) de todos os imóveis rurais atendidos pelo projeto, bem como apoiar nas inscrições daqueles que ainda não a tiverem realizado. A oficina teve como objetivo promover um nivelamento entre os técnicos de campo do Senar e os novos técnicos contratados, colocando todos os envolvidos na mesma página. Esse nivelamento teve como objetivo reforçar os conceitos norteadores das ações do projeto, como a Gestão Integrada da Paisagem e os caminhos da regularização ambiental no estado da Bahia, além de construir, junto com os técnicos e técnicas de campo, um discurso único sobre as mensagens-chave do projeto, com uma linguagem acessível aos produtores rurais. 

Apresentando, mais uma vez, o projeto

A analista ambiental e coordenadora técnica do Projeto FIP Paisagens Rurais pelo SFB, Lilianna Mendes Latini Gomes, fez uma apresentação geral sobre os objetivos, metas e atuação do projeto. Ela destacou que a recuperação ambiental e a recuperação da área produtiva de pastagens nos imóveis rurais participantes são os dois principais eixos do Paisagens Rurais. “As ações daqui da oficina e do SFB nesse projeto buscam dar a segurança necessária para o proprietário e produtor rural no seu processo de regularização ambiental”, ressaltando a parceria do SFB com o órgão estadual na priorização da análise e validação dos cadastros dos imóveis rurais beneficiários do projeto.

O assessor especial da diretoria geral do Inema, Aldo Carvalho, apresentou as estratégias e ações realizadas pelo órgão para implementar a Política de Regularização Ambiental do Estado da Bahia. Carvalho declarou “orgulho de participar de um projeto como esse que coloca a gente na pauta federal e principalmente porque o CAR está vinculado a algo muito importante que é a produção rural na busca da sustentabilidade”.

Na Bahia, cerca de 960 mil imóveis rurais estão cadastrados no CAR, que no estado é realizado no CEFIR – Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais. Para Carvalho, o CAR é um grande banco de dados que traz a fotografia dos imóveis, disponibilizando para os órgãos governamentais a imagem daquele segmento, trazendo clareza para trabalhar. Ao explicar o fluxo da regularização ambiental e suas etapas, Carvalho destacou que no estado, o imóvel que tem passivo ambiental, adere obrigatória e automaticamente ao Programa de Regularização Ambiental (PRA), ressaltando que o TAC - Termo de Compromisso, atesta a regularidade daquele imóvel. “O INEMA se coloca sempre à disposição para esclarecimentos e apoio ao projeto, ao SFB e agora também aos técnicos contratados”, finalizou.

Resultados em campo

Foto: Serviço Florestal Brasileiro.

O assessor regional do Senar na Bahia, Sunny Aaron, apresentou os principais resultados alcançados pelo projeto nos imóveis da bacia de Brejolândia. “O projeto vem fazendo uma revolução nas propriedades, o que podemos ver tanto em índices econômicos e produtivos, mas principalmente em ganhos ambientais para os nossos produtores”, afirmou. Atualmente, o Senar atende 754 propriedades na Bahia, envolvendo uma equipe de 25 técnicos de campo, 2 supervisores, 16 assistentes de coordenação e 5 coordenadores.

Os supervisores Frederico Correia Dias e João Bruno Martins apresentaram casos de sucesso, ilustrando com fotos os resultados obtidos no aspecto produtivo e os impactos na área ambiental. A implementação das recomendações feitas pelos técnicos de campo aos proprietários é resultado de capacitações, oferecidas pelo SENAR e pelo projeto, em técnicas de agricultura de baixa emissão de carbono (ABC) e de Recuperação de Pastagens Degradadas (RPD).

O pesquisador da Embrapa Cerrados, José Felipe Ribeiro, apresentou uma palestra sobre a Gestão Integrada da Paisagem. E, de forma remota, ele respondeu às dúvidas da plateia sobre recuperação ambiental em imóveis rurais.

Comunicando essa história

A oficina teve uma palestra ministrada pelo professor, fotógrafo e designer Carlos Denisieski, do estúdio Macaco Ciano. Destrinchando o conceito de storytelling (narrativa), a palestra trouxe a importância de contar uma história, revelando o processo de criação de uma narrativa e ressaltando que não há como se comunicar sem contar uma história. “Mas essa comunicação só é efetiva, só convence, quando ela é verdadeira. Para isso, é preciso organizar uma linha de pensamento, partir dos problemas e fracassos e construir essa trajetória com o olhar humano para despertar empatia e captar a atenção”, explicou Denisieski.

Usando analogias de filmes clássicos da Disney, ele falou sobre storytelling em três passos: definir o objetivo da história (o que eu quero contar), criar o roteiro dessa história (puxar pelos problemas, pelos fracassos para trazer as soluções, o clássico “fazer do limão uma limonada”) e, finalmente, desenhar essa história (a melhor forma de falar sobre esse tema com os produtores). Ao final, uma dinâmica realizada com dois voluntários da plateia, o técnico do Senar Luciano Rocha e um técnico da empresa contratada, ilustrou essa possível conversa em campo.

Treinamento e capacitação

O segundo dia da oficina em Brejolândia teve como objetivo capacitar a equipe técnica da empresa contratada para operacionalizar o sistema estadual, observando o padrão de qualidade requerido pelo INEMA, para que os cadastros sigam os requisitos que contribua para uma análise mais célere. A capacitação começou com uma apresentação sobre a legislação federal e estadual, uma explicação sobre o fluxo completo da regularização ambiental no estado e o detalhamento da inscrição e retificação do imóvel rural no sistema. A parte da tarde foi dedicada para exemplos e exercícios práticos com cadastros de imóveis rurais atendidos pelo Projeto no estado da Bahia.

FIP Paisagens Rurais

O Projeto Gestão Integrada da Paisagem no Bioma Cerrado (FIP Paisagens Rurais) é financiado com recursos do Programa de Investimento Florestal, através do Banco Mundial. A coordenação é do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); com parceria da Agência de Cooperação Técnica Alemã (GIZ), do Senar, da Embrapa e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), por meio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).