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Governo Federal atua para garantir soberania alimentar e devolver autonomia aos povos indígenas do território Yanomami
O Governo Federal apresentou, entre os dias 8 e 11 de julho, uma série de projetos em implementação na Terra Indígena Yanomami (TIY) com o objetivo de fortalecer a soberania alimentar dos povos Yanomami, Ye’kwana e outros povos que vivem na região. As ações incluem incentivos à produção de alimentos, à avicultura, à aquicultura e à pesca, a implantação de roçados e a oferta de cursos de formação destinados aos indígenas sobre segurança alimentar e nutricional e gestão territorial.
As medidas foram apresentadas em oficina realizada em Boa Vista (RR), com o objetivo de prestar contas sobre as ações em execução e em planejamento para o território, com escuta e participação ativa das lideranças. Entre os temas que foram abordados estão a proteção social, a educação, a segurança alimentar e nutricional. No último dia de atividades, tiveram destaque temas como a restauração ecológica da TIY, além da Formação de Agentes Indígenas de Proteção Social da TIY.
Durante o encerramento da oficina, a presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, se emocionou ao relembrar todo o caminho percorrido desde o início da atual gestão na defesa da Terra Yanomami e dos povos que vivem ali. “Não tem como não se emocionar ao chegar aqui e ver tantos resultados positivos, ouvir diretamente dos povos indígenas da região que os resultados estão aparecendo. É importante também ouvir as críticas construtivas, sabemos que ainda há muito a melhorar. É um trabalho burocrático sim, a gente precisa ter planejamento, precisa de licitação, de muitas assinaturas, até conseguir chegar lá na área Yanomami. Mas estamos conseguindo fazer essa reconstrução, e isso também é graças a uma mudança de paradigma, mudança de postura do governo, da sociedade civil, uma mudança de prioridade, a nossa prioridade é a vida, é garantir a vida dos nossos povos indígenas”, afirmou Joenia
Os projetos foram desenvolvidos por diversos órgãos federais, entre eles a Funai, em conjunto com os indígenas, para recuperar a autonomia dos povos da região, afetados pelo garimpo ilegal. As propostas são executadas por meio de crédito extraordinário liberado à Funai e aos demais órgãos do Governo Federal para ações voltadas aos povos da TIY. Como orientadora e principal executora da política indigenista no Brasil, cabe à Funai acompanhar as propostas para que sejam implementadas com a participação dos indígenas, respeitando suas particularidades.
Para a presidenta da Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMYK), Carlinha Yanomami, as instituições estão entendendo o quanto a TIY é complexa e, graças a esse entendimento, os resultados positivos no trabalho realizado nos últimos anos pelo Governo Federal já estão aparecendo. “Hoje a Terra Indígena Yanomami está se recuperando, a floresta está começando a respirar. Nós tivemos paciência e agora os resultados estão aparecendo, estamos levando respostas concretas até as comunidades. Através dos projetos, das oficinas, proporcionamos conhecimento aos povos. É uma satisfação enorme ver o Governo Federal presente nas pontas, só tenho a agradecer”, afirmou.
Entre as reivindicações apresentadas por João Yanomami, liderança da comunidade Maturacá, em São Gabriel da Cachoeira (AM), estão as melhorias na educação. Segundo ele, houve um avanço da educação escolar indígena, mas parte da comunidade ainda enfrenta dificuldades. “Os alunos que vão para a escola, eles precisam contar com uma boa estrutura, vão sentar no chão para escrever? precisam das mesas, das cadeiras. Ainda não está adequado, pode ser melhorado, e é isso que vamos continuar buscando”, pontuou João durante a atividade.
Entre março e maio de 2025, a Funai entregou 743 kits de ferramenta aos povos da região com o objetivo de viabilizar a realização de roças e a atividade de pesca. Os kits são compostos por cavador, panela, enxada, kit pesca, dentre outros instrumentos necessários. A autarquia indigenista também entrega sementes, kits de produção de farinha e materiais de caça, com orientações para o uso dos itens. O objetivo é incentivar a produção de alimentos na própria terra indígena para assegurar soberania e segurança alimentar.
Simultaneamente à implementação dos projetos, o Governo Federal garante a segurança alimentar na TIY por meio da entrega de cestas de alimentos em caráter emergencial, até que seja recuperado o modo de vida das comunidades prejudicadas pela atividade criminosa. Mais de 147 mil cestas de alimentos foram fornecidas aos indígenas desde janeiro de 2023, quando foi decretada a emergência de saúde pública no território, até junho de 2025.
Além disso, mais de 5,8 mil ações humanitárias e de fiscalização foram realizadas pelo Governo Federal na TIY desde março de 2024 com foco na proteção física e territorial dos indígenas. As ações resultaram em uma redução de 96% da área ocupada pelo garimpo entre março de 2024 e junho de 2025 e impôs um prejuízo de R$ 396,4 milhões à atividade criminosa.
Alguns dos projetos
Entre os projetos em implementação está a proposta de aquicultura e pesca de pequena escala desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O objetivo é desenvolver, adaptar e transferir tecnologias relacionadas à atividade aquícola e da pesca para povos originários na TI Yanomami, com vistas à melhoria da qualidade de vida, segurança e soberania alimentar.
Já o projeto do Instituto Federal de Roraima (IFRR), também em execução, tem como foco a aquicultura e a pesca artesanal, com ações educativas. A proposta visa à implementação de projetos de extensão de apoio à piscicultura nas comunidades indígenas da TIY. O intuito é oferecer cursos de capacitação, assessoria técnica e implantar unidades demonstrativas de módulos de produção aquícola. Além disso, o projeto prevê a realização de oficinas de conscientização e pesca artesanal.
A Embrapa apresentou também o projeto de resgate e preservação de variedades tradicionais, que visa ao restabelecimento da segurança e soberania alimentar dos povos indígenas em vulnerabilidade na TIY. Por meio da proposta, ocorre a Instalação de Bancos de Sementes Tradicionais (BST) e implantação de culturas em sistemas agroflorestais.
Com foco na capacitação, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e o IFRR atuam na implementação de cursos de formação inicial e continuada. A ideia é realizar atividades de ensino e extensão e implementar módulos produtivos, com assessoria técnica, para apoio às atividades produtivas e manejo ambiental. O objetivo é ofertar cursos nas comunidades da TI e fazer intercâmbio com outros povos para a troca de conhecimentos a fim de promover o fortalecimento de atividades produtivas.
Confira as ações da Funai no território Yanomami
Assessoria de Comunicação/Funai