Geofísica do ON/MCTI implanta novas estações gravimétricas absolutas no país

O Grupo de Gravimetria e Metrologia da Gravidade Terrestre do Observatório Nacional, unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (ON/MCTI), retomou no último dia 15 de agosto as atividades de implantação de novas estações gravimétricas absolutas no país. Essas estações medem a aceleração da gravidade local e o seu gradiente vertical – variação do valor da aceleração da gravidade causada por fatores como a latitude, altitude e a heterogeneidade da densidade da crosta terrestre.

Rede Gravimétrica Fundamental Brasileira implantada pelo Observatório Nacional (ON/MCTI)

A equipe de campo, coordenada pelo pesquisador Dr. Mauro Andrade de Sousa e composta pelo Dr. Juarez Lourenço e pelo Msc Daniel da Silva Quaresma, partiu do Laboratório de Gravimetria (LabGrav) em Vassouras, no sudoeste do Estado do Rio de Janeiro, e iniciou a campanha de implantação de novas estações gravimétricas absolutas na região Metropolitana, Centro-Sul Fluminense e Médio Paraíba do estado do Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Mapa disponível para consulta no aplicativo da Rede Gravimétrica Fundamental Brasileira (RGFB)

Essas novas estações irão compor a Rede Gravimétrica Fundamental Brasileira ( RGFB ), implantada e mantida pelo ON desde 1978. A RGFB consiste em um acervo integrado de medições muito precisas e exatas da aceleração da gravidade local em diferentes locais no Brasil. Atualmente, são 525 estações gravimétricas distribuídas por todo o país, cujos dados são utilizados em levantamentos gravimétricos que atendem os setores público e privado, laboratórios metrológicos e instituições científicas, incluindo o Bureau Gravimétrique Internacional (BGI) – agência que visa melhorar o conhecimento global do campo gravitacional da Terra através da coleta, homogeneização e validação de todas as medidas de gravidade disponíveis (relativas e absolutas).

A equipe de gravimetria do ON utiliza o Gravímetro Absoluto Micro-g LaCoste A10 #011 para implantar as novas estações gravimétricas. Este equipamento mede a aceleração (o campo) da gravidade experimentada por um corpo de prova (prisma de cristal) em queda livre em ambiente de ultra alto vácuo. É utilizado para implantar estações em locais estáveis, perenes e de fácil acesso, como igrejas, monumentos, praças e prédios públicos. Essas estações, sempre que possível, são coincidentes com as referências de nível (RN) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), visto que as altitudes acima do nível do mar dessas estações são conhecidas por ter alta exatidão e precisão.

Gravímetro Micro-g LaCoste A-10 #011 executando medição absoluta da gravidade local na estação Resende “A”, Paróquia N. Sª de Fátima em Resende (RJ).

Gravímetro Micro-g LaCoste A-10 #011 executando medição absoluta da gravidade local na estação Três Rios “A”, defronte ao Fórum de Justiça da comarca de Três Rios (RJ).

A equipe de Gravimetria e Metrologia da Gravidade Terrestre do ON tem por alvos a pesquisa, o ensino e a busca por inovação tecnológica nas diversas subáreas da disciplina. Dentre outras facilidades, o grupo oferece acesso público e gratuito às informações da Base de Dados Gravimétricos do Observatório Nacional (BDG-ON). Esse acervo inclui todas as estações gravimétricas absolutas e relativas da RGFB, da Linha de Calibração Gravimétrica de Agulhas Negras e do acervo antigo de dados gravimétricos do ON de 1955 a 1976.

De acordo com o pesquisador responsável pelo Laboratório de Gravimetria do ON, Dr. Mauro Andrade, os objetivos desta campanha são a extensão e o refinamento da RGFB. Além disso, a campanha visa assegurar a participação do ON em 2022 no projeto International Terrestrial Gravity Reference System and Frame patrocinado pela Associação Internacional de Geofísica e Geodésia (IUGG e IAG, nas siglas em inglês).

“Havendo tempo hábil, a equipe revisitará algumas das estações gravimétricas absolutas e relativas pré-existentes, com o intuito de inspecionar o estado de conservação dessas estações e seus entornos. Novas fotos serão obtidas e facilitarão a identificação no campo dessas estações gravimétricas por nossos usuários”, destacou Mauro.

O pesquisador disse ainda que, após a inserção das informações das novas estações gravimétricas absolutas no BDG-ON, os usuários, como de hábito, poderão acessá-las via internet, em seus tablets , computadores e celulares ( neste endereço ).

“A base de dados BDG-ON disponibiliza os memoriais descritivos com todas as informações necessárias para identificação do local de medida, as coordenadas geodésicas, sua descrição, a aceleração da gravidade local e seu gradiente vertical, as anomalias de Ar Livre e Bouguer e fotos”, explicou o pesquisador.

Segundo o Dr. Juarez Lourenço, pesquisadores e estudantes da comunidade científica na área de geociências utilizam os dados das estações gravimétrica com a finalidade de estudos acadêmicos. Além disso, os dados gerados pelo ON são usados por agências de regulação, Institutos Federais de Tecnologia, empresas estatais e privadas da indústria de mineração e de Petróleo & Gás, bem como laboratórios metrológicos em todo o país.