Museu em movimento: Indígenas elaboram documento orientador para cooperação entre Funai e Unesco na promoção de seus direitos

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) concluíram, nesta quinta-feira (11), a oficina que reuniu 15 representantes de diferentes povos indígenas do Brasil, além de servidores da Funai. O encontro teve como objetivo construir um documento orientador da futura cooperação entre as duas instituições, com foco no fortalecimento das culturas e dos conhecimentos indígenas no Museu Nacional dos Povos Indígenas (MNPI), órgão científico-cultural da Funai.

O Museu é cultura e também tem relação com a demarcação das terras indígenas e com a proteção dos territórios. As propostas aqui apresentadas reforçam essa relação

Joenia Wapichana, presidenta da Funai

A oficina reuniu 15 representantes de diferentes povos indígenas do Brasil, como Juliana Tupinambá, do Sul da Bahia | Foto: Mayra Wapichana/Funai

Durante três dias de atividades, os participantes, que são especialistas indígenas na defesa e promoção das culturas, debateram propostas, compartilharam experiências e elaboraram coletivamente um instrumento que servirá de base para a redação do projeto de cooperação.

“O Museu é cultura e também tem relação com a demarcação das terras indígenas e com a proteção dos territórios. As propostas aqui apresentadas reforçam essa relação por meio da promoção e do fortalecimento da cultura dos nossos povos”, destacou a presidenta da Funai, Joênia Wapichana.

Para Juliana Tupinambá, indígena do Sul da Bahia, a iniciativa marca um avanço no protagonismo indígena: “Nós, enquanto povos indígenas, somos protagonistas deste projeto. Ainda há um longo percurso para construirmos, mas demos um passo fundamental sobre o que queremos para salvaguardar nossas práticas e culturas”.

Representando a Unesco, a oficial de projetos do setor de Cultura, Maria Virgínia, ressaltou o papel do documento como referência para os próximos passos. “Vamos dar corpo a partir desse documento-base já construído. Ainda temos muito o que percorrer para alinhar os protocolos envolvendo Unesco e Funai, mas avançamos bastante no projeto aqui”, afirmou.

Vamos dar corpo a partir desse documento-base já construído. Ainda temos muito o que percorrer para alinhar os protocolos envolvendo Unesco e Funai, mas avançamos bastante no projeto aqui

Maria Virgínia, representante da Unesco

Oficina

A programação teve início na terça-feira (9) com reflexões sobre o papel do museu para os povos indígenas. Pela manhã, foram apontados os principais desafios da cooperação e levantados caminhos para a valorização da cultura e dos saberes indígenas.

À tarde, lideranças apresentaram proposições em forma de sonhos, com o objetivo de criar a proposta guarda-chuva que oriente a futura redação do projeto. Também houve espaço para esclarecimentos da Unesco sobre os critérios necessários à execução de iniciativas de cooperação internacional.

Na quarta-feira (10), os participantes se dividiram em três grupos para discutir quatro eixos estratégicos definidos pelo colegiado indígena a partir dos sonhos apresentados: patrimônio cultural, suporte técnico aos museus, proteção e acesso a direitos culturais e comunicação comunitária. As propostas foram consolidadas em um documento coletivo, aprovado em plenária.

A oficina foi encerrada nesta quinta-feira com a leitura e validação do documento orientador, que servirá como referência para a continuidade da parceria entre Funai e Unesco.

Coordenação de Comunicação Social/Funai