Indígenas destacam importância da presença do Governo Federal em assembleia do povo Yanomami no Amazonas

A presença de órgãos do Governo Federal na XXIV Assembleia da Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (AYRCA) foi destacada pelos indígenas Yanomami. O evento foi realizado entre os dias 25 e 28 de julho, na comunidade de Maturacá, no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), na Terra Indígena Yanomami. Durante a assembleia, as lideranças indígenas apresentaram diversas demandas relacionadas a melhorias na saúde, educação, segurança alimentar, infraestrutura, gestão territorial, etnoturismo, políticas públicas voltadas para mulheres e jovens, valorização dos conselhos locais e fortalecimento da autonomia de gestão indígena.

O evento contou com a presença de representantes da Força-Tarefa de Desenvolvimento Sustentável Yanomami e Ye’kwana (FTYY) da Funai e outros órgãos federais, como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Universidade Federal de Roraima (UFRR), o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Yanomami), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e o Exército Brasileiro. À Força-Tarefa, coube acompanhar as demandas dos indígenas de mais de 11 comunidades da região e dialogar diretamente com lideranças sobre os avanços e desafios da atuação conjunta no território.

O articulador político da AYRCA, Júnior Yanomami, ressaltou a importância da presença das instituições públicas durante a assembleia e defendeu o fortalecimento do diálogo entre governo e associações indígenas. “A presença das instituições aqui na assembleia é importante porque elas precisam ver os problemas enfrentados pelo povo Yanomami. Ao final, vamos encaminhar os resultados para as instituições presentes da esfera municipal, estadual e federal, pois precisamos fortalecer essa conexão para que possamos construir consensos em favor do bem viver do povo Yanomami”, pontuou.

Para o presidente da AYRCA, João Figueiredo, é fundamental que as instituições reconheçam e valorizem as propostas construídas pelas lideranças Yanomami, especialmente na área da educação. “Se não formos nós, lideranças Yanomami, decidir e encaminhar a proposta de um modelo etnoeducacional que queremos ver reconhecido pelo Ministério da Educação, ele continuará sendo ignorado.”

A liderança da Associação de Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMYK), Carlinha Yanomami, destacou a importância de políticas públicas que valorizem a educação escolar indígena, e ampliem as perspectivas de futuro para a juventude Yanomami. “Temos muitos alunos que terminam o ensino médio e não têm expectativa nenhuma, então quero deixar esses meus encaminhamentos para, futuramente, prepararmos nossos advogados e médicos Yanomami.”

Diálogo

Além das atividades oficiais da assembleia, a equipe da Força-Tarefa realizou visitas à escola e no entorno da comunidade ouvindo moradores, professores e diretores sobre seus desafios e potenciais. Também foram realizadas reuniões bilaterais com lideranças, tuxauas, instituições federais e entidades locais, promovendo o alinhamento das estratégias de atuação no território.

O coordenador-geral de Promoção ao Etnodesenvolvimento da Funai, Jefferson Fernandes, destacou o papel da Força-Tarefa como um instrumento de governança interministerial, em execução desde 2023. “Estamos aqui para dialogar com as lideranças, informar a situação das ações. Temos uma equipe constituída como Força-Tarefa de Desenvolvimento Sustentável para acompanhar as ações na Terra Indígena Yanomami. Queremos acolher os Yanomami e envolvê-los neste processo, principalmente nas ações de segurança alimentar”, afirmou.

Durante o evento, a equipe da Força-Tarefa apresentou as principais ações em andamento. O coordenador da FTYY, Ivo Makuxi, destacou o trabalho desenvolvido por uma equipe de mais de 50 profissionais, os quais estão distribuídos entre Brasília (DF), Boa Vista (RR) e São Gabriel da Cachoeira (AM). A equipe monitora projetos em quatro eixos prioritários: proteção territorial, segurança alimentar, saúde e educação. “Nosso objetivo é verificar se os projetos estão chegando às comunidades e contemplando as demandas das associações e lideranças”, explicou.

Ivo também destacou a parceria com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que resultou em um produto construído com mulheres Yanomami para orientar políticas públicas de atenção a gestantes e mães indígenas.