Funai promove intercâmbio entre os povos Kiriri e Pankararé e fortalece apicultura sustentável e geração de renda na Bahia

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) promoveu, nos dias 27 e 28 de outubro, um intercâmbio técnico-cultural focado em apicultura sustentável para os povos indígenas Kiriri e Pankararé, localizados, respectivamente, nos municípios de Banzaê e Glória,na Bahia. A iniciativa visa fortalecer a autonomia econômica e as práticas de conservação ambiental nas terras indígenas, consolidando o mel como uma alternativa estratégica de geração de renda. O intercâmbio foi realizado na Terra Indígena (TI) Kiriri, na aldeia Marcação, município de Banzaê (BA).

A ação foi articulada pela Coordenação Regional Baixo São Francisco (CR-BSF) e apoiada pela Coordenação-Geral de Atividades Produtivas (CGAP), da Diretoria de Gestão Ambiental e Territorial (Digat), atendendo a uma solicitação dos indígenas Pankararé, da TI Brejo do Burgo. Eles identificaram na apicultura a chave para a segurança alimentar, o manejo sustentável e a autonomia econômica de suas comunidades. 

O projeto “Abelhas e Saberes: Intercâmbio Kiriri-Pankararé para apicultura sustentável na TI Pankararé”, possibilitou que três indígenas Pankararé, da TI Brejo do Burgo viajassem para aprender com o apicultor Kiriri Luciano Jesus Batista, técnico em agropecuária e agente de negócio da Associação Comunitária Indígena Kiriri Santo André da Marcação, do município de Banzaê. O apicultor foi o responsável por ministrar a oficina teórica e a demonstração prática do manejo de abelhas no apiário comunitário, além de guiar a visita à unidade de processamento de mel da aldeia Cajazeira.

A Funai foi a articuladora institucional elaborando o plano de trabalho, no acompanhamento técnico e no registro documental, além de fornecer o apoio logístico para o transporte e acompanhamento dos participantes.

Apicultura sustentável

A coordenadora regional da Funai no Baixo São Francisco, Fabiana de Jesus Santiago, organizadora do intercâmbio, destacou a importância da ação para o desenvolvimento econômico sustentável.

"A apicultura é uma atividade de suma importância para a conservação e preservação do meio ambiente, principalmente com as mudanças climáticas que estamos vivenciando nos últimos tempos. Essa atividade não causa nenhum impacto ambiental, ela incentiva a preservação das áreas e aos próprios produtores a fazer o reflorestamento (pasto apícola) das áreas de instalação dos apiários”, afirmou.

Laura Clarice Moreira da Silva, especialista em indigenismo e chefe do Serviço de Gestão Ambiental e Territorial (Segat) da CR-BSF, acompanhou a atividade e ressaltou a importância da iniciativa. “Esse intercâmbio representa um avanço na valorização dos saberes indígenas e na construção de alternativas sustentáveis de geração de renda, respeitando os modos de vida e fortalecendo a autonomia dos povos.”

Para Damásio José da Conceição, indígena do povo Pankararé, o intercâmbio técnico foi muito produtivo e explicativo, com instruções teóricas e práticas com o técnico Luciano Batista. “Fomos atendidos com bastante eficiência, ficamos informados sobre o manejo da apicultura e satisfeitos com o resultado”. 

Genildo Lucas da Silva, apicultor indígena Pankararé, complementou, destacando o futuro da parceria. “Aprender com os parentes Kiriri nos ajuda a melhorar nosso trabalho com as abelhas e a cuidar melhor da nossa terra. Queremos continuar trocando experiências e crescer juntos.”

O intercâmbio terá continuidade com a próxima etapa na Terra Indígena Brejo do Burgo, no município de Glória (BA).

Os indígenas Pankararé que participaram da capacitação em Kiriri atuarão como difusores do conhecimento, realizando oficinas para compartilhar as experiências adquiridas com os demais interessados em seu território, possibilitando o início da apicultura racional na TI Brejo do Burgo.

Coordenação de Comunicação Social/Funai