Funai participa da 3° edição do Festival Indígena União dos Povos, em São Paulo

A troca de saberes entre diferentes etnias, a valorização da tradição e a união entre os povos originários são alguns dos objetivos da 3° edição do Festival Indígena União dos Povos (FIUP), que começou na quinta-feira (1°) e segue até domingo (4), em São Paulo. Realizado pelo Instituto Rûnûã Nítí, o evento reúne autoridades, pensadores, cientistas, antropólogos, artistas, ativistas não indígenas e participantes em geral. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) esteve representada pela presidenta Joenia Wapichana e pela diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, Lucia Alberta.

Além da abertura do evento, Joenia Wapichana participou de duas rodas de conversa. Uma delas abriu a programação e teve como temática “Corpo e Território - O Protagonismo das Mulheres Indígenas”. Ao lado da presidenta e como mediação da jornalista Caroline Apple, participaram a deputada federal Célia Xakriabá (MG) e atual presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher na Câmara dos Deputados; Txai Suruí, jovem liderança indígena reconhecida internacionalmente; e Rana Kariri-Xocó, que atua com a jurema sagrada.

Nessa roda de conversa, Joenia falou de sua trajetória como mulher no movimento indígena até chegar à posição de presidenta da Funai e de como a sua atuação tem contribuído para conscientizar os povos indígenas sobre os seus direitos. “Falando de protagonismo feminino, a Funai é um desafio constante porque encontramos a instituição sucateada. Quando assumimos a gestão em 2023, tivemos que reverter alguns atos normativos que violavam os direitos indígenas. Desde então, adotamos uma série de medidas para o seu fortalecimento institucional”, citou a presidenta elencando medidas como a adesão ao Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) com a reserva de 30% das vagas da Funai para candidaturas indígenas; e a retomada dos processos de demarcação paralisados há seis anos. 

Joenia também participou da roda de conversa “Emergência Climática - Guardiões em Defesa do Futuro”, ao lado de nomes como, Thasca Yawanawá, a deputada Célia Xakriabá, Neidinha Suruí, reconhecida por seu pioneirismo em expedições na Funai para localizar ocupação de indígenas isolados, abrindo caminho para outras mulheres neste trabalho, Beto Marubo, da União dos Povos Indígenas Vale do Javari (Univaja) e Patxon Kayapó, representando o Cacique Raoni. A mediação foi conduzida pela jornalista Paulina Chamorro. A presidenta da Funai destacou que é preciso de políticas públicas específicas para combater o avanço do desmatamento e da emergência climática.

“Os povos indígenas que antes protegiam suas terras com seus conhecimentos tradicionais, boas práticas e manejo sustentável, agora estão ameaçados pelo avanço das atividades ilegais, com invasores, garimpeiros, grileiros, que insistem em explorar criminalmente os recursos naturais que são protegidos pelos indígenas. Por isso, a demarcação e a proteção dos territórios indígenas são estratégias para o enfrentamento à crise climática, e essa é a mensagem que a Funai e os povos indígenas vão levar para a COP 30”, ressaltou Joenia.

A diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável, Lucia Alberta, participou da roda de conversa “ Avanços científicos e acessibilidade das plantas nativas”, ao lado de Francisquinha Shawãdawa, Cunhã Dju Tupi Guarani, Léo Artese, Randy Gonzales, Luís Fernando Tofoli, com a mediação de Glauber Assis. 

Lucia Alberta defendeu a proteção dos conhecimentos tradicionais dos povos indígenas e reforçou a participação da Funai nesta luta. “A Funai trabalha intensamente para fortalecer o conhecimento dos povos sobre seus biomas, para proteger os conhecimentos tradicionais através da relação intergeracional entre os mais velhos e os mais jovens. Com a Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena, orientamos os povos a fazerem a gestão de seus territórios, e isso tem sido de extrema importância para que os indígenas possam construir seus projetos de bem viver”, afirmou a diretora.

Festival Indígena União dos Povos

O FIUP reúne mais de 17 etnias nos quatro dias de evento. Entre as atividades realizadas durante o festival, estão pinturas corporais, mostra de filmes e documentários, apresentações culturais, shows de artistas indígenas, exposição e venda de arte indígena, entre outras ações que promovem visibilidade às causas sociais e culturais.

Assessoria de Comunicação/Funai