Funai forma brigadas de prevenção e combate a incêndios florestais na Terra Indígena Rio Urubu, no Amazonas, em parceria com o Ibama

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) formou, entre os dias 19 e 29 de maio, duas brigadas comunitárias na Terra Indígena (TI) Rio Urubu, localizada no município de Itacoatiara, no Amazonas. Foram formados 43 brigadistas indígenas, homens e mulheres, dos povos Mura e Sateré, que atuarão de forma voluntária na prevenção e combate a incêndios florestais na TI. A formação da brigada fortalece a autonomia das comunidades indígenas, a proteção e a gestão de seu território, promovendo a valorização dos conhecimentos tradicionais aliados a técnicas institucionais de prevenção e combate a incêndios. As atividades foram realizadas em parceria com o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), vinculado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

O curso ministrado pelos servidores da Funai faz parte da grade de cursos do Ibama/Prevfogo, que é responsável pelo certificado de formação entregue aos indígenas. Essa é a primeira formação de brigadas comunitárias a ser ministrada exclusivamente por servidores da Funai. Os instrutores fazem parte dos grupos de prevenção a incêndios florestais (GPI/Funai) e foram treinados pelo Prevfogo/Ibama e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

As atividades de formação de brigadas comunitárias em TIs, que atuam de forma voluntária, estão dentro do escopo do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre Funai e Prevfogo/Ibama para a implementação de ações de Manejo Integrado do Fogo (MIF) em terras indígenas. Também por meio do ACT, é implementado o programa Brigadas Federais em Terras Indígenas (BRIFs-I). A parceria entre a Funai e o Prevfogo/Ibama viabiliza a formação e contratação de brigadistas, em sua maioria indígenas, para atuarem nas ações de prevenção e combate a incêndios florestais nos territórios onde vivem.

A demanda do curso partiu da própria comunidade e integra os programas que compõe o Componente Indígena do Plano Básico Ambiental (CI-PBA), com vistas a mitigar e/ou compensar os impactos observados na Terra Indígena, relativos à construção do Terminal Portuário Novo Remanso (TPNR).  O programa de Apoio à Gestão da Integridade Territorial do CI-PBA vem sendo desenvolvido no local desde 2022 e conta com o acompanhamento e a execução da JGP Consultoria Ambiental, responsável também pelo apoio técnico e logístico do curso. 

Troca de experiências 

A chefe do Serviço de Capacitação em Proteção Territorial da Funai, Lígia Rodrigues de Almeida, foi uma das instrutoras do curso. Para ela, a formação representou uma importante troca de experiência entre os instrutores, que apresentaram técnicas de prevenção e combate a incêndios, e os indígenas, detentores de conhecimentos tradicionais sobre o uso do fogo. “Foi um intercâmbio de experiências enriquecedor e necessário para ampliar o conhecimento e possibilitar ações conjuntas de prevenção e combate a incêndios florestais, intensificados nos últimos anos pelas mudanças climáticas”, destaca.

Com 20 anos de experiência em atividades relacionadas ao Manejo Integrado do Fogo, o servidor da Funai Bolivar Xerente também ministrou o curso. “É importante valorizar os conhecimentos tradicionais sobre o fogo combinados com saberes técnicos”, destacou Bolivar Xerente, que é indígena do povo Akwë e atual coordenador da Coordenação Regional Araguaia Tocantins (CR-ATO).

Para o também instrutor da Funai Guilherme Cosenza Almeida Franco, lotado no Serviço de Gestão Ambiental e Territorial da Coordenação Regional Litoral Sul (Segat/CR-LIS), o curso é uma forma de fortalecer o enfrentamento às mudanças climáticas. “A proteção das terras indígenas e a valorização dos saberes e práticas tradicionais dos diferentes povos são fundamentais para as estratégias de enfrentamento dos desafios impostos pelas mudanças climáticas, entre as quais destacam-se as ações de prevenção e combate aos incêndios florestais nesses territórios”, afirmou.

O curso contou ainda com o acompanhamento da Coordenação Regional da Funai em Manaus (CR-MAO) por meio do servidor Márcio Sales e com o apoio da Coordenação-Geral de Monitoramento Territorial (CGMT).