Força-Tarefa da Funai realiza formação para equipes dos novos centros de atendimento à população Yanomami e Ye’kwana

Na terça-feira (22), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) realizou, em Boa Vista (RR), uma oficina de formação voltada à qualificação da rede socioassistencial que atua com povos indígenas em contextos urbanos. A formação é parte da estratégia de fortalecimento da rede pública para garantir o acesso dos indígenas aos direitos sociais. A atividade foi realizada pela equipe de Proteção Social da Força-Tarefa de Desenvolvimento Sustentável Yanomami Ye'kwana (FTYY) da Funai e marca o início do processo de capacitação das equipes que irão atuar diretamente nos dois novos equipamentos de atendimento: o Centro de Referência em Direitos Humanos Yanomami Ye’kwana (CREDHYY) e o Centro de Atendimento Integrado da Criança Yanomami Ye’kwana (CAICYY).

Durante a formação, os participantes conheceram os  fluxos de atendimento e referenciamento para garantir o acesso da população indígena a benefícios sociais, saúde e outras políticas públicas, além das principais áreas de atuação da seguridade social: saúde, previdência e assistência, com foco na aplicação diferenciada para os povos indígenas. A gerente do Núcleo de Serviço Social Yamomami e Ye’kwana da  FTYY, Dayana Figueiredo Bednarczuk, explica que a atividade é parte do plano de trabalho e tem como foco a qualificação da rede socioassistencial. 

“Os centros de referências  que atuarão na defesa dos direitos humanos se apresentam como equipamentos de atendimento voltados para a proteção social destes povos. Nossa equipe técnica está qualificando a equipe técnica dos centros para o atendimento aos indígenas da Terra Indígena Yanomami que buscam serviços de documentação civil, previdência, assistência social, saúde e ações de enfrentamento à violência contra mulheres, meninas e crianças, tanto dentro quanto fora do território”, pontuou Dayana. Ela destacou também que durante as atividades foram trabalhados casos para pensar em ações de gestão de situações complexas, como aqueles em que a população indígena se encontra em situação de rua.

O trabalho tem atuação voltada para indígenas em situação de vulnerabilidade na área urbana, mas também considera as demandas dos territórios. A integração entre os órgãos é um dos principais desafios e metas da ação. Para a coordenadora-geral do Centro de Atendimento Integrado da Criança Yanomami Ye’kwana, Jackeline Costa, o papel da Funai nesse processo é fundamental. 

“O CAICYY é um projeto piloto e a expertise da Funai vem agregar à nossa atuação, trazendo casos e demandas que complementam a atividade dos centros. A construção dos fluxos exige que compreendamos o papel de cada equipamento. Identificamos como gargalo a falta de comunicação entre os serviços. O fluxo até existe, mas não é efetivo. E se não é efetivo, não há garantia concreta dos direitos dos povos indígenas”, avaliou, lembrando que o centro está em processo de finalização. 

A coordenadora-geral do Centro de Referência em Direitos Humanos Yanomami Ye’kwana, Icleia Moura, ressaltou a importância do encontro como um espaço de construção coletiva. “Essa oficina foi muito significativa. Articulada com a Força-Tarefa da Funai, teve o intuito de promover um momento de alinhamento entre o CREDHYY, o CAICYY e os parceiros que atuam na proteção dos direitos dos povos indígenas Yanomami e Ye’kwana. Foi um espaço de escuta e troca, essencial para compreendermos melhor o papel da Funai dentro da governança e do plano de ação da Terra Indígena Yanomami. A construção coletiva e o diálogo permanente são indispensáveis para garantir respostas humanas e eficazes às necessidades dos povos”, ressaltou.