Com apoio da Funai, povos indígenas do Xingu realizam ritual Kuarup em Mato Grosso

A manifestação da cultura nacional - cerimônia do Kuarup-  reconhecida pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por meio da Lei 15.113/25, e promovida no Parque Nacional do Xingu, no estado de Mato Grosso, teve a edição 2025, realizada na aldeia Kamayurá, localizada no Alto Xingu, município de Gaúcha do Norte (MT), entre os dias 26 e 27 de julho. Como apoiadora do evento, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) participou do evento. 

Este ano, na aldeia Kamayurá, o Kuarup prestou homenagem à memória do cacique Kotok Kamayurá, falecido em 2024, bem como de outros moradores da aldeia. A cerimônia reforçou a importância da preservação cultural e marcou o primeiro Kuarup realizado após o reconhecimento do ritual como manifestação cultural nacional pela Lei 15.113/25.

O ritual do Kuarup é uma cerimônia fúnebre sagrada realizada pelos povos do Alto Xingu para homenagear os mortos e fortalecer os laços comunitários. Realizado anualmente, o ritual ocorre no ano seguinte ao falecimento de um membro do povo indígena e envolve a montagem de troncos de árvores que representam os falecidos. O Kuarup, nome dado ao tronco, une danças, cantos, lutas corporais (Huka Huka) e oferendas. Trata-se de uma importante etapa da superação do luto, que reúne diversos povos do Alto Xingu.

O cacique e anfitrião do Kuarup Kamayura 2025, Mayaru Kamayurá, afirma que a celebração não se limita apenas ao âmbito espiritual e simbólico, mas também traz benefícios sociais às comunidades envolvidas.

“O evento fortalece o processo de valorização e reconhecimento do Kuarup como patrimônio cultural brasileiro, já reconhecido oficialmente em lei como manifestação cultural nacional. Nesse sentido, temos parceiros, como a  Funai, que atua como agente de salvaguarda, apoiando a continuidade da memória ancestral e a transmissão dos saberes às novas gerações, o que reforça o papel do ritual na manutenção da identidade cultural dos povos do Alto Xingu”, destacou o cacique.

Todos os anos, a Funai garante apoio à realização do Kuarup em diferentes aldeias do Alto Xingu com apoio técnico, logístico e financeiro, por meio da Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania (CGPC) da Diretoria de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável (DPDS) e da Coordenação Regional (CR) do Xingu.

Além de acompanhar as atividades, a autarquia dialogou com as novas lideranças da aldeia Kamayurá e reforçou o compromisso com o aprimoramento do atendimento aos povos do Xingu, como lembra o técnico da CGPC e um dos coordenadores da ação, Otávio Moura. “Para os indígenas, a presença dos servidores significa o reconhecimento e valorização de suas culturas. Para os servidores, é uma oportunidade de sensibilização e de melhor compreensão da realidade dos povos. E a presença contínua da Funai fortalece a relação com as comunidades”, afirmou.

Kuarup

No dia 18 de março, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, reconheceu como manifestação da cultura nacional a cerimônia do Kuarup, realizada no Parque Nacional do Xingu, no estado de Mato Grosso. 

Nesta edição, o Kuarup foi dedicado ao cacique Kotok Kamayurá, liderança que assumiu a chefia da aldeia em 2001. Filho do pajé Takumã Kamayurá, Kotok foi reconhecido por sua atuação em defesa do território, dando continuidade ao legado de seu pai, reconhecido pelo seu relevante papel na criação do Parque Indígena do Xingu e pela aliança com os irmãos Villas Bôas.

Ao final do evento, são entregues peixes às etnias convidadas pelas famílias que estão de luto, de acordo com a tradição e como forma de agradecimento. O Kuarup é de suma importância para os indígenas do Xingu, pois ele promove e reforça as relações internas da comunidade; estabelece e fortalece as crenças com aqueles que se foram; e constrói uma imagem e reconhecimento externo, dando maior visibilidade à cultura indígena.

Além do ritual na aldeia Kamayura, o evento já aconteceu na aldeia Yawalapiti, nos dias 5 e 6 de agosto; e na aldeia Kuikuro, em 14 e 15 de agosto. Os próximos rituais estão previstos para acontecerem na aldeia Nafukua, nos dias 23 e 24, de agosto e na aldeia Tanguro, em 30 e 31 de agosto. 

Assessoria de Comunicação/Funai